Principal referência no Jornalismo Ambiental brasileiro, André Trigueiro fala à Revista Velhas sobre os desafios da comunicação em meio à crise climática e ao florescer do negacionismo
Nascido em 1966, no Rio de Janeiro, André Trigueiro Mendes é um dos poucos jornalistas especializados em meio ambiente e desenvolvimento sustentável na televisão brasileira. Até chegar a esse ponto, o caminho foi longo.
Começou a carreira como repórter de rádio antes de entrar na Rede Globo, em 1993. Fez parte da primeira equipe da GloboNews, onde apresentou o principal telejornal do canal de notícias durante 16 anos.
Pós-graduado em Gestão Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) onde leciona a disciplina ‘Geopolítica Ambiental’, Trigueiro é professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-Rio. Ainda assim, garante: “Não sou jornalista ambiental, sou jornalista. E, como jornalista, os assuntos do meio ambiente não podem estar fora do meu radar”.
Desde 2006, é editor-chefe e apresentador do programa Cidades e Soluções, onde produz, roteiriza e apresenta pautas relacionadas ao desenvolvimento sustentável. Por 15 anos trabalhou na Rádio CBN como comentarista de sustentabilidade e, em 2012, aceitou o convite para ser o primeiro colunista sobre o tema do Jornal da Globo, onde apresentou o quadro “Sustentável” por três anos. Trigueiro é também âncora substituto do principal noticiário da televisão brasileira: o Jornal Nacional.
Conferencista espírita, realiza palestras sobre meio ambiente e bem-estar, e é colaborador voluntário das rádios espíritas Rio de Janeiro (RJ) e Boa Nova (SP). Ele garante que sustentabilidade e espiritualidade têm tudo a ver. “Quando o ambientalista defende o fim da poluição do ar, das águas e da terra, e que precisamos proteger a ‘nossa casa comum’, esse também é o discurso místico-religioso”.
É autor dos livros “Cidades e Soluções – Como construir uma sociedade sustentável” (Ed. Leya, 2017), “Mundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em transformação” (Ed. Globo, 2005), “Espiritismo e Ecologia” (Ed. FEB, 2009), “Viver é a Melhor Opção – A prevenção do suicídio no Brasil e no Mundo” (Ed. Correio Fraterno, 2015), dentre outros.
Nesta entrevista exclusiva à Revista Velhas, André Trigueiro fala também sobre múltiplos impactos nas bacias hidrográficas do país, a responsabilidade dos Comitês em cada território, o negacionismo que impulsionou a desinformação e o analfabetismo ambiental no Brasil e no mundo – e o papel da imprensa em todo esse contexto. “Não é possível admitir que o jornalismo no século XXI ignore a urgência dos temas ambientais. Temos o desafio de não apenas informar, mas ser vitrine de soluções”, afirma.
Nos últimos anos a gente observou, no Brasil e no mundo, que o negacionismo floresceu até mesmo em meio a uma pandemia real, com pessoas morrendo às centenas/milhares todos os dias. Como fazer para as pessoas acreditarem na calamidade climática, que tem projeções mais severas de médio e longo prazo?
O negacionismo antecede o período da pandemia em que o movimento antivacina, pelas redes sociais, ganhou popularidade. Para o bem ou para o mal, as redes sociais turbinam narrativas, histórias, versões, que no campo do negacionismo encontram vítimas, que não se dão ao trabalho de checar ou apurar a mesma informação em outras fontes. Esse é um fenômeno, portanto, da comunicação nos dias de hoje. A ciência climática, por sua vez, é complexa, porque estamos falando de um sistema que procura explicar um fenômeno que não é linear e que é composto por inúmeras variáveis. Então, o primeiro desafio é, de alguma
maneira, traduzir de forma clara e objetiva o que está acontecendo e, principalmente, o senso de urgência das providências que precisam ser tomadas. E aí há que se ter um cuidado, porque quando você faz soar as trombetas do apocalipse, quando a gente mostra um cenário catastrófico que está prestes a acontecer, isso pode dar efeito contrário no sentido da desmobilização do cidadão comum, da sociedade de uma forma geral – posto que não há o que fazer, posto que o aquecimento global já é, posto que a tarefa agora é reduzir danos futuros.
Temos, portanto, o desafio de não apenas informar, mas ser vitrine de soluções que consigam a um só tempo gerar a nobre expectativa de redução do impacto climático e o desarme da bomba relógio do clima no mundo, mas gerando outros benefícios, que sejam emprego e renda, que sejam linhas de crédito e financiamento facilitadas para quem adere a uma economia de baixo carbono, seja uma visão de desenvolvimento que traga como eixo das políticas públicas tudo o que vá na direção da mitigação e da adaptação.
Você é professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-Rio. Qual o papel do jornalismo ambiental na sociedade atual?
Não é possível admitir que o jornalismo no século XXI ignore a urgência dos temas ambientais. O jornalista é um contador de histórias. As pautas – ou seja, os assuntos tratados pelos jornalistas – pressupõem o factual como ponto de partida; o noticiário é pautado pelo assunto do momento. Não é possível nós hoje ignorarmos como pauta a crise climática que traz os eventos climáticos extremos, a mudança do ciclo da chuva, os dados sobre perdas progressivas para a economia, a destruição da biodiversidade e suas consequências para nossa qualidade de vida, a produção monumental de lixo que traz inúmeras consequências nefastas para a saúde e para o meio ambiente – entre as quais a produção de microplástico que já está presente na placenta, na corrente sanguínea e no pulmão do ser humano. O jornalismo precisa reportar um problema que, ao mesmo tempo, é ambiental, é de saúde e é gravíssimo.
Não podemos replicar no jornalismo o analfabetismo ambiental que abre espaço na mídia para aquilo que seria descartável, desimportante e supérfluo. Nós precisamos entender numa escala de valores o que é notícia. A função social do jornalismo, penso eu, se resume em duas asas: uma das asas, para a gente voar na direção certa, é denunciar o que está errado, é uma função fiscalizatória que às vezes se confunde com o trabalho do policial ou do Ministério Público – portanto tem um lado do jornalismo que é esse que vai descobrir, vai reverberar corrupção, desvio de verba pública, crimes tipificados no código penal, tudo o que está no caminho contrário ao bem-estar da saúde e a legalidade que rege as interações sociais no país. A outra asa é sinalizar rumo e perspectiva, mostrar o que dá certo, ser vitrine de soluções, inspirar o mundo. É a boia dos afogados, é a mídia inspiradora. Ela aponta caminhos, é espelho de quem na sociedade pode ser considerado um exemplo. É assim que eu penso a minha função no tempo em que nós existimos hoje.
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Onde se tem planejamento a partir da definição das prioridades de um Comitê de Bacia, há rotas de prioridades e de investimento”
E como você avalia o papel da grande imprensa na cobertura de temas ambientais, seja durante as tragédias ou mesmo em momentos de crises menos aparentes?
Nesse tempo que eu venho trabalhando como jornalista – e eu não sou jornalista ambiental, sou jornalista; e, como jornalista, os assuntos do meio ambiente não podem estar fora do meu radar – houve, na minha opinião, uma brutal evolução no espaço do noticiário para os temas ambientais, porque não é mais possível ignorar a necessidade de enfrentamento das causas que provocam essas crises. Eu vou te dar um exemplo: o jornal britânico The Guardian, há quase três anos, definiu uma nova linha editorial em que eles não usariam mais a nomenclatura mudança climática [climate change], porque eles achavam muito aquém do sentido de crise que esse termo precisa trazer. Eles preferiram crise climática ou emergência climática – que é aquela que o IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] usa para descrever esse fenômeno – no entendimento de que, assim, comunicaria com mais precisão aos leitores do que se trata.
É evidente que a crise, ou as tragédias, os desastres, vão se impor com muito mais facilidade na cobertura porque não há opção; o papel do jornalista sempre será o de mostrar o “olha, tivemos aqui derramamento de óleo, se desprendeu uma área enorme de gelo do Ártico, uma nevasca recorde, uma enchente que causou danos e óbitos…”. A tragédia já estava desde sempre no jornalismo com seu espaço garantido. O que me parece é que nós temos uma maior atenção, não apenas em relação a assuntos trágicos, mas também propositivos, [em mostrar] onde as coisas acontecem de uma maneira interessante, onde as coisas estão dando certo, onde há um ajustamento de governos, empresas, projetos, empreendimentos, iniciativas, novas tecnologias, novidades na área da Justiça. Hábitos, comportamentos, estilos de vida e padrões de consumo: quem quer mudar o mundo precisa mudar-se. A crise tem o nosso DNA, a crise nasce de uma cultura insustentável e mudar a cultura não se faz por decreto, por lei, por Medida Provisória. Mudar cultura é processo e o jornalismo faz parte dessas engrenagens da mudança – ou deveria fazer.
Nem mesmo duas enormes tragédias alteraram o modelo desenvolvimentista de mineração em Minas Gerais. A importante Lei Mar de Lama Nunca Mais enfrenta dificuldades para ser efetivada e novos projetos continuam a querer avançar sobre unidades de conservação ou outras importantes áreas. Você acredita em mineração sustentável?
Acredito, embora não seja a regra no Brasil. Quando houve a tragédia de Mariana e a Vale ficou exposta ao vexame de ser protagonista do maior desastre minerário da história deste setor no planeta – devastando uma bacia hidrográfica inteira e com rejeitos indo parar em Abrolhos (BA), quase 800km de distância; uma tragédia que até hoje a gente não tem a real noção do seu alcance e muito menos quanto tempo levaremos para remediá-la – descobriu-se, à época, levantando a ficha das contribuições da Vale para campanhas, que tanto a presidente eleita, Dilma Rousseff à época, quanto o candidato derrotado, Aécio Neves, foram generosamente abastecidos com quantias fabulosas para suas respectivas campanhas. Estou aqui reportando fatos, existe uma relação promíscua da Vale com lideranças políticas de Minas Gerais em diferentes níveis de poder. Isso talvez explique uma dificuldade que o Brasil teve, e a meu ver desperdiçou, de aplicar à Vale uma multa, um programa de compensações exemplar para o mundo. Porque não foi acidente: houve imperícia, irresponsabilidade e leniência, que se repetiram três anos depois em Brumadinho.
O que está acontecendo agora na Serra do Curral é o mais novo capítulo escandaloso de licenças que estão sendo dadas atropelando legislações, projetos de tombamento, projetos de proteção da Mata Atlântica. É heroica a resistência dos mineiros e é justa, porque nós não estamos falando apenas de um cartão postal; nós estamos falando de uma área onde tem vegetação de Mata Atlântica protegida, 40 espécies de vegetais e animais ameaçadas de extinção, risco de destruição de fontes de água em uma região onde esse problema só se agrava na linha do tempo. E a pergunta que fica no ar: por que a receita dos royalties da mineração parece se sobrepor sempre a direitos assegurados por lei que dizem respeito à segurança, ao bem-estar e meio ambiente protegido? Nós temos claramente uma sucessão de decisões que priorizam sempre o interesse econômico.
Não é para proibir mineração, exploração de madeira, pecuária, expansão da soja – tudo isso em um país generoso em termos de capital natural e território é plenamente passível de harmonização com outros interesses e direitos. A questão é como organizar as rotinas de licenciamento em que não se repita o que vimos acontecer, a meu ver, nos dois episódios citados com a Vale: um marco regulatório frouxo, fiscalização ausente e uma dificuldade de se emprestar às empresas do setor o medo de errar, o medo de não utilizar a tecnologia de ponta na área de segurança, o medo de – em dando alguma coisa errada – o que vai acontecer comigo ser algo tão violentamente hostil ao meu planejamento financeiro que eu não posso ter o direito de fazer algo diferente do estado da arte da exploração de minério.
Para Trigueiro, o Brasil perdeu oportunidade de aplicar multa e programa de compensações exemplares, pelos rompimentos de barragens de mineração em Mariana e Brumadinho (foto).
Em 2006, você criou o Programa Cidades e Soluções. Na bacia do Rio das Velhas, não muito diferente de outras Brasil afora, temos muitas cidades que, além de não terem um planejamento estratégico para a segurança hídrica, não estão preparadas para lidar com as águas do período chuvoso, contabilizando continuamente cenas de destruição e mortes. Pegando carona no nome do programa, quais soluções você entende para esse problema?
Essa solução existe há 25 anos e se chama Política Nacional de Recursos Hídricos. A política criou o Sistema Nacional de Recursos Hídricos que instituiu a Agência Nacional de Águas (ANA), os Comitês de Bacia, o direito pela cobrança do uso da água bruta. Gestão de recursos hídricos é a solução e os trilhos da gestão estão assinalados há 25 anos. Onde se tem planejamento a partir da definição das prioridades de um Comitê de Bacia há rotas de prioridades e de investimento: cobra pelo uso da água bruta, aplica o recurso e mobiliza a comunidade do entorno da bacia.
Nós temos no Brasil uma cultura muito nefasta do rio como lixeira ou vazadouro de esgoto. As tragédias que estão ocorrendo por conta do índice pluviométrico completamente descalibrado e fora da série histórica agrava a tensão onde os rios estão sendo depredados: assoreamento, lixo, entulho, desvegetação das matas ciliares e ausência de planejamento que opere toda a logística de quem pode pegar água aqui, que quantidade de água pode pegar, fins industriais, captação de água para abastecimento, irrigação… As coordenadas existem, nenhum prefeito nesse país, nenhum governador, muito menos o presidente, deveria ser eleito ignorando que o mito da abundância não nos convém. A história de que o Brasil tem 12% da água do mundo e aproximadamente 11 mil rios e córregos traz um mito da abundância que não nos convém. Essa água está concentrada na região Norte do país, na bacia do Rio Amazonas. No resto do país, e isso vale para a bacia do Rio das Velhas, nós temos densidade demográfica, múltiplos usos da água que por vezes são conflitantes e você precisa ter um ordenamento das ações com base nas regras estabelecidas, respeitando os múltiplos usos da cadeia de prioridades estabelecida por lei.
Todas as regiões metropolitanas do Brasil têm bacias poluídas. E nós temos Ciência, tecnologia, recursos humanos com pedigree acadêmico e científico para reverter esse cenário. O que explica essa depredação monumental dos recursos hídricos? Estamos falando de esgoto humano, de mercúrio nos rios amazônicos por conta do crescimento pornográfico do garimpo ilegal, resíduos de agrotóxicos nos rios que margeiam grandes plantações, lixiviação transportando fertilizantes e agrotóxicos – e isso vai gerar problemas múltiplos e desnecessários. Temos aqui o analfabetismo ambiental, a ganância e a cobiça devidamente misturados, determinando a receita de um veneno que nós estamos inoculando no sistema circulatório do país campeão mundial de água doce.
Programa Cidades e Soluções, do qual Trigueiro é o editor-chefe e apresentador, abre espaço para experiências que transformam para melhor a vida das pessoas através do uso inteligente e sustentável dos recursos naturais.
Tanto em nível estadual, como em federal (e o exemplo mais recente disso é o Projeto de Lei nº 4546/2021, que institui o Novo Marco Hídrico e altera a Lei das Águas), a gente observa uma série de movimentos que visam enfraquecer a participação social na gestão das águas. Na sua visão, qual a importância dos Comitês de Bacias Hidrográficas, outros colegiados e entidades da sociedade civil na gestão ambiental, e mais particularmente de recursos hídricos do país?
Reclamam muito da democracia, mas a solução para democracia é mais democracia. Participação dos setores da sociedade dá trabalho? Dá trabalho. Haverá conflito de ideias? Haverá, faz parte. Agora, como eu disse: tudo começa a partir de um marco regulatório, de uma lei e nós temos uma lei. É preciso haver o empoderamento dos Comitês; os presidentes dos Comitês não podem ser indicados por outra razão senão pelo conhecimento, pelo respeito ao assunto que ele vai ter que construir. As negociações, a mobilização, a promoção do diálogo, a defesa dos princípios corretos que qualquer Comitê precisa obedecer – a gente não pode ter a raposa no galinheiro, se é que me entende. O Comitê tem que ter organicidade, um propósito que seja muito claro para todos e, quem está à frente, ser o zelador desses princípios. Não é uma figura decorativa, o Comitê precisa ser protagonista da história, produzir informações, mobilizar os atores distribuídos na bacia e usar todos os recursos ao seu alcance para defender esses princípios: o uso sustentável da água, atendendo aos interesses difusos nos termos da lei.
Em 2022 escolheremos novos representantes para a presidência da república, governo do estado, senadores e deputados. Como você avalia e projeta a agenda ambiental no meio político brasileiro?
Não é possível imaginar que tenhamos em pleno século XXI dirigentes políticos, e vale para as eleições deste ano, no Executivo ou no Legislativo, que repliquem o analfabetismo ambiental, ignorem a ciência, não deem importância à crise ambiental que experimentamos e que não entendam a correlação que existe entre a promoção do meio ambiente com saúde, resiliência econômica, geração de emprego e renda. Os novos dirigentes políticos ou os mesmos que retornarem aos postos que hoje ocupam não têm o direito de desprezar a gravíssima crise ambiental que experimentamos no Brasil e no mundo. Eles não têm esse direito! Primeiro porque proteger o meio ambiente não é opção, não é uma alternativa, não é um capricho – é uma diretriz constitucional. Segundo porque se eles não fizeram a coisa certa agravar-se-ão as situações difíceis que já estamos testemunhando e que vão se tornar mais difíceis em havendo omissão, desprezo, negacionismo e inversão de prioridades. Perdemos o direito de errar e não há tempo a perder.
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Um ambientalista não precisa ser crente em Deus ou acreditar no transcendente, como uma pessoa que acredita em Deus não precisa ser ambientalista. Mas uma coisa tem tudo a ver com a outra.”
Nas redes sociais, em especial, você costuma falar de espiritualidade e sustentabilidade. Como as duas se complementam?
Espiritualidade não é religião. É uma visão transcendental, um exercício de entendimento do sentido da vida, um respeito às leis que regem o universo, a tentativa de compreender quem nós somos, de onde viemos e para onde vamos. Portanto, quando se fala de espiritualidade a gente está falando de algo que remete a um tempo que não é só o aqui e o agora; não é o interesse de curto prazo, meu e que diz respeito apenas a mim. Quando você fala de espiritualidade, você está abrindo a cabeça para o transcendente, tentando entender o que é a vida. E quando você fala de meio ambiente, você fala do palco da vida, ou, no sentido mais espiritualizado, do lugar onde a vida se resolve e que não surgiu por obra do acaso. Não há projeto de vida possível em um planeta destroçado, destruído e devastado. Não por acaso, em 2015, o Papa Francisco redigiu a primeira encíclica da igreja totalmente inspirada em meio ambiente e sustentabilidade: ‘Laudato si’, que significa “louvado seja”.
Ecologia significa estudo da casa. Estamos todos na mesma morada, o projeto humano só se resolve se for um projeto coletivo. Então, quando se fala disso, isso faz sentido para ecologistas e faz sentido para espiritualistas. Nós precisamos ser os protetores da vida: esse é o discurso religioso e esse é o discurso ambientalista. Nós não podemos fazer a regência da nossa existência pensando apenas em nós mesmos: esse é o discurso religioso, esse é o discurso ambientalista. Quando o ambientalista defende o fim da poluição do ar, das águas e da terra, e que precisamos proteger a ‘nossa casa comum’, esse também é o discurso místico-religioso. Um ambientalista não precisa ser crente em Deus ou acreditar no transcendente, como uma pessoa que acredita em Deus não precisa ser ambientalista. Mas uma coisa tem tudo a ver com a outra.
Jornalista é também conferencista espírita e realiza palestras sobre meio ambiente e bem-estar por todo o país.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Entrevista: Luiz Ribeiro