Participação pública no CBH Rio das Velhas é tema de estudo na Alemanha

27/08/2021 - 15:24

Participar da gestão da água é ajudar a cuidar do futuro desse bem natural no planeta. Ter uma gestão eficiente e representativa envolve a inclusão dos diferentes públicos que fazem parte de uma bacia hidrográfica, inclusive aqueles que são diretamente impactados pela água de um rio – como, por exemplo, os ribeirinhos. É o que aponta a tese de mestrado da bióloga e engenheira civil brasileira, Maria Isabel Martins, realizada pela Universidade Técnica de Dresden (Technische Universität Dresden – TUD), na Alemanha. O estudo, além de abordar a importância dos processos participativos, traz informações sobre o envolvimento da sociedade no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas). 

A autora da tese, que hoje mora em Berlim, é mineira de Contagem e cresceu na bacia do Velhas. Na infância ela se lembra de sempre passar pelo Rio das Velhas ao visitar a casa dos seus avós em São Vicente, distrito de Baldim. A relação com o rio virou até tatuagem na pele.

Em sua tese de mestrado defendida no dia 18 de agosto, cujo título é “Participação pública na gestão da bacia hidrográfica de um rio: o caso do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas no Brasil” (Publicparticipation in riverbasin management: the case ofthe Velhas riverbasincommittee in Brasil), Maria buscou analisar pontos sobre os processos participativos do CBH Rio das Velhas como a legitimidade, o poder, a comunicação social, a construção de confiança, o desenvolvimento de rede e a capacitação.

“Minha proposta foi trazer um pouco da visão do que é gestão hídrica no Brasil que eu acho muito avançada, comparada com o que eu vejo por aqui. O pessoal da minha universidade acha que o nosso país está transbordando em água por causa da Amazônia e não sabem das crises hídricas que a gente passa. Com essa pesquisa em inglês as pessoas poderão coletar informações. Também é uma forma de aparecermos no mapa das pesquisas hídricas, porque a América Latina, principalmente o Brasil, está um pouco atrás quando fala em pesquisa internacional na área de gestão hídrica”, explica a autora.

Um dos resultados positivos colocados por Maria sobre a participação pública na gestão das águas está em ouvir os diferentes pontos de vista e necessidades, o que torna o processo mais representativo. “Eu sempre olhei a questão da água como complexa e dinâmica. Água não é só física, engenharia, água é tudo. Como a sustentabilidade, é um tema muito complexo e multidirecional. Em gestão hídrica tem muita gente técnica e pouca gente ligada a questão social”, diz.

Apesar do CBH Rio das Velhas ser uma referência em gestão hídrica entre as bacias hidrográficas brasileiras, em seu estudo Maria identificou alguns pontos que podem avançar de acordo os critérios que ela utilizou. Durante as entrevistas realizadas com integrantes internos e externos ao CBH Rio das Velhas, um dos pontos que precisam de avanço é o desafio de expandir o diálogo para um público ainda maior. A autora cita algumas formas de inclusão como a do público mais vulnerável, criando uma espécie de “cota” para agregar essa população.

Para que essas pessoas cheguem até o Comitê, além da expansão dessa comunicação, uma das saídas é oferecer capacitação para que as pessoas entendam o papel do CBH Rio das Velhas e a sua importância na gestão hídrica. Outro ponto importante apresentado na tese é gerar mais rotatividade dentro das estruturas do Comitê, alternando as cadeiras de representatividade.

Em 2020 alguns passos foram dados neste sentido com chegada da Poliana Valgas à presidência do CBH Rio das Velhas. Poliana é a primeira mulher a assumir o cargo desde a criação do Comitê. Com a chegada da nova presidente, um outro movimento passou a acontecer que é um olhar mais atento para equilibrar a participação das mulheres, com relação aos homens, nos Subcomitês e câmaras técnicas.

Ciência feita com ajuda da população

Juntar participação pública e ciência. Uma das formas de aumentar a participação social da gestão hídrica é trazer o público para colaborar com a produção de informação e levantamento de dados sobre a bacia hidrográfica, ainda que seja feita de uma forma mais rudimentar. “Ter, por exemplo, um projeto com a participação da comunidade ribeirinha em que ela faz a coleta e análise da água e ajuda a alimentar um banco de dados com este trabalho, faz com que estas pessoas se sintam mais engajadas. A comunidade deixa de ser uma expectadora que está recebendo as decisões e passa a fazer parte do processo. Se você é responsável pela água, você vai ter mais apresso por ela”, diz a autora.

Acesse a pesquisa completa 

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Michelle Parron
*Foto: Lucas Nishimoto e
Maria Isabel Martins