Dezesseis por cento de chance de chover coisa de milímetro, mesmo assim após 19 de setembro. Alguma precipitação a partir do final do mês, mas chuva mesmo só em outubro. E olhe lá. Essas previsões nada animadoras, elaboradas por especialistas em meteorologia da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), foram apresentadas, em 6 de setembro, pelo secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Renato Constâncio, na reunião do Convazão, o Grupo Gestor de Vazão do alto curso deste rio que responde por quase metade do abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Ainda segundo os estudos da empresa estadual de energia, outubro trará alguma chuva, que deve seguir pouca em novembro e abaixo da média até em dezembro. Apenas fevereiro promete muita água.

O problema pode ser agravado com picos de calor, elevando o consumo, como lembrou Núbia Nolli, engenheira civil da equipe da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) baseada na Estação de Captação e Tratamento de Bela Fama. Constâncio ficou de confirmar esse viés da análise climática com os técnicos.

Vazão no limite

A vazão medida em Bela Fama, na Estação Rio Acima do Serviço Geológico Brasileiro / Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB/CPRM), cerca de 10 km a montante da captação da Copasa, apontava 11,81 metros cúbicos por segundo (m3/s) no momento em que o Convazão se reunia. Em 22 de agosto, era de 12,5 m3/s, informa José Alexandre, engenheiro hidrólogo do SGB.

O Alto Velhas entra em estado de alerta quando a vazão bater nos 10,48 m3/s, marca do valor médio mínimo dos últimos dez anos, por sete dias consecutivos.

A Copasa está dando apoio ao órgão federal, inclusive cedendo embarcação, contribuindo para que o trabalho de campo seja realizado com maior frequência durante o período mais crítico. Novas medições serão efetuadas nesta semana e a partir do fim de setembro.

Rio abaixo, o quadro é pior. O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) está na iminência de decretar situação de escassez hídrica de Santo Hipólito a Várzea da Palma, onde o Velhas se encontra com o São Francisco.

Grande BH

De acordo com Núbia Nolli, o chamado Sistema Paraopeba da Copasa, que reúne as represa de Rio Manso, em Brumadinho, Serra Azul, em Juatuba, e Várzea das Flores, que fica no limite de Contagem e Betim, guarda hoje 64% do volume útil, suficiente , diz Nolli, para segurar o abastecimento na RMBH até o início do período de chuvas. Na bacia do Rio das Velhas, a vazão residual tem se mantido, garante, de 4,5 a 4,7 m³/s, “acima do que seria caso de contingência”. A técnica destacou a colaboração da AngloGold, que aumentou a vazão de suas represas Miguelão, Codorna e Lagoa Grande, todas em Nova Lima.

A próxima reunião do Convazão acontece no curto prazo, em 19 de setembro, quando será possível uma previsão mais assertiva, inclusive sobre a presumível onda de calor que vem se desenhando.

Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
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*Texto: Paulo Barcala
*Foto: Bianca Aun