Rio das Velhas perdeu 40% de água superficial em 30 anos, indica estudo

13/09/2021 - 12:57

O Rio das Velhas é um dos mananciais mais castigados com a perda de água superficial no Brasil, de acordo com um estudo inédito do MapBiomas. O levantamento realizado entre 1985 e 2020 em todo o território nacional revela que o país vem perdendo 15% da superfície de água desde o começo dos anos 1990. Já a redução no Rio das Velhas é assustadora: 40%. A queda na vazão é verificada ao longo de toda a bacia.

Segundo a equipe de pesquisadores do MapBiomas, a tendência de redução ocorre em oito das 12 bacias hidrográficas do Brasil. “A qualidade e disponibilidade da água em todos os biomas brasileiros foram alterados por mudanças no uso e cobertura da terra, construção de barragens e de hidrelétricas, poluição e uso excessivo dos recursos hídricos para a produção de bens e serviços”, explica o coordenador do GT de Água do MapBiomas, Carlos Souza.

No caso da bacia do Rio das Velhas, Carlos Souza alerta ainda sobre o desmatamento. “Além de todos os problemas enfrentados pelos mananciais do Brasil, o Rio das Velhas fica em uma região que sofre intenso desmatamento, o que está relacionado com a oferta de água. Além disso, é o curso d’água responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de BH e atravessa uma extensa área urbana em sua região de cabeceira, o que contribui para a redução do volume de água”, acrescentou.

Vale destacar que vivemos o pior índice de chuvas dos últimos 91 anos no Brasil e o Rio das Velhas se encontra em estado de alerta, desde o final do mês de julho, por causa de suas baixas vazões.

Ao longo do tempo, a bacia do Rio das Velhas vem perdendo elementos que contribuem para a sua resiliência, como a cobertura vegetal que auxilia na proteção contra a erosão acelerada e parte significativa de suas vazões fluviais. Isso demostra o desequilíbrio e perda de resiliência”,
alertou a presidente do CBH Rio das Velhas, Poliana Valgas, sobre a perda de resiliência.

A situação mais crítica está no Alto Rio das Velhas. A região de cabeceira é de grande relevância para a produção de água e, no entanto, sofre com a expansão imobiliária, atividades minerárias, produção industrial, dentre outras atividades.

Como solução, a presidente do CBH Rio das Velhas destaca a importância de um programa de revitalização da bacia com a definição de políticas públicas de preservação de áreas de produção de água e de uso e ocupação do solo nos municípios. “É preciso recuperar as áreas degradadas e de proteção de nascentes, ampliar e melhor o tratamento de esgotos das cidades, bem como adotar medidas de uso mais racional da água com investimentos em tecnologia como o reuso e a captação de águas de chuva, dentre outras ações”, esclareceu.

Rio das Velhas em Raposos, junho de 2007

Perda de água superficial em Minas é crítica

A região ocupada pelos cursos d’água em Minas Gerais perdeu 16% de suas áreas, o que representa 118.000 hectares, ou seja, quatro vezes a área de Belo Horizonte. O número é o terceiro do país, atrás apenas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Ainda segundo o MapBiomas as perdas de superfície dos principais rios que nascem em Minas Gerais são bem superiores à média de redução em nível nacional, de 15,7%.  As bacias hidrográficas mineiras com maior redução superficial no período analisado foi a do Rio Urucuia, com queda de 45%, seguida do Rio Verde Grande com perda de superfície de água de 40% e o Paracatu, que encolheu em 25%. Os três mananciais são afluentes do Rio São Francisco.

Ainda de acordo com o estudo, a bacia federal do Rio São Francisco, a qual pertence o Rio das Velhas, também sofreu diminuição global de 15% na área ocupada por suas águas. A pesquisa aponta que o complexo teve perda de 125.369 hectares de superfície hídrica, saindo dos 832.115 ha de 1990 para 706.746ha em 2020.

 

 


Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio
Fotos: Léo Boi e Marta Pinheiro