104ª Plenária debate qualidade da água na bacia, riscos das barragens e andamento de projetos de preservação

01/07/2019 - 13:10

Durante a Semana Rio das Velhas, programação de encontros e atividades que percorreu o Alto, Médio e Baixo Rio das Velhas entre os dias 24 e 29 de junho, também aconteceu a 104ª Reunião Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas).

Realizada na última quinta-feira (27) em Curvelo, a reunião foi um momento de integração entre membros, parceiros e apoiadores do trabalho realizado pelo Comitê e Subcomitês na bacia e trouxe para o debate pautas importantes como a qualidade da água, o trabalho realizado em saneamento pela Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) em Curvelo e pelo SAAE (Serviço Autônomo de Saneamento Básico) em Itabirito, informes sobre andamento de projetos, a situação das barragens da Vale no Alto Rio das Velhas, o trabalho desenvolvido pela comunicação e as ações da campanha ‘Que Rio Queremos? Cuidar é melhor que destruir’.

Veja as fotos da plenária:

Qualidade da água e tratamento do esgoto na bacia

Para analisar a qualidade da água superficial da bacia do Rio das Velhas, a FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), signatária do Programa ‘Revitaliza Rio das Velhas’, em parceria com o Instituto SENAI de Tecnologia, Meio Ambiente e Química, fez um estudo dos parâmetros físicos, químicos e biológicos na bacia através dos pontos de monitoramento. De acordo com Zenilde Viola, pesquisadora em tecnologia e chefe de laboratórios no instituto SENAI, os estudos demonstraram que, em boa parte do trecho monitorado deste à montante da ETE de Bela Fama até Santana de Pirapama, há uma grande ocorrência de contaminação por matéria fecal e a ocorrência de sólidos, turbidez e matéria orgânica, resultando em índices de qualidade ruim. Também foi detectada a ocorrência de cianobactérias, principalmente no período seco e do elemento químico Arsênio em pontos específicos.

Veja a apresentação da Análise da Qualidade da Água realizada na reunião:

 

Para o presidente do CBH Rio das Velhas o desafio é provocar resultados para evitar que a situação da água no rio piore. “É evidente que só projetos hidroambientais não vão resolver todos os passivos. Então, vamos ter que enfrentar duas situações dentro do Revitaliza que são centrais. Uma é esse contaminante perigoso que é o Arsênio, que não sabemos porque está migrando de Santa Luzia para frente, a gente vai ter que fazer um estudo para saber de onde está saindo esse Arsênio, porque ele impacta o rio de forma significativa. A outra é que o Comitê vai ter que discutir francamente com a Copasa como é que nós vamos fazer o polimento das nossas ETEs urbanas. As nossas ETES não estão dando conta de trazer um efluente que seja capaz de, substancialmente, nos levar ao patamar melhor de qualidade de água no Velhas”, aponta o presidente com relação ao resultado das análises da água.

Durante a reunião também foi apresentado o trabalho realizado pela Copasa na ETE de Curvelo, que atualmente trata 100% do esgoto coletado pela estação de tratamento. “O sistema de tratamento sanitário de Curvelo atende uma população urbana de mais de 70 mil pessoas. São quase 200 mil quilômetros em redes coletoras em operação pela Copasa na cidade e a ETE trata cerca de 80 milhões de litros de esgoto por dia e todo esgoto coletado é transportado e tratado na estação”, explica Daniel Lima Aguiar, gerente do Distrito Regional da Copasa.

Veja a apresentação realizada pela Copasa:

 

Para melhorar a situação do efluente gerado e despejado no córrego Santo Antônio, recentemente a Copasa aperfeiçoou o tratamento na ETE de Curvelo, incorporando processos físico-químico que promovem a remoção de poluentes que não podem ser extirpados por processos biológicos convencionais. Na época o processo foi detalhado e registrado pela equipe de comunicação do CBH Rio das Velhas. 

Já para mostrar o que tem sido feito com relação ao tratamento de esgoto em Itabirito, município localizado no Alto Rio das Velhas, o SAAE realizou uma apresentação durante a reunião explicando que atualmente a empresa trata 80% dos efluentes coletados e possui uma eficiência de remoção de carga orgânica de até 94% na estação de tratamento. Com o projeto “Córrego Limpo, Água Saudável” em operação no município, que está realizando obras de interligações dos esgotos domiciliares à rede interceptora, o monitoramento da água e ações de educação ambiental para conscientizar a população sobre a importância de cuidar do rio Itabirito e dos córregos da cidade, ainda este ano a meta é que 72 milhões de litros por mês de esgoto deixaram de cair no rio. Desde que o projeto começou, 88% dos córregos São José e Criminoso e 96,8% do córrego Carioca já estão limpos e sem mau cheiro.

Veja a apresentação realizada pelo SAAE:


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Proteção e recuperação de mananciais

Como parte da agenda do ‘Revitaliza Rio das Velhas’, pacto firmado entre o CBH Rio das Velhas, a Copasa, Fiemg, Instituto Espinhaço, prefeituras integrantes da bacia e o Governo do Estado, por meio da SEMAD (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) e IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), em prol da conservação e revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, uma das ações que tem promovido a recuperação e revitalização do curso d’água pela bacia é o Programa Socioambiental de Proteção e Recuperação de Mananciais (Pró-Mananciais). Realizado pela Copasa, o programa visa proteger e recuperar as microbacias hidrográficas e as áreas de recarga dos aquíferos cujos mananciais servem para a captação dos sistemas de abastecimento público de água operados pela empresa, por meio de ações e estabelecimento de parcerias, que visem a melhoria da qualidade e quantidade das águas, favorecendo a sustentabilidade ambiental, econômica e social.

Atualmente são 187 municípios em Minas Gerais atendidos pelo Pró-Mananciais que recebem intervenções como cercamento de mata ciliar e nascente, plantio de mudas nativas, construção de bacias de contenção de enxurradas (bolsões), construção de reservatórios para água de chuva, adequações de estradas e oficinas que estimulam a participação social no programa chamadas de “Oficinas do Futuro”.

Veja a apresentação realizada pelo Copasa sobre o Pró-Mananciais:

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Segurança das barragens no Alto Rio das Velhas

Um dos momentos importantes de esclarecimento realizado durante a 104ª Reunião Ordinária em Curvelo foi o repasse das últimas informações obtidas pela diretoria do CBH Rio das Velhas durante o encontro realizado no dia 14 de junho entre o Comitê, a Vale, a Copasa e o Ministério Público de Minas Gerais, em Belo Horizonte, no qual a mineradora apresentou a situação das barragens no Alto Rio das Velhas que não tem suas estabilidades garantidas e quais as medidas que estão sendo tomadas pela empresa para evitar um possível rompimento de uma dessas barragens que poderia comprometer gravemente o abastecimento da capital e Região Metropolitana.

“A reunião foi para cobrar o que a gente colocou claramente para a Vale. Se no Paraopeba a situação é ruim, no Velhas é inaceitável romper barragem porque se romper qualquer uma delas, simplesmente Belo Horizonte entra em colapso, porque não temos plano B. O que nós deixamos muito claro é que queremos é a segurança em relação a estabilidade dessas barragens”, explicou Polignano, presidente do CBH Rio das Velhas.

Nova remodelagem proposta pelo IGAM

Com argumento de promover a reorganização e racionalização do sistema para gerar resultados mais efetivos para garantir mais pragmatismo e efetividade na gestão das bacias hidrográficas em Minas Gerais, o IGAM apresentou, no último Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH), a proposta de junção de comitês. Visto pelos integrantes do Fórum como algo preocupante que impactaria o trabalho desenvolvido pelos comitês nas bacias hidrográficas, o pedido foi que a proposta fosse barrada na Câmara Técnica de Planos de Recursos Hídricos (CTPLAN) para ser melhor discutida. Durante a reunião, Polignano, representando o FMCBH, afirmou que a remodelagem não atende nem a bacia nem a lógica hídrica e que o Fórum solicitou uma reunião com a presidência do IGAM, que deverá ser realizada nos próximos dias, para debater melhor a proposta.

“Que Rio Queremos?” tem presença forte na programação da Semana Rio das Velhas

Com objetivo de fortalecer a necessidade de questionamento, proteção e alerta sobre o destino dos rios e da biodiversidade na bacia, a campanha “Que Rio Queremos?” percorreu toda a programação da Semana do Rio das Velhas, estimulando o público sobre a necessidade de reflexão à respeito de que rio eles querem e quais as mudanças devem ocorrer na sociedade para a garantia da revitalização e proteção dos cursos d’água do Velhas. Foram realizadas discussões e coletados diversos depoimentos de conselheiros, parceiros e público sobre o rio que eles desejam no futuro.

Veja as fotos da campanha:

Ainda durante a reunião, o Coordenador do Programa de Comunicação Social e Relacionamento do CBH Rio das Velhas, Luiz Ribeiro, da TantoExpresso, apresentou os principais fatos acontecidos entre uma Plenária e outra por meio das notícias produzidas.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Michelle Parron
Fotos: Michelle Parron