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Estudo destaca redução histórica das vazões do Velhas e alerta para riscos à segurança hídrica da RMBH

07/10/2025 - 10:58

A redução contínua das vazões do Rio das Velhas nas últimas décadas acendeu um sinal de alerta entre os membros do Convazão (Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas), que se reuniram de forma on-line nesta segunda-feira (06). O encontro teve como destaque a apresentação do Fórum Permanente São Francisco sobre a redução consistente das vazões do Rio das Velhas nos últimos 25 anos. 


Segundo Euler Cruz, presidente do fórum, o quadro é preocupante e reflete uma soma de pressões sobre o rio. “A vazão do Rio das Velhas tem reduzido consistentemente nos últimos 20, 25 anos. Impactado pela urbanização, pela mineração, por esgoto, desmatamento, rebaixamento de lençóis freáticos e outros fatores, o rio tem sofrido também com a redução progressiva de suas vazões e com cheias imensas, nunca registradas, possivelmente causadas pelas mudanças climáticas. É extremamente necessário recuperar, proteger e preservar esse rio, essencial para a vida da Região Metropolitana de Belo Horizonte [RMBH]”, destacou.

De acordo com os dados apresentados por Euler, nos últimos 26,3 anos houve um déficit total de 3.364,4 milhões de metros cúbicos (Mm³) no volume escoado pelo Rio das Velhas em comparação ao período anterior — o que representa 13,26% de perda.

Esse volume seria suficiente para abastecer a RMBH por aproximadamente 15,2 anos, considerando a média de captação de 7 m³/s pela Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) na Estação de Tratamento de Água (ETA) Bela Fama, no Sistema Rio das Velhas.

A análise também apontou:

  • Déficit de 837,71 Mm³ nos períodos secos — suficiente para abastecer a RMBH por 3,8 anos;
  • Déficit de 2.514,69 Mm³ nos períodos úmidos — equivalente a 11,4 anos de abastecimento da região.


Desafios e causas

Durante a reunião, os membros do Convazão reforçaram a necessidade de buscar soluções definitivas para a vazão no Alto Rio das Velhas, região que sofre forte pressão de atividades minerárias. O coordenador do grupo, Renato Constâncio, destacou que as alterações nas vazões estão relacionadas a múltiplos fatores, como uso e ocupação do solo, outorgas excessivas (legais e clandestinas), rebaixamento de lençóis freáticos e mudanças no regime de chuvas.

“Na bacia do Alto Velhas, o rebaixamento dos aquíferos devido à mineração é uma das principais preocupações, pois reduz a disponibilidade de água e compromete a conexão entre águas superficiais e subterrâneas”, acrescentou Euler Cruz.

Além disso, nas formações ferríferas típicas da região, a retirada de minério, estéreis e rejeitos provoca perda de volume de armazenamento natural de água, agravando a vulnerabilidade hídrica.
Como encaminhamento, os membros do Convazão propuseram à Diretoria do CBH Rio das Velhas a ampliação da discussão sobre o tema em um seminário, que deve reunir especialistas e instituições parceiras para buscar soluções efetivas para a segurança hídrica do Rio das Velhas.

O projeto De Olho no Velhas, do Fórum Permanente São Francisco, é uma iniciativa do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em parceria com o CeMAIS e foi submetido por meio da Plataforma Semente. A ferramenta digital facilita o recebimento de projetos socioambientais de instituições do terceiro setor em todo o Estado, promovendo maior alcance e transparência nas ações voltadas à preservação dos recursos naturais e à sustentabilidade.

O grupo também definiu que a próxima reunião do Convazão será realizada no dia 13 de outubro, dando continuidade às análises e ao acompanhamento técnico das vazões na bacia.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Foto: Bianca Aun