Projeto de recuperação é entregue em Nova Lima e moradores despertam para a importância das nascentes da região

04/12/2023 - 10:01

No último sábado (02), membros do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), do Subcomitê Águas da Moeda e moradores do bairro Balneário Água Limpa, região pertencente ao município de Nova Lima, participaram do encontro final do Projeto Nascentes Vivas. A iniciativa, que teve a duração de 12 meses, contou com o apoio técnico da Agência Peixe Vivo e a parceria com a Prefeitura Municipal de Nova Lima.


Situado na divisa entre Nova Lima e Itabirito, o bairro Balneário Água Limpa, que possui mais de 800 hectares de área, apresenta um grande potencial hídrico para a região e para a bacia do Rio das Velhas. Contudo, a falta de estrutura de saneamento básico, descarte de lixo a céu aberto e a ocupação desordenada fazem com que todo este potencial seja ameaçado.

De acordo com o Projeto Nascentes Vivas, o bairro possui 13 pontos com nascentes, sendo que três já se encontram em classificação ruim, outras nove apresentam um estado razoável e apenas uma encontra-se em um bom estado. Além do mapeamento e cadastramento das nascentes, o projeto implementou ações estruturais nas nascentes, executou ações de Educação Ambiental no território e desenvolveu pesquisa socioambiental junto à comunidade.

Para o membro do Subcomitê Águas da Moeda e representante da Associação do Bairro Balneário Água Limpa (ABBAL), Humberto Moura, a iniciativa é de extrema relevância para que os moradores possam cobrar novas obras para a região. “Nós vivemos numa região que abastece o aquífero do Rio das Velhas, e isto é primordial. E se você for pegar a nível de população, nós temos aqui no nosso bairro, em torno de 10 mil pessoas vivendo de forma desordenada e sem saneamento básico. Então é um projeto de extrema relevância para que as políticas públicas possam traçar um perfil melhor das obras que estão por vir para o bairro”.

Ania Maria Nunes Glória, diretora da Scientia Vitae Consultoria Ambiental, empresa executora do projeto, comentou os desafios e as conquistas que a iniciativa teve ao longo dos 12 meses de execução. “Esse território é uma caixa d’água pela presença de diversas nascentes, contudo o território apresenta problemas sérios, como água e esgoto, que fazem que essas nascentes sejam depredadas inclusive pela falta de um gerenciamento no território. Mas a execução do projeto fez com que a população despertasse para a importância da conservação e manutenção dessas nascentes. Muitos entenderam que estas nascentes são um legado deles e que precisam de cuidados. E sim, tivemos muitas dificuldades, mas elas são poucas quando comparadas aos resultados obtidos. A população ficou satisfeita com as entregas e isso é importante”, explicou Ania Nunes.

Além das intervenções estruturais e educacionais, como visitas de reconhecimento, rodas de conversa, oficinas, mutirões, construção de duas TEVAPs (Tanques de Evapotranspiração) em duas residências do bairro, plantio de mudas e instalação de placas educativas, o projeto criou 5 cartilhas com informações com os dados recolhidos.


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O Balneário Água Limpa

O Subcomitê Águas da Moeda é um grupo consultivo e propositivo, vinculado ao CBH Rio das Velhas, com atuação nas bacias hidrográficas do Rio do Peixe, Ribeirão Macacos, Córrego Cardoso e Córrego Cristais, que compreende parte dos municípios de Itabirito, Nova Lima, Raposos, Rio Acima e Sabará. O bairro Balneário Água Limpa se encontra em dois municípios deste território, Nova Lima e Itabirito.

O histórico de surgimento da região de Água Limpa, remete aos anos 1950, quando um empreendimento denominado Balneário Náutico de Água Limpa tentou se instalar na localidade, mas não conseguiu concretizar sua proposta. Inicialmente, era um loteamento comercializado para funcionários públicos, relacionado à campanha eleitoral de Juscelino Kubitschek à Presidência, mas que carecia de infraestrutura mínima de acesso e ocupação. Com o passar do tempo a ocupação ocorreu através de loteamentos com urbanização inexistente, o que destaca a necessidade de atenção para as questões socioambientais da região. O potencial hídrico da região é fragilizado pela especulação imobiliária e pelo padrão no uso e ocupação do solo.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves