Seminário em Ouro Preto discute revitalização do Ribeirão Maracujá

19/11/2018 - 14:06

Na última quarta-feira (14), o distrito de Amarantina, em Ouro Preto, reuniu representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Subcomitê Nascentes, poder público local, universidade e sociedade civil em geral para discutir a necessidade de revitalização da sub-bacia do Ribeirão Maracujá. Receptor de grande parte da carga de esgoto dos distritos ouro-pretanos de Santo Antônio do Leite, Cachoeira do Campo e Amarantina, o ribeirão sofre também com o assoreamento resultante da extração de topázio imperial na região.

O Seminário promovido pelo Comitê problematizou também outras fragilidades do território que agravam a questão do assoreamento, como as muitas voçorocas presentes na região, algumas delas as maiores do país. “A água das nascentes das voçorocas nunca vai sozinha, sempre leva consigo o solo que, vale lembrar, é algo não renovável”, destacou, em palestra, o geólogo Edézio Teixeira de Carvalho.

Ele também frisou que os sedimentos que descem pelo Ribeirão Maracujá ficam em grande parte depositados na represa Rio de Pedras, em Acuruí, distrito de Itabirito, cuja exploração pertencente à Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e que se encontra em grande parte assoreado. “As consequências de um reservatório assoreado são: perda de água para geração [de energia], desgaste das turbinas, impossibilidade de controlar inundações rio abaixo e ictiofauna dizimada”, falou.

Além de Carvalho, palestraram no encontro os também geólogos Frederico Garcia Sobreira, Wilson José Guerra e Mariângela Garcia Leite, e a bióloga Alessandra Rodrigues Kozovits, todos acadêmicos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Durante o painel de discussões sobre as fragilidades, impactos e modelos para a revitalização da bacia do Ribeirão Maracujá, os especialistas falaram também das atividades de garimpo que ainda ocorrem na região, das ocupações irregulares em APPs (Áreas de Preservação Permanente) e áreas de inundação do ribeirão, das formas de correção dos processos erosivos, da perspectiva de grande crescimento populacional para este território e denunciaram obras e intervenções promovidas pela prefeitura no leito do rio.

Confira as fotos do seminário:

Participação da sociedade

Tanto o presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, quanto o coordenador do Subcomitê Nascentes, Ronald Guerra, enalteceram a importância da participação social no processo de revitalização da bacia do Ribeirão Maracujá. “Estamos numa região em que a água está ficando cada vez mais difícil. Não podemos nos esquecer que a água é solo-dependente e que, para termos água na calha do rio, nós temos que ter solo que puxa e armazena essa água. E, nesse processo, não adianta o presidente do Comitê dizer que é importante recuperarmos esse rio; para isso acontecer a sociedade local tem que abraçar essa causa”, disse Polignano.

Guerra também chamou a atenção para os grupos já empenhados em provocar a recuperação da bacia, como o Coletivo Rio da Prata Vive, que atua em um dos principais afluentes do Ribeirão Maracujá. “O motivo de estarmos fazendo esse seminário aqui [em Amarantina] é que esta é a forma mais legítima de valorizarmos a participação dos moradores, das pessoas envolvidas, que estão discutindo a melhor qualidade de vida para este trecho da bacia do Maracujá”, disse.

Ao final do Seminário, uma carta foi elaborada com o propósito de ser encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE), prefeitura de Ouro Preto e outras organizações a fim de provocar ações de revitalização na sub-bacia.

Marcus Vinícius Polignano, presidente do CBH Rio das Velhas (à esquerda). Ronald Guerra, Subcomitê Nascentes (à direita). Crédito: Bianca Aun

Leia a carta:

O território

A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Nascentes localiza-se no Alto Rio das Velhas, possui uma área de 541,58 km² integrada pelos municípios de Itabirito e Ouro Preto. Nesta UTE, o Rio das Velhas tem 55 quilômetros de comprimento, desde suas nascentes, no Parque Natural Municipal Cachoeira das Andorinhas, em Ouro Preto, até a represa Rio de Pedras, em Acuruí, distrito de Itabirito. Sua área urbana com maior representatividade é Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, e seus principais afluentes são: Rio Maracujá, Ribeirão do Funil, Córrego Olaria e Córrego do Andaime.


Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
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