Wagner Soares Costa é engenheiro agrônomo, especialista em Produção Mais Limpa. Pós-graduado em Gestão Ambiental, também é membro dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos e do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas.
Texto: Renato Crispiniano
A indústria tem sido parceira do Comitê na interlocução entre os empreendedores e as ações contra o desperdício de água e a construção de alternativas de uso. Em entrevista a Revista CBH Rio das Velhas, o gerente de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Wagner Soares Costa, revelou que a presença das indústrias nos comitês é muito importante, justamente para que elas percebam qual é o pensamento da sociedade e, com isso, se orientem no sentido de ter um bom relacionamento com a comunidade. “Depois de 1992, quando aconteceu a Rio 92, o comportamento da indústria modificou muito em relação a redução de matéria prima e insumo proveniente da natureza”, disse.
Wagner Soares Costa, gerente de Meio Ambiente da FIEMG. Crédito: CBH Rio das Velhas – TantoExpresso – Michelle Parron
Quanto ao Plano Diretor de Recursos Hídricos, Soares ressaltou que é fundamental, pois norteia as ações do Comitê. “Com o Plano, as discussões do Comitê de agora em diante deverão seguir os programas que foram definidos”. Ainda segundo ele, as indústrias podem ajudar na implementação do Plano de diversas formas, principalmente no trabalho de sensibilização. “Temos hoje um convênio com o Manuelzão de trabalhar as sub-bacias do Rio das Velhas. Um programa chamado “Minas Sustentável” onde visitamos as empresas no sentido de que elas se adequem às normas sustentáveis. Começamos pelo Ribeirão da Mata, já fizemos o ribeirões Arrudas e o Onça, e agora estamos em Caeté fazendo visitas na região do município e Itabirito. Estamos trabalhando com empresas de até 100 empregados. A meta é visitar quase 1500 empresas na Bacia do Velhas. Pensamos que até 2016 conseguiremos fazer uma varredura total nas empresas da Bacia”.
Um Plano atualizado
“O Plano atualizado é interessante porque renova a visão sobre a Bacia, traz um direcionamento de programas a serem cumpridos diante das deficiências levantadas”, destaca Soares ao esclarecer que o PDRH traz qual é a linha de ação que o Comitê tem que avançar e também as fontes de recursos que deverão ser recorridos para que tudo aconteça. “Cabe agora ao Comitê com os recursos da cobrança elaborar e aprofundar esses estudos e apresentar aos órgãos financiadores. O recurso captado com a cobrança não é muito grande, por isso, temos que ter inteligência para aplicá-lo”.
Plano apresenta metas e ações para o setor. Crédito: CBH Rio das Velhas – TantoExpresso.
Missão e desafios
Sobre o atual momento de crise hídrica, Soares disse que da média à grande indústria já está havendo programas voltados para o reuso interno de água. Nas pequenas empresas, ainda está sendo trabalhada a ideia do uso racional. No caso destas, o reuso ainda é complicado porque pede um grande investimento. “Com a questão dos 30% solicitados pela Copasa e também com o alerta dado ao Rio das Velhas e Paraopeba, as indústrias já estão trabalhando com um plano alternativo”.
“A grande missão do Comitê é ser um árbitro neste processo. E nesses momentos de crise, ele tem que reunir os usuários e discutir com eles como vão se organizar dentro dessa situação. Para Wagner, depois de atualizado e aprovado o PDRH é preciso fazer com que os projetos definidos sejam realizados. Ainda segundo ele, o desafio é fazer com que o PDRH seja incorporado como um planejamento de Estado. “Muitas vezes, não há um casamento entre política de governo e plano da bacia. O desafio será fazer com que o PDRH seja absorvido pelo plano de governo. Se criarmos um ambiente favorável com nossos recursos será aumentada nossa capacidade de realização. No entanto, nossa expectativa é sempre positiva e com o Comitê faremos todo o esforço para que o plano se torne realidade”.