Festival Mapping Cerrado recebe a Exposição Itinerante do CBH Rio das Velhas

17/09/2024 - 10:48

Diante do cenário de destruição alarmante que o Cerrado brasileiro enfrenta e para enfatizar a importância desse bioma, a Vila de Santa Bárbara, pertencente a Augusto de Lima, no Baixo Rio das Velhas, foi palco do Festival Mapping Cerrado durante os dias 30 e 31 de agosto. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) esteve presente na programação com a exposição ‘Rio das Velhas, Eu Faço Parte’, que tem circulado por municípios e comunidades ao longo da extensão de toda a bacia.


O bioma Cerrado é o segundo maior brasileiro e é predominante na bacia do Rio das Velhas, sendo imprescindível para a conservação da biodiversidade brasileira e dos recursos hídricos que abastecem milhões de pessoas. Infelizmente, esse importante bioma tem sido alvo de queimadas e desmatamentos ano após ano, deixando a sua existência em risco.

Há semanas, o céu do Brasil segue cinza, coberto pela fumaça das queimadas que se estendem por todo o território do país. O ar seco, produto dos incêndios em conjunto com o clima de inverno, foi classificado como o pior do mundo em algumas cidades brasileiras. Segundo dados da plataforma Map Biomas, entre os meses de janeiro e agosto de 2024, os incêndios consumiram cerca de 4 milhões de hectares de mata do Cerrado brasileiro, sendo 79% da vegetação nativa. Esse número representa um aumento de 85% de devastação em relação ao mesmo período do ano passado, quando 2,2 milhões de hectares foram queimados, segundo o Monitor do Fogo, da plataforma Map Biomas.

Além dos incêndios que têm devastado a vegetação do Cerrado, outra ameaça é o desmatamento. Mais da metade de toda a área desmatada no Brasil em 2023 está no Cerrado. Em 38 anos – de 1985 a 2023 – o bioma perdeu cerca de 38 milhões de hectares, o que representa uma redução de 27% na vegetação original, segundo a plataforma do Map Biomas.

No dia 11 de setembro é celebrado o Dia Nacional do Cerrado, data que nos lembra da urgência de medidas de proteção a um dos biomas mais importantes do Brasil. A 4ª edição do Festival Mapping Cerrado, realizado na Vila de Santa Bárbara, propôs um momento de interação e reflexão na população da região.


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Festival Mapping Cerrado e a Exposição ‘Rio das Velhas: Eu faço Parte’:

A organização do Festival foi pensada a partir do tema “Água, fonte de vida”, com o objetivo de alertar sobre a preservação dos mananciais de água e das bacias hidrográficas do Cerrado, e sua relação com a cultura e a vida na região. Bernardo Brant, produtor executivo do evento, ressaltou como a proposta do Festival está alinhada ao lugar onde foi realizado. “O município de Augusto de Lima está na bacia do Rio das Velhas, a Vila de Santa Bava está na sub-bacia do Rio Curimataí, então para a gente é muito importante trazer essas pessoas que moram nesse entorno para participar dessa experiência que é uma oferta cultural de alto nível voltada para uma região que não tem esse tipo de oferta cultural. Tratando de um tema de interesse público e de uma questão fundamental que é a questão da água e dos recursos hídricos”.

Um dos fundadores do Dark Light Studio, Ricardo Cançado, entrou em detalhes sobre o formato ‘Video Mapping’, tendo destaque no nome do evento mas pouco familiar. “O Mapping é como uma técnica, uma poesia audiovisual. A partir de um espaço, de uma construção, de uma arquitetura, você cria uma animação gráfica, um conteúdo audiovisual que dialogue com os elementos do edifício. […] Então, você vai criar o conteúdo em função daquela arquitetura e também, claro, do tema que você quer trabalhar e a mensagem que você quer passar. Esse ano o tema foi o Cerrado. Água, fonte de vida”.

O CBH Rio das Velhas fortaleceu a proposta do Festival com a exposição ‘Rio das Velhas: Eu Faço Parte’. Os materiais expostos abordam diferentes temáticas como as ameaças aos recursos hídricos e suas potencialidades, ictiofauna, aves e mamíferos, os biomas Mata Atlântica e Cerrado, os múltiplos usos da água e o tema da campanha anual do CBH, dedicada, neste ano, a falar sobre a Cobrança pelo uso da água.

Maíra Cristina de Oliveira, coordenadora do Subcomitê Rio Curimataí e também gestora do circuito turístico Serra do Cabral, destacou a presença importante da exposição na sensibilização dos moradores. “Foi de grande importância porque dialoga com temas que são muito cruciais para o nosso trabalho que é a proteção do Cerrado. A importância desse bioma para a manutenção da nossa vida no território e os múltiplos usos que temos tanto do Cerrado quanto das águas. […] Foi um momento de alerta muito importante para todos os presentes e de grande visibilidade para a gente ter atitudes mais assertivas com relação ao nosso ambiente, com as nossas águas, com nosso bioma, com a nossa flora e nossa fauna. Ao mesmo tempo, o evento também foi muito importante porque deu visibilidade ao nosso trabalho, o papel empenhado tanto pelo subcomitê, nesse grande guarda-chuva do Comitê do Rio das Velhas.”

Em um momento difícil para os biomas brasileiros e toda a população, a exposição e o festival propuseram sensibilização, informação e incentivou as pessoas a se unirem a práticas de proteção à natureza.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Yasmim Paulino
*Fotos: Pedro Vilela; Paulo Vilela; Divulgação