Uma sub-bacia de grande beleza natural e farta riqueza ambiental, povoada por serras, cachoeiras e rios preservados que injetam vida e água limpa no Rio das Velhas. Com dois terços da área considerados prioritários para preservação, apenas 4,4%, porém, estão protegidos em duas Unidades de Conservação.
É nessa Unidade Territorial Estratégica (UTE) que acaba de nascer o Subcomitê Rio Pardo (SCBH) do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), o 19º em 23 UTE’s, no mais capilar e horizontal modelo de gestão dos recursos hídricos do país.
Para a presidenta do Comitê, Poliana Valgas, presente ao ato de criação do Subcomitê, trata-se uma “região muito rica, diversa e de enorme importância para a revitalização da bacia do Velhas. Hoje estamos num momento histórico. A bacia do Pardo tem alto potencial turístico, mas, principalmente, ecológico, para ajudar o Velhas a respirar e a terminar seu percurso até o São Francisco graças a essas águas e às águas do Cipó, do Paraúna e do Curimataí”.
Segundo Valgas, “quem faz os Subcomitês são as pessoas que participam com o coração, que conhecem a realidade do território”. Ela deixa um apelo “para que todos continuem engajados e mobilizados, para que a gente possa voltar daqui a um tempo e ver avanços que serão fruto dessa integração, do fortalecimento e da recuperação da bacia”.
A sub-bacia, cujos principais cursos d’água são os rios Pardo Grande e Pardo Pequeno (carinhosamente chamado de Pardinho), localiza-se no Médio Baixo Rio das Velhas e banha os municípios de Augusto de Lima, Buenópolis, Diamantina, Gouveia, Monjolos e Santo Hipólito.
Com área total de 2.235,13 km², a região padece com supressão da vegetação pela expansão da agropecuária, com o lançamento de efluentes domésticos e industriais nos córregos e rios e um precário serviço de saneamento básico.
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Mobilização
Depois de cerca de três meses de mobilização, com muito chão andado, mapeamento de atores sociais, contatos com prefeituras e secretarias de Meio Ambiente, reconhecimento de campo e encontros presenciais em cinco das seis cidades da UTE, finalmente foi realizada, no dia 30 de agosto, a reunião de eleição e instituição do Subcomitê Rio Pardo, em evento na Câmara Municipal de Monjolos.
Na abertura cultural, as mais de 30 pessoas presentes, representando os três setores que compõem o Subcomitê (sociedade civil, usuários da água e poder público), foram brindadas com a arte de Dona Orlanda Aparecida Braga, poeta e repentista de Monjolos e dona de versos candentes sobre a sub-bacia e o imprescindível cuidado com as águas.
É ela quem aponta: “O rio Pardinho pra mim é uma coisa muito boa, mas ele já teve períodos críticos, como na época que tinha garimpo e a gente não podia mais lavar roupa nem utilizar pra nada. Depois que tirou o garimpo, o rio melhorou, mas ele tem que ser mais bem tratado, o povo ainda joga muita coisa no rio”.
Após a exibição de vídeos institucionais sobre a atuação e os projetos do CBH Rio das Velhas e uma rodada de apresentações, Jeam Alcântara, analista ambiental da equipe de Mobilização do Comitê de Bacia e responsável pelas articulações em toda a região, falou sobre o histórico da CBH e as atribuições dos Subcomitês.
Em seguida, foram eleitos titulares e suplentes de cada um dos segmentos. A coordenação geral ficou a cargo de Adarlene Aparecida Pereira, da Associação dos Moradores do Batatal, comunidade na área rural de Diamantina, e será compartilhada com Erika Cristina Fernandes, da Prefeitura de Diamantina, e Elenita Izabel Rocha, do Grupo Acayaca Stones Mineração.
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Adarlene considera “maravilhosa essa parceria, essa interação da comunidade pelo meio ambiente, e também a coordenação ser toda composta por mulheres, o primeiro Subcomitê com três mulheres na coordenação”. A coordenadora sabe que “a região é extremamente rica em recursos naturais e tem muita coisa a ser mostrada, a ser explorada no turismo”, mas avalia que “é preciso incentivar a conscientização ambiental, trazer as demandas da comunidade e estimular o pessoal a participar”.
Erika, da prefeitura de Diamantina, entende “o valor do CBH para toda a região e, principalmente, para a nossa cidade”. “Diamantina”, diz, “vive hoje da água do Rio Pardo e sabe a importância de se manter a qualidade da água, a preservação de todo esse território e o diálogo entre o poder público, os usuários e a sociedade civil”.
Jeam Alcântara, que dirigiu o processo de mobilização, destaca: “A criação do Subcomitê foi determinação da diretoria do CBH Rio das Velhas, que assim fez pela convicção de que essa bacia é essencial em termos de qualidade e quantidade de água para a depuração do Rio das Velhas”. No entanto, “sofre com diversas pressões antrópicas que vêm diminuindo seu potencial de preservação e conservação. A instituição do Subcomitê é essencial para o debate com a sociedade deste território sobre recursos hídricos, questões ambientais, ações e projetos para salvaguardar a região e integrá-la na gestão participativa e descentralizada do Comitê”.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Paulo Barcala
*Fotos: Bernardo Mascarenhas; Fernando Piancastelli; Álvaro Gomes; Leandro Durães; Marcelo André; Lucas Nishimoto