O Grupo Gestor de Vazão (Convazão), organismo do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) que se dedica a monitorar e adotar medidas no alto curso do rio, com vistas a assegurar o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), reuniu-se na última quinta-feira (31), em continuidade aos debates iniciados no encontro do dia 25.
Na oportunidade, o vice-presidente do Comitê e representante da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Renato Constâncio, relatou os resultados de reunião de 9 de julho com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), que atualizou informações sobre o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) Segurança Hídrica, firmado no âmbito da Ação Civil Pública relativa ao desastre da Barragem B1, da mineradora Vale, ocorrido em Córrego do Feijão (Brumadinho), em 2019.
Barramento no Alto Velhas
Diversas opções foram listadas após a interrupção da captação da Copasa no Rio Paraopeba, vital para o abastecimento da RMBH. Além das novas captações a fio d’água nos ribeirões da Prata e Macaúbas, figuram diversas outras intervenções.
Segundo Constâncio, “o projeto da Ponte de Arame se limita atualmente a estudos que só terminam em outubro de 2024 e é uma das últimas alternativas, não é prioritária. Agora trata-se só de sondagem para um projeto básico, de viabilidade”.
Nelson Guimarães, Superintendente de Desenvolvimento Ambiental da Copasa, informou que, “logo após Brumadinho, na discussão sobre a segurança hídrica da RMBH, aproveitou-se muito os estudos da Copasa, seu Plano Diretor, que avaliava alternativas, infelizmente muito poucas”.
Guimarães enumerou uma sequência de intervenção: “hoje as prioridades são o incremento do tratamento no Rio das Velhas, que terá uma das maiores unidades de filtração do mundo e uma estrutura inovadora em termos de Brasil” e a transferência de até 2 m³/s de água do Paraopeba para a bacia do Velhas”, o que implicará a construção de “adutora de 25 km e 1,5 m de diâmetro”. A ampliação do sistema Rio Manso também está na mira da companhia, além da solução contingencial de uma adutora na Represa de Cambimbe [parceria entre a AngloGold, proprietária, e a Vale], “ligando a represa à Bela Fama para abastecer Nova Lima e Raposos” em caso de emergência.
Sobre a captação a montante do ponto em que os rejeitos tóxicos da B1 atingiram o Paraopeba, com obras a cargo da Vale e entrega prevista para dois anos atrás, Guimarães garante que “está em período de testes, mas numa necessidade, já poderia operar”. Segundo o superintendente, o “custo energético é muito alto”, e as condições “confortáveis dos reservatórios” dispensariam a operação no momento.
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CSN
Apesar das explicações fornecidas pela Minérios Nacional [antiga CSN] acerca de intercorrências em operações da empresa no Complexo Fernandinho, conselheiros do CBH Rio das Velhas solicitaram detalhamento das medidas adotadas para a região do Córrego Fazenda Velha após aumento brutal da turbidez nas águas desse afluente e do próprio Rio das Velhas, entre Itabirito e Rio Acima.
Em ofício, a Minérios Nacional esclareceu, entre outros itens, “que não houve qualquer vazamento de material para o Córrego Fazenda Velha e para o Rio das Velhas. A alteração pontual dos valores dos parâmetros de turbidez, cor verdadeira, ferro e manganês ocorreu, em alguns momentos, durante a atividade de limpeza do reservatório da barragem denominada Ecológica 01”.
Ajustes na medição
Sobre o panorama de medições da vazão no Alto Rio das Velhas, objeto da reunião anterior, uma boa notícia: Wolmara Lisner, da Agência Peixe Vivo, anunciou que a coordenação do Serviço Geológico do Brasil/ Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB/CPRM) “informa disponibilidade para medições em Raposos e Honório Bicalho a partir da semana que vem”. A data exata será confirmada pelo Convazão e os resultados, publicados. A Copasa fará medição a jusante da Estação de Bela Fama no mesmo dia, permitindo maior amplitude na análise.
Previsão climática
Renato Constâncio ainda apresentou os relatórios de previsão de chuvas desenvolvidos pelo setor especializado da Cemig.
De acordo com o vice-presidente do CBH, “este ano está muito melhor, com o período seco muito menos intenso”, e exemplifica: “Três Marias já está fazendo defluência”, liberando água em preparação para a época das cheias.
Pelos estudos, agosto e outubro terão precipitação um pouco acima da média histórica, setembro ficaria empatado, de novembro a janeiro, um pouco abaixo, e fevereiro viria mais chuvoso. “Estamos dentro da normalidade”, diz Constâncio.
Retirada de sedimentos
Nelson Guimarães comunicou que “a partir de 11 de setembro, a qualquer momento” terá início operação que vai retirar 50 milhões de metros cúbicos de sedimentos de uma das duas alças do Sistema Bela Fama.
São alças que criaram uma “ilha artificial” no Rio das Velhas e “funcionam como bacia de sedimentação, um pré-tratamento, com os sólidos sedimentando e ficando depositados”.
As comportas dessa alça serão fechadas e uma ensecadeira entrará em ação para a retirada dos resíduos, que serão encaminhado a um aterro antes do período chuvoso. A intervenção não afetará o abastecimento da RMBH.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Paulo Barcala
*Foto: Leo Boi; Alexandre Gabriel; Fernando Piancastelli