Quarentena não é férias: Gruta do Maquiné

10/06/2020 - 12:05

A Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas é repleta de belos lugares. Cachoeiras de todos os tipos, vilas aconchegantes, serras com lindas vistas e uma culinária pra lá de reconhecida. Mas vivemos tempos em que o isolamento social é a principal medida para se combater a pandemia do Coronavírus (COVID-19). Definitivamente, a quarentena não é férias e não é o momento para se viajar e aumentar as chances de transmissão do vírus, especialmente a localidades pequenas, com uma população idosa mais significativa e com uma estrutura pública de saúde mais limitada.

Enquanto vivenciamos esse momento, você pode conhecer alguns desses belos lugares da Bacia do Rio das Velhas por meio da série ‘Conheça e Preserve’. Nesta edição, apresentaremos a Gruta do Maquiné.

Localizada em Cordisburgo, no Médio Baixo Rio das Velhas, a Gruta do Maquiné foi descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria do Maquiné, então proprietário das terras. Foi pesquisada a partir de 1834 pelo naturalista dinamarquês Peter Lund, conhecido como o pai da paleontologia brasileira. Está aberta para visitação pública desde 1967, mas parte da gruta permanece fechada.

A gruta apresenta sete salões grandes ligados por meio de estreitas passagens, num total de 650 metros lineares e desnível de apenas 18 metros. A gruta é formada por rochas de origem sedimentar do fundo de mares antigos, da Era Neoproterozóica (1.000 a 545 milhões de anos atrás), que têm como base o calcário composto do mineral calcita.

O preparo de iluminação e as passarelas possibilitam aos visitantes vislumbrar as suas maravilhas com segurança. Todo percurso é acompanhado por um guia local. Repleta de ornamentos naturais, a gruta apresenta um belo acervo de espeleotemas (formações de cristais). Os principais são as estalactites (formas pontiagudas que nascem a partir do teto), estalagmites (formas que crescem a partir do chão), colunas e cortinas.

Além do valor espeleológico, a gruta de Maquiné possui importância arqueológica e paleontológica. Nela, foram encontradas ossadas humanas, material lítico (em pedra) trabalhado com arte e restos de megatérios (mamíferos que viveram no período quaternário).

Lund permaneceu na caverna por quase dois anos para realizar os seus estudos. Nesse período, descobriu restos humanos e de animais fossilizados do quaternário, como esqueletos de aves fossilizadas com envergadura de até 3 metros.

Na gruta, também achou esqueletos de preguiças, em 1835. Eram poucas peças da menor preguiça da família dos megaloniquídeos, que tinha o tamanho de uma ovelha hoje, já foram identificadas 13 espécies de preguiça no Brasil. Há 12 mil anos, existiam, no Brasil, preguiças enormes, que chegavam a ter o tamanho de um elefante. São chamadas preguiças terrícolas, por viverem na terra. As espécies que restaram hoje vivem em árvores e são denominadas arborícolas.


Veja as fotos da Gruta de Maquiné:


Unidades de Conservação fechadas para visitação em MG

Desde o dia 18 de março, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) suspendeu a visitação em todas as unidades de conservação gerenciadas pelo órgão em Minas Gerais – o IEF gerência 21 unidades de conservação no Estado abertas ao uso público. O objetivo da suspensão das visitas é evitar que aglomerações de pessoas possam favorecer a transmissão do vírus e piorar a situação de Minas Gerais.

Gerente do Monumento Natural Estadual Peter Lund (unidade que abarca a Gruta do Maquiné), Mário Lúcio de Oliveira destacou que, no momento, apenas serviços de manutenção e limpeza do entorno da gruta têm acontecido. “Gostamos do turismo e torcemos para que tudo volte ao normal o quanto antes. Toda uma cadeia econômica local depende das visitações acontecerem normalmente. Mas, no momento, entendemos que o melhor é suspendermos as visitas, ficarmos todos em isolamento, e só voltarmos quando for absolutamente seguro”.

Mário chamou a atenção para o fato de o fechamento da unidade ocorrer justamente no momento que se formou um lago em um dos salões da Gruta do Maquiné, algo que não acontecia há quase 30 anos. “Desde 1992 não entrava água no quinto salão – que chegou a derramar água para o sexto também. Isso permite maior oxigenação e cristalização dos minerais na gruta. Querendo ou não, esse [suspensão das visitações] é um momento para a gruta descansar, sem iluminação e presença de público”.

Lago formado em um dos salões da Gruta do Maquiné. Crédito: Lacônico Filmes

Quando tudo isso passar, e vai passar, não deixe de conhecer a Gruta do Maquiné.

O território

A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Ribeirões Tabocas e Onça localiza-se no Médio Rio das Velhas. Composta pelos municípios de Araçaí, Cordisburgo, Curvelo, Jequitibá e Paraopeba, ocupa uma área de 1.223,26 km² e detém uma população de 13.209 habitantes. Seus principais cursos d’água são o Ribeirão da Onça, Ribeirão Tabocas, Ribeirão do Melo e Córrego Barro Vermelho.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro
*Fotos: Lucas Nishimoto e Lacônico Filmes