A Gameleira da Igreja de Pedras Senhor Bom Jesus do Matozinhos do distrito Barra do Guaicuí passou por uma poda na quarta-feira (25 de março), por determinação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG), responsável pelo tombamento do monumento histórico. A poda foi preventiva e teve como objetivo preservar as ruínas da igreja.
A encarregada do Acervo Histórico Cultural de Várzea da Palma, Eva Soares de Oliveira, esclarece que a medida foi necessária. “A árvore que fica em cima da ruína da Igreja de Pedras é de grande porte e de uma espécie que tem como característica as raízes fortes e galhos mais fracos. Durante as vistorias foram constatados parasitas (ervas daninhas) em sua copa. Além disso, a árvore estava comprometendo a estrutura da parede frontal da igreja e sua estabilidade”.
Eva Oliveira complementou dizendo que todas as ações realizadas na Igreja de Pedras são de melhorias ou prevenção, visto que é um patrimônio histórico estadual e nacional. “Buscamos sempre a melhoria, nunca vamos depredar um patrimônio do nosso município. De início a população estranhou, mas buscamos esclarecer que todas as ações são para a sua preservação, devendo-se considerar que muito ainda há a ser feito para que consigamos preservar e restaurar o citado patrimônio histórico. A poda teve como principal objetivo preservar as ruínas”, disse.
A encarregada do Acervo Histórico Cultural de Várzea da Palma esclareceu ainda que a copa da árvore voltará a crescer dentro de 3 a 4 meses e que todos os cuidados para evitar a ocorrência de fungos ou outros problemas foram adotados.
Barra do Guacuí
Barra do Guaicuí é um distrito de Várzea da Palma, a 800 metros de onde o Rio das Velhas deságua no São Francisco, sendo um dos principais pontos turísticos da região.
O distrito inspirou várias pessoas do meio cultural. Guimarães Rosa (1908-1967), por exemplo, descreveu Barra do Guaicuí em Grande sertão: veredas, sua obra mais importante, publicada pela primeira vez em 1956. O escritor mineiro escolheu Guararavacã do Guaicuí, como ele se refere ao povoado, para ser o lugar em que Riobaldo Tatarana, o protagonista, descobriu que amava Diadorim, a personagem que se vestia de homem e que “nasceu para o dever de guerrear e nunca ter medo, e mais para muito amar, sem gozo de amor (…)”.
A igreja começou a ser erguida no século 17. Por algum motivo que ninguém sabe explicar, a obra não foi acabada. Há várias teses e lendas sobre o tema. Uma diz que os operários morreram de malária. Outra sustenta que a construção foi interrompida ao se constatar que o leito do Rio das Velhas inundaria o templo em época de enchente.
A Igreja de Pedras é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). O instituto estadual usou o depoimento de Richard Burton, um viajante que percorreu a região na década de 1860, como parte do conteúdo que justificou o tombamento.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Léo Boi e Davi De Jesus Do Nascimento