Em meio às ações do Programa Revitaliza Rio das Velhas, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), parceira do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) no programa, retirou nove pontos de lançamento de esgoto no córrego Catulo da Paixão Cearense que deságua no córrego Fazenda Velha, também conhecido como Tamboril. As melhorias foram mostradas ao presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, na manhã desta quarta-feira (19 de dezembro), em uma visita técnica realizada no bairro Jardim Felicidade.
As intervenções da Copasa no Córrego Catulo da Paixão Cearense contribuíram significativamente para a melhoria da qualidade de vida da população ribeirinha. Após longos anos de espera, é possível visualizar as águas mais claras e sem odor do córrego Tamboril, afluente do Ribeirão Izidora.
O representante da Associação Comunitária do Bairro Jardim Felicidade, Marcos Paulo Vieira Torres, disse que a comunidade esta aplaudindo as melhorias. “Essas obras que aconteceram no Jardim Felicidade trouxeram muitas melhorias. Os moradores do nosso bairro abraçam os cursos d’água da região e estão muito satisfeitos. Antes aqui existia um mau cheiro insuportável e a água era quase negra. Temos muito o que fazer ainda, mas estamos felizes com a melhoria da qualidade da água do córrego Catulo da Paixão Cearense”.
Já o Diretor de Operações Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, explica que a retirada do esgoto melhorou muito a qualidade do Catulo da Paixão Cearense. “A Copasa retirou nove pontos de esgoto no córrego o que representa cerca de 800 metros de área revitalizada e sem esgoto. Estive aqui em 2015 e as melhorias são perceptíveis. Agora o grande problema é o descarte de lixo na beira do córrego e a drenagem. Precisamos melhorar as ações de educação ambiental na região para que as pessoas entendam que não podem jogar lixo nos cursos d’água. A população precisa se apropriar da rede coletora de esgoto da Copasa, pois é um benefício coletivo. Quando um morador não faz o ligamento à rede de esgoto ele prejudica seus vizinhos e toda a população que esta à jusante”, disse.
O presidente do CBH Rio das Velhas disse que ações como estas são muito importantes já que os cursos d’água que se encontram dentro de Belo Horizonte estão sendo transformados em esgotos a céu aberto. “O Comitê sempre defendeu a ideia de que é possível vida dentro do curso d’água. Os córregos e rios não precisam ser canalizados e muito menos retirados de cenário. Precisamos aprende a conviver com os rios. O Programa Revitaliza Rio das Velhas tem conseguido avançar com a retirada de esgoto de vários cursos d’água. Estamos aqui para ver as melhorias e o que ainda pode ser feito”, explicou.
Marcus Vinicius Polignano acrescentou ainda que esgoto é produto das pessoas e não dos rios. “Ao retirarmos os esgotos, os rios começam a voltar a ter vida. É possível retomar a vida dos cursos d’água. Mas para isso, todos precisam estar envolvidos”, finalizou.
Diretor de Operações Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli e o presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano (à esquerda). Descarte de lixo na beira do córrego prejudica qualidade do curso d’água (à direita). Crédito: Fernando Piancastelli
A visita também teve o objetivo de fortalecer a comunidade para viabilizar ações e projetos que visem a revitalização dos rios e córrego na linha do Projeto Drenurbs. Neste sentido, o CBH Rio das Velhas entregou aos representantes da Prefeitura de Belo Horizonte presentes na visita o estudo realizado pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com a participação dos moradores do bairro Jardim Felicidade e que estabelece as diretrizes de melhorias para o córrego Fazenda Velha/Tamboril e seus arredores.
Participaram da visita representantes da Copasa, representantes da Prefeitura de Belo Horizonte, membros do Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (Comupra) e da Associação Comunitária do Bairro Jardim Felicidade.
Diretrizes de melhorias para o córrego Fazenda Velha/Tamboril
O bairro Jardim Felicidade originou-se da luta popular por direitos desde sua criação, na década de 1980, a partir do esforço de associações de famílias sem moradia. A história do bairro é marcada pelo forte senso de comunidade de seus moradores, que conquistaram ao longo dos anos equipamentos públicos como escolas e postos de saúde, asfalto, água encanada.
Durante os meses de outubro e novembro de 2017, a REDE Jardim Felicidade realizou, em parceria com a Escola de Arquitetura da UFMG, um processo participativo com a comunidade do bairro para estabelecer diretrizes nos projetos de intervenção do córrego Fazenda Velha/ Tamboril.
A arquiteta urbanista, Elisa Marques, participou da elaboração do estudo e comenta que, de maneira geral, as propostas visam aprender com a experiência dos bons projetos do DRENURBS. “As propostas levam em consideração o contexto atual do território, valorizando as práticas já existentes e propondo novos elementos que contribuam principalmente para a convivência no espaço público – calçadas mais largas, mais pontos de travessia do córrego, redução da velocidade de circulação de veículos, espaços de lazer, praças, alamedas, jardins, hortas comunitárias, entre outras ações com a conciliação de elementos ambientais e urbanos – recuperação de nascentes, interceptação de esgoto, dispositivos de drenagem de água de chuva dispersos ao longo de toda a bacia, tratamento das margens e do leito por técnicas que preservem sua estrutura natural e favoreçam o contato visual e físico com o córrego”, esclarecu.
Elisa Marques conta que o estudo foi desenvolvido com a coordenação do professor da UFMG Roberto Andrés e que o processo contou com a participação de centenas de moradores do bairro e foi estruturado a partir de três assembleias em diferentes pontos do bairro, de uma pesquisa de opinião realizada em diversas instituições e escolas, e da formação de um Grupo de Trabalho para aprofundamento e investigação dos pontos estabelecidos conjuntamente.
Veja as fotos da visita:
Córrego Fazenda Velha/ Tamboril
O córrego Tamboril nasce entre os bairros Tupi e Jardim Felicidade, em Belo Horizonte. Ele tem sua foz no Ribeirão Isidora, que por sua vez desemboca no Ribeirão Onça, contribuinte do Rio das Velhas, maior afluente em comprimento do Rio São Francisco. O Tamboril possui extensão total de 3,3 km e tem diversos afluentes, sendo o principal deles o córrego Catulo da Paixão Cearense.
O córrego Tamboril encontra-se em sua maior extensão em canal aberto e/ou leito natural. Entretanto, não apresenta mata ciliar relevante, o que acarreta em constante erosão de suas margens e, ainda, por receber esgotos brutos e lixo, expõe a população a uma situação de insalubridade. Isto compromete vários locais de convivência, além de causar problemas de saúde com a proliferação vetores de doenças.
Mais informações:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
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