Desde a Expedição pelo Alto Rio das Velhas, realizada em junho de 2017, que o CBH Rio das Velhas vem alertando para a grave crise hídrica assola a bacia do Velhas, motivada pela somatória da baixa pluviometria, o uso inadequado do solo e a poluição das águas.
A escassez de chuvas, que há cinco anos ocorre abaixo da média, compromete significativamente a vazão do Rio das Velhas, atingindo níveis críticos neste mês de agosto e antecipando situações ocorridas somente no mês de setembro de anos anteriores. Dados disponibilizados pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), mostram que na primeira semana deste mês, o rio alcançou vazão, por sete dias consecutivos, abaixo do chamado índice Q7,10. Esta taxa para o Rio das Velhas é de 10,25 m³/s. A situação, segundo Deliberação Normativa CERH/MG N.º 49, de 25 de março 2015, coloca o Sistema de Abastecimento de Água da Capital Mineira em Estado de Alerta.
É importante contextualizar que o Rio das Velhas é responsável por 40% do abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), além de contribuir para o abastecimento de Sete Lagoas.
Fonte: Copasa MG – Adaptado CBH Rio das Velhas
A baixa vazão atinge não somente a RMBH, mas também toda a extensão do rio das Velhas (780 Km), que possui 51 municípios e uma população de 4,5 milhões de pessoas. A situação compromete a vitalidade do rio e a biodiversidade aquática (peixes e bentos). Em Santo Hipólito (médio rio das Velhas) a vazão está em 27 m3/s e uma cota de 65 cm/s, que representa uma cota crítica de 70% do Q7,10.
Medidas adotadas
O Comitê da Bacia do Rio das Velhas, atento a toda essa situação, tomou uma série de medidas dentro da sua competência legal para manter a vazão ecológica do rio e trabalhar pela sua revitalização;
Grupo Gestor – foi criado em 2015 um Grupo Gestor da Vazão do Alto Rio das Velhas do CBH Rio das Velhas (CONVAZÃO) composto por usuários de água, representantes da sociedade civil e do governo. O grupo vem acompanhando sistematicamente a variação das vazões do rio e, em virtude da atual situação, procurou empresas usuárias de água, e as seguintes decisões serão efetuadas:
1. A Copasa deverá reduzir a captação de água em Bala Fama de 6,5 para 5,5 m3/s neste período crítico. A captação de Bela Fama será compensada pelo aumento na produção do Sistema Paraopeba.
2. A mineradora Vale acertou que a captação da Mina de Fábrica, no Córrego Mata Porcos (Portaria nº 3367/2010) não será operada nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro/2017, contribuindo com 600 m3/h no período. Já para a captação no Rio Itabirito, Portaria nº 2265/2012, que atende à Unidade Vargem Grande, haverá uma redução do volume captado em 50% nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro/2017, contribuindo com 650 m3/h.
3. A AngloGold continuará mantendo a disponibilidade de uma vazão de 2 m3/s através do sistema rio de Peixe.
4. A CEMIG, que opera uma represa em Acurui, também se comprometeu a aumentar a vazão da represa dentro do possível.
Mesmo com as medidas adotadas, o CBH Rio das Velhas alerta que algumas atitudes de economia doméstica de água já precisam ser tomadas, como: evitar deixar torneiras e chuveiros abertos por um longo período; evitar lavar carros e calçadas; reaproveitar a água da máquina de lavar roupa e lembrarse de utilizá-la sempre em sua capacidade máxima; verificar as instalações internas do imóveis para evitar vazamentos que possam aumentar o consumo da residência.
Segundo o presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, todos estes esforços são para manter a vazão do rio dentro de um patamar próximo de 9 m3/s, abaixo do desejável, mas dentro do possível. “Estamos adotando ações emergências mas, com certeza, não atingem as questões estruturais fundamentais para se reverter todo o processo de agonia que vive o rio das Velhas e que coloca em risco a segurança hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte e os múltiplos usos das águas ao longo de todo o rio”, alerta Polignano.
Revitaliza Rio das Velhas
Com a preocupação de melhorar a qualidade e a quantidade das águas do Rio das Velhas, o Comitê criou o Programa Revitaliza que prevê: o tratamento terciário dos esgotos na RMBH, a valorização das nascentes, a preservação de áreas para a produção de água como as serras do Gandarela e da Moeda, a integração entre gestão ambiental e gestão de recursos hídricos. Estão previstos, até 2020, somente pelo CBH Rio das Velhas, cerca de R$ 50 milhões em investimentos no programa.
“É preciso que governo, sociedade e empresas entendam o significado do momento ambiental que estamos vivendo e assumam novas posturas e compromissos, a fim de que possamos ter uma nova perspectiva ambiental e de saúde para a bacia do Rio das Velhas”, destaca Polignano.
Sistema de Abastecimento RMBH – O Sistema Integrado de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) abrange 16 dos 34 municípios. São eles: Belo Horizonte, Betim, Contagem, Ibirité, Igarapé, Juatuba, Mário Campos, Mateus Leme, Nova Lima, Raposos, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia, São Joaquim de Bicas e Sarzedo. Esse Sistema pode ser dividido em duas grandes bacias de abastecimento de água: – Bacia do Paraopeba, responsável por 60% da RMBH, predominantemente pela região Oeste; – Bacia do Rio das Velhas, responsável por 40%, predominantemente pela região Leste.
Em coletiva de imprensa, o presidente do Comitê faz alerta sobre a baixa vazão do Rio das Velhas.
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Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
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