Em pleno auge do período seco, projeto na UTE Peixe Bravo colhe bons resultados

28/09/2021 - 16:16

Quem planta colhe. E, nesse caso, a colheita é de água e o que ela proporciona. Em pleno auge do período de estiagem, o Projeto de Melhorias Ambientais em Microbacias na UTE Peixe Bravo, promovido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) ainda em 2018, tem trazido resultados importantes na preservação e recuperação ambiental das microbacias dos córregos Abelhas, Moreira e Riachão, em Santana de Pirapama.

Localizada no Médio Baixo Rio das Velhas, a UTE Peixe Bravo é composta pelos municípios de Jequitibá, Presidente Juscelino e Santana de Pirapama, com um total de área de 1.169,89 km² e população de 8.580 habitantes. Foi em Santana de Pirapama, nas terras de Alcides Goulart (75 anos) e da esposa Maria as Graças Goulart, a Dona Naná (71 anos), que foi possível visualizar água retida em meio a uma sequidão agravada pela estiagem prolongada. “Se não fossem as duas barraginhas que foram feitas no meu terreno, o poço já era. Sempre minou água por aqui, mas com a escassez de chuvas o curso de água quase morreu”, afirmou Alcides, que mora com a esposa na comunidade de Capão Furado.

Já Dona Naná, que nasceu na região e nunca pensou em se mudar para nenhum outro lugar, confessou que cogitou a hipótese de deixar a casa e o meio rural se o córrego que passa pelo terreno secasse. “Chorei ao ver a situação do açude, totalmente seco. Porém, iniciativa do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, lá atrás, garantiu água, vida para nossa região”, ressaltou Naná.

Visando contribuir para uma maior disponibilidade e qualidade dos recursos hídricos no território, foram construídas mais de 700 bacias de captação de águas pluviais (mais conhecidas como barraginhas), promovido o cercamento de áreas de proteção, plantio de 24 mil mudas nativas, instalação de bigodes isolados, construção de terraços em gradiente, além da mobilização social da comunidade local.

Sobre esse último aspecto, Alcides Goulart conta que foi grande seu empenho na mobilização de vizinhos para a cessão de terras para construção das barraginhas e execução das demais benfeitorias. “Todos abraçaram a ideia e só na minha vizinhança, na região dos Moreira, foram cerca de 30 produtores rurais empenhados. Centenas de barraginhas foram abertas, o que evitou que a água da chuva descesse direto para o rio sem qualquer retenção. Hoje temos uma terra fértil e com água reservada”, completou Alcides.

A presidente do CBH Rio das Velhas e secretária de Meio Ambiente e Saneamento de Jequitibá, Poliana Valgas, foi uma das pessoas mais engajadas para que a preservação e recuperação ambiental das microbacias dos córregos Abelhas, Moreira e Riachão se tornassem realidade. Foi ela quem escreveu o projeto e o encaminhou ao chamamento público realizado pelo CBH Rio das Velhas, no ano de 2015.

O projeto da UTE Peixe Bravo aplicou técnicas de conservação do solo nos municípios de Jequitibá e de Santana de Pirapama, região que sofre muito com a escassez hídrica, desde 2015. Muito em função do desmatamento para produção de carvão para atender o setor siderúrgico de Sete Lagoas. O Cerrado foi praticamente todo devastado e a escassez de água chegou. Levamos essa demanda para o Comitê de Bacia a fim de viabilizar obras que proporcionaram a recarga do lençol freático, até porque buscar água de Santana de Pirapama seria muito custoso e longe. Quando faltava água, e sem as obras necessárias, a cidade sede se limitava a enviar caminhões pipas, mas nunca eram suficientes”,
recordou Poliana Valgas, presidenta do CBH Rio das Velhas e secretária de Meio Ambiente e Saneamento de Jequitibá.

Segundo ela, as cidades devem ficar atentas aos chamamentos do CBH Rio das Velhas, pois são oportunidades de realizar melhorias para toda a bacia. “Os moradores e produtores rurais também podem e devem colaborar. É evitar a degradação ambiental e começar a preservar áreas de recarga dentro da sua propriedade. Assim como tem áreas de cultura, também é preciso ter as áreas de preservação, como as áreas de nascentes, além de manter a vegetação para que a recarga dos lençóis de fato aconteça. Sem água a propriedade não vale nada”, ressaltou a presidente do CBH Rio das Velhas.

Enquanto isso, Dona Naná comemora a fertilidade da terra. “Aqui cultivamos mandioca, laranja, café, mexerica, quiabo e abóbora. O passado não volta, mas há 60 anos aqui tinha água em abundância e muito peixe, era possível até nadar. Quem não sabia nadar, nem podia vir, porque era muita água. Hoje só nos restou o açude. Mas estamos no caminho certo da preservação e os cuidados com a terra continuarão”, finalizou.

 

 

Quer saber mais sobre o Projeto de Melhorias Ambientais em Microbacias na UTE Peixe Bravo?
Acesse a página do projeto no Siga Rio das Velhas.

 

 


Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Celso Martinelli
Fotos: Fernando Piancastelli