Monitoramento Ambiental Participativo percorre escolas da Bacia do Rio das Velhas

20/12/2024 - 14:22

Promovido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), com apoio da Agência Peixe Vivo (APV) e executado pela Fundação de Apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (Fundep), o Monitoramento Ambiental Participativo (MAP) percorreu nove Unidades Territoriais Estratégicas (UTEs) da Bacia do Rio das Velhas levando atividades e oficinas para as escolas no mês de novembro. O objetivo é ensinar práticas de biomonitoramento e aproximar a sociedade civil das atividades científicas da universidade.


Katiene Santiago, bióloga e especialista em recursos hídricos que integra a equipe do MAP explica como funciona o projeto: “dentro do mapa a gente tem as oficinas e os cursos para os representantes do Subcomitês, os Amigos do Rio, que hoje são 20 efetivos, e as oficinas das escolas, em que a gente procura capacitar alunos, professores e a comunidade, da qual fazem parte 23 escolas em toda a bacia. São 23 escolas porque o MAP atende uma escola em cada UTE”. Ela conta também que as escolas são escolhidas com a cooperação dos Subcomitês de Bacia Hidrográfica (SCBHs) entre as que estão “próximas do Rio das Velhas ou de um afluente, e que desejem fazer parte do projeto”.

Por parte da escola selecionada, o monitoramento acontece uma vez por mês, mas a capacitação é feita pela equipe do MAP presencialmente em cada uma das escolas da bacia. “Primeiro é feita uma palestra sobre a importância da água, em que a gente fala da Bacia, do Rio das Velhas, em qual afluente eles estão localizados e como monitorar o rio”, conta Katiene. Segundo ela, durante a capacitação teórica, a equipe do MAP explica as três formas de monitoramento, que consistem no “monitoramento físico, em que a gente chega no ambiente, no habitat, vê como está o rio, mostra imagens de um rio preservado e de um rio alterado; em seguida, um segundo monitoramento, que é o biológico, em que a gente trabalha com organismos aquáticos que são bioindicadores de qualidade de água. A gente ensina como é que a gente encontra esses organismos no meio aquático; e, por último, é o monitoramento químico – a escola ganha um kit químico de educação ambiental que mede oxigênio dissolvido, PH da água, temperatura, turbidez, nitrato, entre outros parâmetros”, completa Katiene.

Formando jovens cientistas

Para Katiene, o MAP é um sucesso porque consegue envolver as escolas e os alunos, que são considerados “jovens cientistas em formação”. “Em Santo Hipólito, por exemplo, os alunos apresentaram os resultados finais na Prefeitura da cidade. Há escolas que fazem maquetes, há escolas que fazem cartazes. A gente dá um certificado para a escola de menção honrosa, e os estudantes ganham certificados de jovens cientistas, que é o auge para eles”, comemora.

O professor Warley Araújo, da Escola Estadual Professor Raimundo da Silva Machado, zona rural de Santo Hipólito, também reflete sobre a importância do projeto para os alunos e para a comunidade. Segundo ele, os alunos atuam como multiplicadores das informações que recebem e produzem no projeto. “Eles recebem as informações aqui e essas informações são repassadas em casa. A gente orienta nessa conscientização, para o aluno não levar como proibição. E outra coisa muito importante também no projeto é o certificado de jovem cientista! Isso mexeu muito com eles e os deixou mais empolgados com o projeto”, conta.

Warley, que também é Amigo do Rio, estudou na mesma escola e depois retornou como trabalhador na capina, galgando, aos poucos, outras funções, até chegar a ser professor. “Ingressei aqui para estudar na escola Professor Raimundo, estudei do sexto ao oitavo ano. Depois desse período eu voltei para trabalhar como serviçal, capinando. Depois eu fui para limpeza e fazer merenda logo em seguida. Eu formei em magistério posteriormente e lecionei aqui para as séries iniciais, primeiro e segundo ano, e trabalhando com professor de jovem adulto” conta orgulhoso. Hoje, após se formar na Faculdade de Ciências Humanas de Curvelo (FACIC), leciona ciências e biologia e é coordenador do Ensino Médio.

“Eu falo que esse projeto caiu para a gente na hora certa, porque aqui a gente tem as disciplinas eletivas que precisam ser aulas mais dinâmicas, fora da sala de aula, com conteúdos que são saberes de investigação da natureza. Então isso foi bacana demais! No dia de fazer a coleta, o ônibus da prefeitura nos leva até o rio, os alunos se empolgam para fazer a análise da água” celebra.


Veja mais fotos das atividades do MAP:


Amigos do Rio

Em outra frente, o MAP atua com os Amigos do Rio, que são pessoas que também monitoram o Rio das Velhas e seus afluentes, cada qual no território em que vive. Uma delas é Nancy Souto, que mora em Raposos; o outro é Odilon de Lima, morador de Itabirito. Ambos fazem o monitoramento mensalmente e mandam as análises para a equipe do MAP. “Então durante esses anos todos é o que eu tenho feito é ir até o Rio das Velhas, que está a cerca de 1 km da sede da Fazenda onde eu moro, colho a água e preencho um formulário com as impressões que colhemos” conta Odilon, que também é membro do Subcomitê Rio Itabirito.

Para Nancy, ex-secretária do CBH Rio das Velhas, o monitoramento realizado pelos Amigos do Rio tem um caráter de Educação Ambiental. “É uma questão mais educacional essa do biomonitoramento. Chamo crianças, chamo jovens, às vezes eu gosto de fazer isso. Eu pego água sobre uma passarela, porque, enquanto eu estou ali, sempre tenho oportunidade de conversar com alguém falando da importância de proteger o Rio das Velhas, senão ele vira um canal”, reflete.

Os dois, porém, se queixam de não terem acesso aos resultados de seus monitoramentos. Quanto a isso, Katiene responde que, em parceria com o CBH Rio das Velhas, será montada uma cartilha em que constarão os resultados. “Os amigos do Rio estão, de forma voluntária, nos enviando os resultados, e estamos trabalhando em conjunto – até tivemos uma reunião recentemente com o CBH Rio das Velhas – numa cartilha em que vamos colocar esses resultados que eles nos enviam”, conclui.


Quer saber mais sobre o MAP? Assista ao vídeo:


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Leonardo Ramos
*Fotos: Katiene Santiago/MAP/Acervo