Na última quinta-feira (13), foi realizado um Dia de Campo na Fazenda Rancho da Lua, situada na estrada que conecta os municípios de Nova União e Taquaraçu. O objetivo do encontro foi demonstrar novas iniciativas de recuperação ambiental que estão sendo realizadas na região por meio da produção sustentável. A realização foi uma iniciativa do Subcomitê Rio Taquaraçu, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e as prefeituras de Nova União e de Taquaraçu.
O evento foi programado para apresentar aos produtores rurais do entorno um modelo de recuperação de áreas degradadas, Áreas de Proteção Ambiental (APPs) e reserva legal através do Sistemas de Agroflorestas (SAF’s). O objetivo do projeto é melhorar questões socioambientais da região e contribuir com uma maior renda econômica dos produtores rurais, a melhoria da quantidade e qualidade da água e uma alimentação segura por meio da produção sustentável. Para isso, o IEF, em conjunto com entidades parceiras, oferece apoio e assessoria técnica.
O coordenador do Subcomitê Rio Taquaraçu, servidor do IEF e um dos organizadores do projeto, João Paulo Sarmento, deu detalhes. “Nós estamos querendo cada vez mais que o produtor rural fique no seu campo, não vendam seu terreno. Mas, para isso acontecer, nós temos que dar condições de produção para que ele possa sustentar sua família e a gente melhorar a qualidade de vida. (…) A gente chega nos produtores, conversa e verifica a necessidade deles. Dentro da necessidade deles, a gente vai na área e faz o projeto. Nós doamos a muda, eles plantam e fazem todo o trabalho de manutenção. A gente dá a assistência técnica.”
O local escolhido para o encontro foi uma unidade demonstrativa do novo modelo e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) marcou presença no Dia de Campo. A agrofloresta da Fazenda Rancho da Lua ainda está em andamento e é tocada pelo casal Marina Pêgo e Lourenço Almeida. Durante o curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marina aprofundou-se no interesse por questões ambientais e, depois da graduação, participou de um projeto de mapeamento de comunidades tradicionais que ficam no norte de Minas Gerais. A partir dessa experiência, o interesse pelo modelo de agroflorestas cresceu e ela e Lourenço começaram o projeto sozinhos.
“A gente inventou de fazer uma agrofloresta natural mesmo, pé na porta, num terreno que tem aqui do lado. (…) A gente reparou que quando você não tem exatamente um planejamento integral, você vai tomar desafio pela frente. Você pode plantar mas, se você plantar inteligentemente, plantar com planejamento, você não vai ser atropelada por demandas da terra depois.”
Por conta das dificuldades enfrentadas, o casal não conseguiu seguir com a produção independente, até conhecerem a iniciativa do projeto. “Daí o IEF, por meio da EMATER, chegaram com essa ideia do PRA, Programa de Regularização Ambiental, que é uma iniciativa de incentivar que essas propriedades sejam regularizadas no código ambiental. (…) Aí, assim, juntou a fome com a vontade de comer.”
Além da questão da recuperação de áreas degradadas, um dos pontos mais influentes no projeto é melhorar o acesso à água na região. “Nós estamos no Subcomitê e a gente pensa nesse projeto muito buscando a melhoria da qualidade e da quantidade dos recursos hídricos. Aqui é uma região importante que está sendo degradada, principalmente por loteamentos clandestinos. (…) Isso tem assoreado os rios, acabado com as nascentes…Sempre a gente pensa na questão econômica, social e recursos hídricos.”, explicou João Paulo Sarmento.
Veja mais fotos:
Saiba mais sobre o Dia de Campo
Após a abertura do evento, a programação contou com uma apresentação teórica sobre o SAF’s. Logo depois, o produtor rural e convidado, Manoel Alves, compartilhou sobre a sua experiência com produção sustentável, seguido pela fala dos beneficiários do projeto, Marina Pêgo, Lourenço Almeida e José Raimundo Deusdedit. O evento ainda teve um momento instrutivo sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), sobre o Programa de Regularização Ambiental (PRA) e em seguida a visita técnica à agrofloresta.
Além de instituições e empresas, o Dia de Campo teve uma grande participação das escolas do entorno da região. O professor de Ciências e Biologia, Alisson Rezende, acompanhou uma excursão de alunos da Escola Municipal Coronel José Nunes Melo Júnior, de Nova União. “A gente está trabalhando as ODSs [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU] na agenda de 2030, falando sobre a sustentabilidade e vários dos nossos alunos são de regiões de agricultura familiar. Aí veio essa vontade deles de participar do Dia de Campo aqui, falando sobre agrofloresta, já com o intuito de aumentar a renda deles. E aí, partiu da gente também a ideia de trabalhar a educação ambiental.”
A professora Lidiane Dias, da Escola Municipal de Nova Aparecida, também esteve presente e trocou experiências entre os estudantes das outras escolas sobre seu projeto de agroecologia cultivado pelos próprios alunos. Os alimentos colhidos abastecem a própria instituição de ensino ou são vendidos e o dinheiro revertido em iniciativas dedicadas às crianças.
O encontro contou com a presença de representantes de entidades da Prefeitura e Secretaria de Meio Ambiente de Taquaraçu de Minas, Associação de Pinhões, Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Emater, Probiomas, Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), Anglo American, Prefeitura de Santa Luzia, Instituto Rupestris, Germana, IEF, Agroflor, Verum Carbo, Instituto Brauna, Instituto Sou Capaz, Sindicato de Produtores de Taquaraçu, Coopeag, Plântula Florestal, E.M. Nova Aparecida, E.E. Coronel José Nunes, E.M. Raimundo das Chagas Quintão, membros dos Subcomitês Rio Taquaraçu, Poderoso Vermelho, CBH Rio das Velhas, além de moradores do entorno e produtores rurais da região.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Yasmim Paulino
*Fotos: Yasmim Paulino