Roteiro de bike une paisagens, tradição mineira e histórias da Estrada Real na companhia do Rio das Velhas
Do caos do asfalto à poesia sonora das belas cachoeiras. Se descobrir a história dessas Minas Gerais é encontrar com a gente mesmo, imagine fazer isso contemplando paisagens naturais, percorrendo novos caminhos, passando por lugares bucólicos que parecem estar congelados pelo tempo e redescobrindo endereços já tão conhecidos.
Sob duas rodas, com olhar atento, muita disposição e fôlego de conhecimento, um roteiro bem mineiro foi desenhado na companhia do Rio das Velhas. É ele quem vai conduzir toda a jornada pelo caminho das pedras preciosas. Um convite para olhar e preservar a vegetação, os animais e toda a biodiversidade da bacia hidrográfica.
Assim nasceu o Pedalando na Estrada Real. Uma cicloviagem pela Estrada Real, no Alto Rio das Velhas, que surgiu da mente inquieta do guia de turismo Helder Primo, após pedalar pelo Caminho de Santiago, na Espanha, e por Santa Catarina, no Vale Europeu. Primo sentiu na pele – e com muito suor – a melhor e mais sustentável maneira de fazer turismo: unir conhecimento e cultura em cima de uma bicicleta. Uma forma de preservar e valorizar o meio ambiente.
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Pedalar já é uma ação de preservação da natureza. Fazer um passeio de bike para conhecer o que restou da mata ciliar do Rio das Velhas e mostrar para o turista como é importante preservar a ‘nossa casa’”, conta o turismólogo Helder Primo.
A viagem começa cedo…
Partindo de Belo Horizonte, o primeiro encontro é no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, o pulmão verde bem no centro da cidade. Dali, os aventureiros da cicloviagem partem com destino a Sabará, margeando o Ribeirão Arrudas, afluente do Rio das Velhas.
Pelo antigo leito da Ferrovia de Sabarabuçu, que fica à direita do Velhas, a trilha segue até chegar ao primeiro destino do roteiro, o charmoso centro histórico da cidade. Entre casarões, igrejas e capelas setecentistas, o turista é convidado a caminhar pela cidade e se refrescar nos chafarizes. São vários espalhados pela cidade. E reza a lenda que ao beber água de um deles, o Chafariz do Kaquende, o visitante vai sempre voltar.
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Todo o passeio é acompanhado por um bikerguia, que é um guia de turismo credenciado pelo Ministério do Turismo. Esse profissional é qualificado para contar toda a história de Minas Gerais, desde o século XVIII”,
explica Primo.
Água fresca na garrafa, arquitetura do ciclo do ouro contemplada, hora de subir na “magrela” que a próxima parada fica só em Rio Acima, a 40 km dali. O percurso continua sendo pela Sabarabuçu, passando por Raposos e Honório Bicalho.
Chegando em Rio Acima, o fim do primeiro dia pede pés para o alto e descanso. Na cabeça, os pensamentos vão dando lugar às memórias e experiências vivenciadas durante toda pedalada.
É só o começo!
O outro dia começa com um café da manhã reforçado e alongamento. A missão agora é São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto. Pelo trajeto, que passa pela Floresta Estadual Uaimií, asfalto, trilhas, estradas de terra e quedas de cachoeiras mostram que a trilha do dia é bem diversa e exige disposição do turista. Em compensação, lugarzinhos inimagináveis vão se desvelando diante dos olhos do trilheiro.
São Bartolomeu é uma preciosidade do século XVIII, que mantém uma das igrejas mais antigas e imponentes do estado. Os famosos doces caseiros que o distrito produz é um convite à parte para saborear o lugar que é repleto de belas cachoeiras. Para quem aprecia tomar um bom banho de rio, a dica é aproveitar para relaxar nas águas límpidas do Velhas. A última parte da viagem só continua no próximo dia.
Para terminar a cicloviagem na companhia do Rio das Velhas, a ilustre Ouro Preto encerra o roteiro. Alongamento para ir bem no pedal e uma alimentação bem feita vai dar a energia necessária para o caminho que traz uma subida generosa. Mas que também presenteia o turista, na sequência, a descer ladeira abaixo, pela Rodovia dos Inconfidentes, até o centro histórico da cidade.
Chegando na antiga capital de Minas Gerais, é hora de se aprofundar nos mais de 300 anos de um passado de histórias do Brasil. Um passeio a pé pelas ladeiras íngremes, casarões coloniais, arquitetura barroca e religiosidade, a beleza e importância da cidade mostra porque é considerada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Encerrar a cicloviagem por Ouro Preto se torna ainda mais especial a medida em que a memória de todos os caminhos percorridos até ali vem à tona. A medida em que se lembra o quão rica é toda biodiversidade que se apresentou ao longo das desafiantes e emocionantes trilhas percorridas de bicicleta. A medida em que as ruínas e prédios antigos são parte da história do nosso povo, assim como as matas, algumas não tão preservadas, que pedem para que a gente olhe com mais carinho para o meio ambiente.
É um turismo consciente, margeado e inspirado pelo Rio das Velhas, que conta para nós mesmos, por meio de uma diversidade de paisagens e cenários, a nossa história. E que a história de um rio é parte de tudo isso.
Programa Minas Recebe
A cicloviagem pelo Rio das Velhas integra o Programa Minas Recebe, iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult). O programa oferece às empresas habilitadas diversas ações de apoio à comercialização de destinos nos mercados nacionais e internacionais. Entre os benefícios oferecidos, está a qualificação e capacitação dos agentes operadores, participação de reuniões técnicas para fortalecimento do setor, viagens de reconhecimento de produtos e destinos e a participação em feiras e eventos profissionais.
Para saber mais detalhes sobre a ciclociagem (suspensa no momento em função da pandemia da COVID-19) visite o site www.primotur.com.br.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Michelle Parron
Fotos: Robson de Oliveira