Com o intuito de apresentar os resultados das ações dos dois primeiros anos de realização do projeto “Rede Asas do Carte”, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e o Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Carte, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizaram o I Workshop do Projeto Rede Asas do Carste, no dia 25 de novembro, no Parque do Sumidouro, em Lagoa Santa.
O presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, parabenizou a todos pela iniciativa e agradeceu especialmente aos alunos e professores que investiram no projeto, além disso, falou sobre como as atividades humanas impactam negativamente a natureza. “ Se no passado a natureza prevalecia sobre os homens, hoje a lógica é contrária, os homens estão prevalecendo sobre a natureza. E esse prevalecer, infelizmente, é em um sentido pior da coisa, porque não apropriamos da história e nem do que a história nos ensina, mas sim, a desfiguramos e desmontamos, acreditando ser a coisa certa. Lamentavelmente não aprendemos com os pássaros, aves, peixes e com o que a natureza nos diz, e por não escutarmos estas vozes, nos perdemos nesse emaranhado de coisas que fazemos equivocadamente”, reflete Polignano.
“Temos que entender que a volta das aves na região indica a preservação de um ecossistema sadio. E para mantermos a quantidade de espécies na região temos que recuperar, preservar e conservar o meio ambiente”, contextualiza o presidente do Comitê, e ainda completa que, “somos 100% natureza, e, portanto, precisamos de água, ar e alimento como todas as demais criaturas, e como parte da natureza, precisamos respeitá-la”.
O projeto “Rede Asas do Carste” tem como objetivos principais envolver as escolas na proteção e preservação do meio ambiente e fazer com que os alunos se sintam conhecedores e participantes na construção e conscientização das mudanças ocorridas no local em que vivem. Para isso, o projeto tem como proposta o diálogo e a parceria com escolas, alunos e professores da rede municipal e estadual instaladas próximas às lagoas cársticas, situadas nos municípios de Lagoa Santa (Lagoa Central e margem do Rio das Velhas), Confins (Lagoa Vargem Bonita), Pedro Leopoldo (Lagoa Santo Antônio e Sumidouro), Matozinhos (Lagoa Fluminense), Funilândia (Lagoa d’Fora) e Prudente Morais (Lagoa do Cercado).
O coordenador-geral do Subcomitê Carste, Daniel Duarte, fala sobre as conquistas que o projeto alcançou em dois anos de execução. “Percebemos um desenvolvimento intelectual de maturidade e de conhecimento nas crianças participantes. As noções de cuidado com a natureza proporcionadas pelo projeto são importantes, pois o quê os alunos estão aprendendo hoje, poderá ser repassado para as gerações futuras” comenta o coordenador-geral.
Além das apresentações, o I Workshop do Projeto Rede Asas do Carste, também contou com a síntese das espécies encontradas e monitoradas nas visitas, com a exposição dos trabalhos dos alunos e com concurso fotográfico.
Veja as fotos do I Workshop
Metodologia do Rede Asas do Carste
Primeiro os alunos foram capacitados para executarem o projeto e receberam o Guia de Campo, material que inclui o mapa onde estão todas as lagoas que são monitoradas com espaço para preenchimento de dados de cada aluno participante, instruções gerais de como proceder no campo, informações sobre as regiões cárstica com dados sobre sua geologia e aves aquáticas, como identificar e descrever uma ave e a ficha de campo para anotar informações sobre as espécies observadas. Só na região do Carste de Lagoa Santa são cerca de 53 espécies de aves já catalogadas.
Posteriormente, os alunos iniciaram as visitas de campo com documentação fotográfica e coleta de dados (identificação e contagem das aves, medições das lagoas, coleta de dados climáticos) da avifauna nas lagoas cársticas e trabalhos em sala de aula (análise de dados, elaboração de relatórios, experimentos). As visitas foram realizadas durante as quatro estações do ano.
Parque do Sumidouro
O Parque Estadual do Sumidouro é uma Unidade de Proteção Integral e foi criado em 3 de janeiro de 1980. O parque possui uma área de 2.004 hectares e tem o objetivo principal de promover a preservação ambiental e cultural, possibilitando atividades de pesquisa, conservação, educação ambiental e turismo.
A Lagoa do Sumidouro, situada no Parque possui 8 km de extensão e é caracterizada por um ponto de drenagem de água típica dos terrenos de calcários. Trata-se de uma abertura natural para uma rede de galerias, por meio da qual um curso d´água penetra no subsolo denominado “sumidouro”. Assim, a água da lagoa é drenada para o subsolo por meio de uma abertura, o sumidouro.
O carste
O carste é um tipo de relevo formado pelo efeito corrosivo da água sobre rochas solúveis como o calcário, quartzitos e basaltos. O efeito das águas sobre estes tipos de rocha propicia o aparecimento de características físicas muito peculiares, tais como, paredões rochosos sulcados e corroídos ao longo do tempo, cavernas subterrâneas, lagoas, sumidouros e depressões, que possuem rico acervo paleontológico e arqueológico.
No Brasil, uma das principais áreas de relevo cárstico encontra-se naregião da Área de Proteção Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa (MG). Nessa região, a ação solúvel da água sobre as rochas calcárias propiciou a formação de estruturas típicas do carste, como as cavernas.
Na pré-história, essas cavernas abrigavam vida. Por isso, são reconhecidas, não só pela sua riqueza natural, como também por sua importância para a Arqueologia e Paleontologia nacional e mundial.
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Veja fotos do Parque do Sumidouro e da região cárstica
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