Após mais de 20 anos de expectativa, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Sete Lagoas, no Médio-Alto Rio das Velhas, finalmente foi inaugurada neste mês. A expectativa da prefeitura é que em breve o sistema esteja em pleno funcionamento, fazendo com que o município deixe de ser um dos maiores poluidores da bacia do Rio das Velhas. Ao todo foram investidos aproximadamente R$ 130 milhões na obra, que se arrastou durante muito tempo.
A construção da chamada ETE Matadouro começou em 2018, mas foi paralisada. A obra só foi retomada dois anos depois. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), responsável pelo saneamento na cidade, afirma que várias etapas de licenciamento já foram concluídas. A licença final de operação deve ser emitida no início do ano que vem e a perspectiva é que, ainda no primeiro semestre de 2025, a unidade alcance 100% da capacidade de funcionamento.
O tratamento de esgoto em Sete Lagoas é uma demanda ambiental antiga. Até então, os dejetos eram lançados diretamente nos córregos da região, como o Ribeirão Matadouro, que deságua no Ribeirão Jequitibá e segue para o Rio das Velhas. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), acompanha a situação há anos. “As perspectivas são que com a ETE ocorra uma melhora da qualidade da água da bacia do Ribeirão Jequitibá. O Comitê continuará a monitorar os cursos de água como o Matadouro, o Jequitibá e outros através dos Subcomitês, discutindo os problemas locais com a sociedade, construindo redes e buscando soluções conjuntas entre os diversos atores do território”, afirma Poliana Valgas, presidenta do CBH Rio das Velhas.
Marley Lima, conselheira do Subcomitê Ribeirão Jequitibá, celebra a conclusão da obra que, segundo ela, começou a ser pensada ainda no início dos anos 2000. “É uma alegria ver a ETE pronta. Uma obra grandiosa e que vai fazer toda a diferença para o meio ambiente, sobretudo para a bacia do Rio das Velhas. Espero que a gente tenha um monitoramento constante e que ela seja operada de forma consciente. E, no futuro, se for necessário fazer adequações, que o município esteja atento para fazer as obras, continuando a investir em saneamento, porque o trabalho não pode parar. Os desafios ainda são gigantescos”, comenta.
Depois de tantos anos de espera, a prefeitura de Sete Lagoas classifica a conclusão da ETE como a “obra do século”. A estação tem capacidade de tratar 510 litros por segundo, contando com seis novos interceptores. “Sete Lagoas era a principal poluidora da Bacia do Rio da Velhas e agora vamos fazer esta reparação tratando 100% do esgoto coletado em nossa cidade. Uma infraestrutura moderna e eficiente para mudar as condições ambientais, preservar os recursos hídricos e proporcionar melhores condições de vida à população de Sete Lagoas e de dezenas de outros municípios”, afirma Duílio de Castro, prefeito de Sete Lagoas.
De acordo com o SAAE, no primeiro semestre do ano que vem vão ser concluídos os interceptores restantes, para que a unidade alcance a capacidade máxima de funcionamento. Por enquanto, a ETE está em fase de pré-operação. “Esta obra levará uma eficiência de 95% do nosso efluente tratado para a bacia do Velhas. Uma estrutura que terá capacidade de tratar, em média, 510,73 metros cúbicos por segundo (m³/s), o que corresponde a uma vazão de aproximadamente 44,1 milhões de m³ por dia. Um processo que conta com 31 km de interceptores distribuídos por toda a cidade”, comemora Robson Machado, presidente do SAAE de Sete Lagoas.
Desafios continuam
Sete Lagoas tem aproximadamente 230 mil habitantes, o que gera um consumo elevado de água e uma produção grande de esgoto. Mesmo sendo um dos maiores municípios poluidores da Bacia Hidrográfica do Rio Velhas, o município ainda enfrenta uma série de desafios ambientais, mesmo com a conclusão das obras da ETE.
A presidenta do CBH Rio das Velhas destaca que ainda há muito trabalho a ser feito, mesmo após a conclusão da tão esperada ETE. “É importante destacar que a responsabilidade de Sete Lagoas não para por aí. É necessária a retomada urgente do pagamento da Cobrança pelo uso de recursos hídricos, já que o município capta água diretamente no Rio das Velhas. A ausência deste pagamento ao IGAM [Instituto Mineiro de Gestão das Águas] impacta diretamente as ações de recuperação ambiental e preservação da bacia do Rio das Velhas executadas pelo Comitê. São ações de preservação de nascentes, recuperação de áreas degradadas, saneamento rural, construção de barraginhas e terraços em propriedades rurais que são executadas com este recurso”, alerta Poliana.
Outro desafio do município é avançar no saneamento rural. “O lançamento de esgoto nos cursos d´água causa mortandade de peixes e vários outros problemas. Temos a Meta 2034 e muita coisa ainda precisa ser feita para atender às expectativas do Marco Legal do Saneamento. Com a ETE funcionando, a água que chega para os produtores rurais vai ter uma melhor qualidade, tanto em Sete Lagoas quanto nos municípios vizinhos. Mas o saneamento rural precisa melhorar muito e esse é um dos principais desafios a serem enfrentados daqui em diante”, finaliza Marley Lima.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Ricardo Miranda
*Fotos: Prefeitura de Sete Lagoas