O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) apresentou a moradores e produtores rurais das sub-bacias do Riacho Riachão e Córrego das Abelhas, em Jequitibá e Santana de Pirapama, proposta de aplicação das metodologias Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP) e Indicadores de Sustentabilidade em Agro ecossistemas (ISA) da região. O objetivo é detalhar as informações sobre as áreas a fim de proporcionar melhoria da atividade econômica de forma sustentável nas propriedades, a sua preservação e, principalmente, o aumento da quantidade e qualidade da água nos córregos locais.
O Seminário Inicial para conhecer mais sobre o projeto foi apresentado na comunidade de Perobas, em Jequitibá, no início da noite da última sexta-feira (15). A área de atuação do estudo abrange aproximadamente 24 mil hectares das sub-bacias Riacho Riachão e Córrego das Abelhas, formadas pelos córregos Vargem Formosa, da Estiva, das Perobas, da Lapa, Riachão, dos Moreiras, das Abelhas e Riacho do Barro. A região pertence a Unidade Territorial Estratégica (UTE) Peixe Bravo, no Médio Baixo Rio das Velhas.
A área tem uso predominante agrícola e boa parte do território é classificada como de alta à muita alta vulnerabilidade ambiental, com riscos de erosão, dos recursos hídricos, de contaminação do solo e fragilidades naturais próprias. A presidenta do CBH Rio das Velhas, Poliana Valgas, considera que a iniciativa é de extrema importância para a economia da região e para o meio ambiente de maneira geral. “É uma região de produção agrícola, onde há muitos agricultores familiares e a demanda hídrica é muito grande. Preocupados com a situação de escassez de água, em 2017 essa proposta de estudo foi levada ao Comitê da bacia e agora vai sair do papel. Vamos identificar problemas e potencialidades para pensar em um plano de recuperação dessas áreas. É o primeiro passo de uma longa caminhada, de 5 a 10 anos, para que no futuro tenhamos nessas microbacias água em quantidade e qualidade para a produção agrícola destas famílias e das novas que virão”, afirmou Poliana.
Muitas famílias dependem da produção para gerar renda, visto que a maioria fornece uma variedade de hortifrúti para o Ceasa, em Contagem. “Hoje na região de Perobas existe uma cooperativa de produtores que agrega vários pequenos agricultores da região de Santana de Pirapama e Jequitibá. As pessoas dependem dessa água para produzir e o município das atividades funcionando de forma cíclica, já que são elas que geram grande parte da receita destas cidades”, completou a presidenta do CBH Rio das Velhas.
Veja a apresentação do estudo
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O prefeito de Jequitibá, Luiz Carlos Pinheiro (Luiz da Ambulância), participou da apresentação da proposta de estudo. Para ele, a falta de água é um problema real. “Sem barraginhas ou preservação das nascentes, a situação da escassez hídrica tende a piorar. Hoje tenho um desafio muito grande, que é levar água a 21 comunidades rurais que integram Jequitibá. Infelizmente, todas elas estão sofrendo com a falta d’água. Este trabalho é uma esperança e a Prefeitura de Jequitibá está à disposição do CBH Rio das Velhas e dos executores do projeto”, garantiu.
Segundo o prefeito, em todas as comunidades não é cobrada a utilização da água. “Infelizmente, alguns produtores ficam prejudicados quando, infelizmente, há abuso e má utilização dos recursos hídricos por outros, desperdício mesmo. Estou pensando em instalar hidrômetros nas propriedades, porque a situação está ficando insustentável. Fui criado nadando nos córregos de Jequitibá, mergulhando e pescando, era possível fazer isso. Hoje você atravessa todo um córrego a pé”, lamentou o prefeito.
Geraldo Magela, produtor rural em Perobas, espera aprender mais sobre a região onde está inserido e como melhorar a disponibilidade hídrica. “Sem água, a situação é crítica. Hoje produzo quiabo, abóbora, tomate e horticultura em geral. A nascente é uma só para atender uma rede de produtores dependem dos córregos. É muita bomba extraindo água dos cursos e é nítido que os mesmos estão secando. Nós fornecemos para o Ceasa, dependemos da água para produzir. Porque sem produção não temos renda”, contou.
O vereador Dilson Resende afirmou que 90% da economia regional é voltada para a agricultura. “2014 foi o ano mais crítico e percebemos que era preciso fazer algo. Os próprios produtores nos procuraram em busca de soluções. A execução deste estudo, bem como será realizado e sua importância para pleitearmos recursos posteriormente, será fundamental para o futuro hídrico de Jequitibá e comunidades”, avaliou. Segundo ele, as comunidades cultivam atualmente, em grande escala, quiabo, abóbora, milho, jabuticaba, tomate, dentre outros.
Serão visitadas e cadastradas 100 propriedades por pessoal devidamente identificado. O Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP) é o estudo que irá avaliar as características de relevo e paisagens da região, uso e ocupação do solo, e a necessidade e disponibilidade de água na área. Tem como um dos resultados mapas indicando as melhores áreas para produção, conservação e recuperação.
Já o Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas (ISA) é um estudo que será aplicado em algumas propriedades rurais. Mais detalhado, permitirá avaliar as atividades produtivas desenvolvidas na propriedade e as possibilidades de adequações para ganhos na produção e melhoria das condições ambientais. Alguns trabalhos já foram realizados, como visitas de reconhecimento, mobilização social, correções na hidrografia com base nas imagens de satélite e mapa preliminar de uso do solo.
Quem faz
O projeto é uma realização do CBH Rio das Velhas, com apoio da Agência Peixe Vivo, a um custo de R$ 430 mil. A execução será da empresa PROFILL, com a solicitação das informações (bases), execução e apresentação dos serviços.
Para saber mais sobre a iniciativa, acesse a página do projeto no Siga Rio das Velhas.
Veja as fotos do Seminário
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Celso Martinelli
Fotos: Bianca Aun, Lucas Nishimoto e Ohana Padilha