Dragas remexem o leito do Rio das Velhas no município de Rio Acima e mergulhadores trabalham em busca de ouro. A situação preocupa, pois, pode piorar a qualidade da água do rio que é responsável pelo abastecimento de água de 60% da população da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

A Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) confirma que as dragas se encontram a cerca de 20 Km da captação do no Sistema rio das Velhas, em Bela Fama. “Temos detectado com uma certa frequência a presença de dragas no município de Rio Acima, operando a montante da captação de Bela Fama. O número desses garimpos tem aumentado muito, podendo acarretar impactos ambientais no rio”, disse o responsável pela Estação de Tratamento de Água Bela Fama da Copasa, Hamilton Rodrigues.

Pescadores e moradores de Rio Acima informam que os peixes sumiram e que a água se encontra turva. Especialistas comprovam que este tipo de mineração coloca em rico a qualidade da água, pois as dragas remexem o leito do rio levantando sedimentos, principalmente de metais pesados, visto que a região tem vários empreendimentos minerários. Ao remexer o leito do rio, os metais pesados que ficam depositados no fundo vão para a superfície, prejudicando tanto a qualidade da água como a biota.

Diante desta situação, a Copasa solicitou o apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) junto aos órgãos competentes para fiscalização e verificação se a atividade está atuando em conformidade com as recomendações técnicas e a legislação pertinente.

Questionada sobre a regularização das dragas, a prefeitura de Rio Acima informa que a maioria delas é regularizada.

A suspeita de garimpo ilegal no Rio das Velhas é antiga. Em 2017, durante a expedição realizada pelo CBH Rio das Velhas, em parceria com o projeto Manuelzão, foi constatado o garimpo ilegal de ouro no Rio das Velhas e aberto processo.

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O Rio das Velhas é de suma importância para o abastecimento da população da RMBH. Sem ele, muitas cidades ficarão sem água. Atualmente, o Velhas se encontra em estado de restrição de uso, declarado no dia 05 de outubro pelo Governo de Minas. A escassez hídrica tem grandes impactos na segurança hídrica e na vida aquática ao longo da bacia. Não podemos admitir mais esse tipo de degradação no Rio das Velhas. A prioridade deve ser o abastecimento da população e para isso precisamos de água com qualidade e em quantidade”,
Poliana Valgas, presidente do CBH Rio das Velhas,
destacando que o manancial se encontra em estado de escassez hídrica.

O CBH Rio das Velhas enviou um ofício à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e a Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba do Ministério Público Estadual de Minas Gerais (MPMG, em setembro de 2021, solicitando apoio na averiguação de possíveis operações irregulares destas intervenções, que segundo a Copasa estão trazendo impactos significativos, principalmente, nesta crise hídrica histórica que vem assolando a bacia.

A SEMAD informou que vai averiguar a situação do garimpo em Rio Acima.

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio
Fotos: Edmar Dutra/Record