Pirapora sediou, na última terça-feira (09), a 2ª Oficina sobre Produção Rural Sustentável da Bacia, promovida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas). O encontro reuniu agricultores familiares, médios e grandes produtores, representantes de instituições públicas, técnicos e gestores para um dia inteiro de troca de experiências, capacitação e diálogo sobre práticas que aliem produção agrícola e conservação da água.

A iniciativa integra o Programa Velhas Vivo – Plano de Educação Ambiental (PEA) do Comitê – e teve como foco ampliar o conhecimento dos produtores rurais usuários de água, fortalecendo a gestão participativa e incentivando métodos produtivos que favoreçam a recarga hídrica, a redução de impactos ambientais e a sustentabilidade das propriedades. Esta foi a segunda de três oficinas regionais que o CBH Rio das Velhas promove pela bacia; a primeira ocorreu em Curvelo, em setembro, e rendeu ao Comitê uma Moção de Aplausos da Câmara Municipal local.

Campo e teoria unidos pela água

A programação começou com uma visita técnica a duas propriedades na bacia do córrego São Vicente, onde os participantes puderam observar na prática ações de conservação do solo, manejo hídrico e intervenções estruturais que contribuem para a melhoria da produção e da disponibilidade de água. À tarde, no Sindicato Rural de Pirapora, o evento seguiu com painéis temáticos conduzidos por especialistas do CBH Rio das Velhas, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e da Cooperativa AM São Francisco.

O presidente do CBH Rio das Velhas, Valter Vilela, enfatizou o papel estratégico da Educação Ambiental como base para a revitalização do Velhas. “Considero e estou convicto de que a Educação Ambiental é essencial para a recuperação do Rio das Velhas. É preciso implementar uma Educação Ambiental abrangente, alcançando estudantes, produtores rurais e toda a sociedade. Sem essa iniciativa, a recuperação do Rio das Velhas será inviável.”

Vilela destacou ainda o impacto da Cobrança pelo uso da água como instrumento de investimentos diretos nas propriedades rurais. “A Cobrança pelo uso da água tem como objetivo principal direcionar a maior parte dos recursos para a preservação e o aumento da disponibilidade hídrica. Isso é feito por meio de ações como o uso de práticas de conservação do solo e da água, o combate à erosão e a construção de barraginhas. Aproximadamente 60% dos recursos são investidos nas propriedades rurais, visando o aumento e a melhoria da qualidade da água.”

Regularização e manejo: bases para sustentabilidade

Entre os temas mais destacados esteve a regularização ambiental das propriedades. O analista ambiental do IEF, Wagner Carneiro, lembrou que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e demais instrumentos legais são fundamentais para segurança jurídica e acesso a crédito. “A regularização ambiental do imóvel rural traz diversas vantagens. Primeiramente, ela é fundamental para a comercialização da propriedade, permitindo a transferência no registro de imóveis. Além disso, a regularização é um requisito para acesso a linhas de crédito agrícola. A obtenção de selos e certificações ambientais também depende da regularização, abrindo portas para mercados econômicos específicos.”

Carneiro ressaltou ainda que a cooperação entre instituições fortalece os resultados: “A parceria com o CBH Rio das Velhas é de grande importância, pois coloca a bacia hidrográfica em posição de destaque, com os proprietários rurais da região usufruindo de benefícios. Essa iniciativa possibilita uma recuperação ambiental mais rápida e eficaz.”

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Projeto São Vicente: água para o futuro

Um dos momentos mais aguardados foi a apresentação do Projeto São Vicente – Plantando Águas, Semeando Vida, conduzida por Jefferson Gitirana Neto, da Cooperativa AM São Francisco. Ele celebrou o engajamento dos produtores e o potencial de transformação do projeto.

“Hoje é um dia memorável para a Pirapora e toda a região do Norte de Minas. Nós tivemos aqui hoje um dia cheio de atividades, com oficina pela manhã, palestras à tarde, e nós estamos apresentando as iniciativas para o projeto que busca a revitalização do Córrego São Vicente, que nasce em Pirapora e deságua no Rio das Velhas. Nós queremos infiltrar água, trazer qualidade de vida, fazer a vida reverberar para entregar água com volume e quantidade no Baixo Rio das Velhas.”

Segundo ele, o objetivo é que o projeto seja referência para toda a bacia. “Aqui nós queremos, a partir desse projeto de revitalização do São Vicente, fazer reverberar por toda a região, uma região que precisamos fazer produzir água e regenerar os nossos solos para uma produção sustentável”.

Visão do produtor: produção e preservação são inseparáveis

Produtores rurais presentes reforçaram que a sustentabilidade já faz parte da realidade do campo. Leonardo Viana, participante da oficina, resumiu a percepção compartilhada por muitos presentes: “Hoje não há como separar a parte ambiental da parte produtiva, não tem como desmembrar, são universos que se correlacionam. A conciliação dos dois eu acho que é um ponto fundamental que todo produtor tem que entender esse casamento.”

Ele também destacou a importância do armazenamento hídrico para enfrentar a irregularidade do regime de chuvas. “No projeto temos várias ações para ser executadas: bacias, melhorias de estradas, curvas de nível, tanques que possam armazenar água durante o período das chuvas para que possamos usá-las na época da seca. Nós temos aqui um volume de água muito bom. O problema é que a distribuição não é adequada, então armazenar essa água é de fundamental importância para que possamos ter vida produtiva ao longo de um ano. Portanto, o armazenamento dessa água é fundamental para garantir a atividade produtiva ao longo do ano.”

Educação Ambiental como ponte entre produção e rio vivo

Jeam Marcel, consultor responsável pelo apoio ao gerenciamento do PEA do CBH Rio das Velhas, reforçou que a educação continuada é a chave para fortalecer a produção rural sustentável. “No caso dos produtores rurais do território, o Plano de Educação Ambiental da Bacia do Rio das Velhas apresenta diretrizes voltadas para a produção rural sustentável. (…) A produção é essencial para a economia e a questão social, mas também deve ser primordial para a preservação dos recursos naturais, pois os produtores são importantes agentes de preservação. A produção associada à sustentabilidade visa potencializar e aprimorar o processo produtivo, resultando na melhoria da quantidade e qualidade da água da bacia.”

Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro
*Fotos: Bernardo Mascarenhas