CBH Rio das Velhas contrata estudo para realizar o mapeamento de corredores ecológicos nas UTE Ribeirão da Mata e Carste

30/03/2021 - 17:23

Contribuindo para a conservação da biodiversidade, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) contratou um projeto que vai fazer o mapeamento dos corredores ecológicos no âmbito das Unidades Territoriais Estratégicas (UTE) Ribeirão da Mata e Carste, localizadas no Vetor Norte de Belo Horizonte, no Médio Alto Rio das Velhas.

Os corredores ecológicos são áreas que unem remanescentes florestais ou Unidades de Conservação fragmentadas devido à ação do homem, permitindo que organismos possam deslocar-se entre elas, aumentando o fluxo gênico entre as populações e mitigando, assim, os efeitos causados por esses processos de fragmentação. São de grande importância, pois reduzem ou previnem a fragmentação florestal, permitem a recolonização de áreas, contribuindo assim para a conservação da biodiversidade.

De acordo com o conselheiro do Subcomitê Carste, Gefferson Guilherme Rodrigues da Silva, os corredores ecológicos são importantes, pois, entre outros aspectos, evitam o chamado efeito ilha e ajudam a promover a recarga hídrica. “Os corredores ecológicos são fundamentais para a circulação e a manutenção da fauna e evitam a formação de ilhas de florestas. A vegetação, por ser diretamente relacionada à permeabilidade dos solos, é determinante para a regularidade da vazão dos rios. Assim, os corredores ecológicos nas UTE Carste e Ribeirão da Mata vão contribuir para estabilizar as margens, impedindo a erosão e o assoreamento dos cursos hídricos, entre outras funções importantes, o que contribuirá para a recarga hídrica da bacia do Rio das Velhas”, explicou Gerfferson Silva, destacando também que os corredores ecológicos contribuirão para a conservação do bioma Cerrado e a recuperação da Mata Atlântica.

A integrante dos Subcomitês Carste e Ribeirão da Mata, Conceição Lima, esclarece que o mapeamento dos corredores ecológicos é um sonho antigo. “Ao contratar esse estudo, o Comitê fornece importante instrumento técnico para os gestores públicos promoverem a futura implementação dessas áreas, corroborando com a implementação da chamada Trama Verde-Azul no que tange à conexão de espaços no contexto metropolitano, com foco na valorização da diversidade e contribuição para a melhoria da qualidade ambiental da região. É um sonho antigo que deve ser aliado à mobilização social para ter sucesso na região”, disse.

A empresa MYR Projetos Sustentáveis é responsável pela elaboração do projeto e foi contratada pela Agência Peixe Vivo, por meio de licitação. A MYR apresentou o plano de trabalho para realizar o mapeamento ecológico aos Subcomitês Carste e Ribeirão da Mata, pertencentes ao CBH Rio das Velhas, no início do mês de março para contribuições e aprovação. O valor do projeto é de R$ 204.203,09 e o prazo de execução é de 12 meses.

Urbanização sustentável para a preservação de patrimônios

As UTEs Ribeirão da Mata e Carste ocupam juntas uma área de 1.413,86 km². Estão inseridas na região algumas Unidades de Conservação que correspondem a 25,16% da área total da UTE Ribeirão da Mata e 55,78% da área total da UTE Carste. Com essa disposição, foi sugerida a ampliação da sua conectividade ecológica de modo a fomentar o fluxo gênico, diminuir os efeitos da fragmentação florestal e promover a manutenção dos processos ecológicos e da biodiversidade.

Nesse contexto, o conselheiro do Subcomitê Ribeirão da Mata, Procópio de Castro, grande defensor dos corredores ecológicos para as UTEs, esclarece que o mapeamento possibilitará a criação de um modelo diferente de urbanização, mais sustentável. “A região do Carste de Lagoa Santa abriga um dos maiores patrimônios da humanidade. Trata-se de um dos mais importantes conjuntos da pré-história humana do planeta, com um alto número de concentrações de grutas. Algumas abertas a visitação como a Lapinha, Maquiné e Rei do Mato onde se podem ver as belezas que a água e minerais compuseram por milhões de anos. As unidades formarão corredores ecológicos para a proteção efetiva do patrimônio arqueológico, espeleológico, paleontológico, natural e paisagístico existente na região”, salientou.

Preocupado com a preservação da região cárstica do Vetor Norte da RMBH, Procópio de Castro acrescenta que a UTE Ribeirão da Mata, vizinha ao Carste, tem enfrentado um adensamento populacional. “A ocupação desordenada e o parcelamento do solo nas proximidades dos sítios arqueológicos e sem proteção só trará perda do patrimônio por sua destruição. Uma gruta leva milhares de anos para se formar e ninguém tem a capacidade de refazer o que tem milhares de anos como as pinturas e os fósseis da região. Uma vez destruído, irrecuperável está. Sem contar o desmatamento de áreas inteiras e extinção de nascentes. A criação dos corredores ecológicos é de suma importância para a construção de um modelo diferente de ocupação, em que a sustentabilidade e o desenvolvimento sejam integradores de pessoas, instituições e a natureza, seguindo a ‘ordem e o progresso’ de acordo com o que diz a nossa bandeira nacional”, explicou.

Procópio de Castro finalizou ressaltando a importância do mapeamento frente à perspectiva de construção do Rodoanel. “A nova malha viária que está para ser executada interrompendo diversas áreas verdes, provocará a destruição de nascente e aumentando o fluxo do parcelamento do solo na região. Basta dizer que em Ribeirão das Neves, a APA [Área de Preservação Ambiental] Municipal da Lajinha será cortada ao meio pelo Rodoanel, uma área com águas de qualidade que abastece a região, em especial hortas da agricultura familiar”, destacou.

Também serão impactadas pela proximidade do Rodoanel o Refúgio de Vidas Silvestres Aroeiras, o Parque Estadual Serra do Sobrado, o Refúgio de Vidas Silvestres Macaúbas e indiretamente a Área de Preservação Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio