Quarentena não é férias: Glaura

07/04/2020 - 17:47

A Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas é repleta de belos lugares. Cachoeiras de todos os tipos, vilas aconchegantes, serras com lindas vistas e uma culinária pra lá de reconhecida. Mas vivemos tempos em que o isolamento social é a principal medida para se combater a pandemia do Coronavírus (COVID-19). Definitivamente, a quarentena não é férias e não é o momento para se viajar e aumentar as chances de transmissão do vírus, especialmente a localidades pequenas, com uma população idosa mais significativa e com uma estrutura pública de saúde mais limitada.

Enquanto vivenciamos esse momento, você pode conhecer alguns desses belos lugares da Bacia do Rio das Velhas por meio da série ‘Conheça e Preserve’. Nesta edição, apresentaremos Glaura, um dos mais antigos distritos de Ouro Preto.

Também conhecido como Casa Branca, o vilarejo está localizado a pouco mais de 25km da sede do município. A localidade, que respira história e que foi ponto fundamental de passagem dos Bandeirantes pela região, tem ainda o privilégio de ver um Rio das Velhas ainda límpido passar a poucos quilômetros de suas extensões.

O arraial, antiga Freguesia Santo Antônio da Casa Branca do Ouro Preto, surgiu por volta do séc. XVIII, no auge da exploração do ouro, e prosperou como passagem de viajantes e tropeiros que vinham de Vila Rica (Ouro Preto) para a Comarca do Rio das Velhas (Sabará). O chafariz histórico de Dom Rodrigo, construído em 1782 por ordem do então governador e capitão da região, Dom Rodrigo de Menezes, é o símbolo maior deste rico passado do povoado.

Em 1943, a Câmara de Ouro Preto determinou a mudança do nome do vilarejo para Glaura, em homenagem ao poeta Manoel Inácio da Silva Alvarenga (1749/1814), nascido em Ouro Preto. Glaura é um poema de exaltação à rica natureza brasileira, sua flora e fauna, narrada por um pastor no estilo idílico dos árcades.


Conheça Glaura em fotos:


Matriz de Santo Antônio

A imponente Matriz de Santo Antônio foi construída entre 1758 a 1764 – data gravada na cruz do frontispício – a mando da Irmandade do Santíssimo Sacramento. A edificação, tombada desde 1962 pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), integra o grupo das grandes matrizes mineiras: estilo jesuítico, retilíneo, imponente, com alto frontão e duas torres sineiras e estrutura de alvenaria de pedra. Internamente, a ornamentação concentra-se nos altares e retábulos, barrocos, da primeira fase, estilo Dom João V.

Comunidade se organiza contra visitas

Passeando hoje por Glaura, é possível ver faixas que avisam: “Estamos em quarentena contra a COVID-19. Aguardamos sua visita assim que essa pandemia passar”. Outra pede aos moradores que evitem sair de casa e que tomem as medidas de higiene básicas para se evitar o contágio e transmissão do vírus. Foi a Associação Comunitária de Glaura que viabilizou a instalação das faixas.

Mas mesmo com os avisos alguns turistas ainda são vistos circulando pela localidade, como conta Alexandre Andrade, proprietário de um restaurante em Glaura. “Quarentena não é férias. E eu estou vendo o contrário disso acontecer aqui repetidamente. Turma de motoqueiros – por exemplo – que sai de BH e vem pra cá, compra cerveja no supermercado e vai pra praça beber, e um monte de local desavisado chega perto. Muito difícil isso”.

Segundo Alexandre o seu restaurante está fechado há quase um mês. “Fechamos para proteger a equipe, os clientes e a população, principalmente. Glaura é distrito, tem um posto de saúde aqui – que pessoas maravilhosas trabalham e estão dando ‘sangue’ pra tentar conscientizar a população, o que é uma coisa difícil – mas, como todo distrito, tudo é muito precário”, conta.

Destino para quem foge da cidade

Distante apenas 73km de Belo Horizonte, o charmoso vilarejo é – em tempos convencionais – destino turístico ideal para os que buscam lazer, descanso, natureza e aventura. A rica culinária é representada pela goiabada cascão e pelo doce de leite em compota, e a tradição do artesanato também se destaca, feito em azulejo, na palha, na taquara, e em couro de boi, além dos crochês e bordados.

Dentre as tradições centenárias locais se destacam as festividades religiosas, sendo as Festas de Santo Antônio e do Rosário as mais famosas. Ambas contam com apresentação do grupo folclórico de Glaura com a Dança das Fitas. Há também as bandas de música de distritos vizinhos que acompanham as procissões e fazem retretas (apresentações) no adro da Igreja.

Quando tudo isso passar, e vai passar, não deixe de conhecer Glaura.

O território

A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Nascentes localiza-se no Alto Rio das Velhas, possui uma área de 541,58 km² integrada pelos municípios de Itabirito e Ouro Preto. Nesta UTE, o Rio das Velhas tem 55 quilômetros de comprimento, desde suas nascentes no Parque Natural Municipal Cachoeira das Andorinhas, em Ouro Preto, até a barragem de Rio de Pedras, em Acuruí, distrito de Itabirito. Sua área urbana com maior representatividade é Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto e seus principais afluentes são: Rio Maracujá, Ribeirão do Funil, Córrego Olaria e Córrego do Andaime.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro
*Fotos: Bianca Aun