
Nesta quarta-feira (30), o Subcomitê Rio Bicudo, vinculado ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), promoveu uma reunião híbrida para tratar das demandas internas e apresentar a Conferência Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário. Prevista para dezembro de 2025, a conferência terá como tema central “Uma agenda política de transformação agroecológica para o Brasil Rural”. A participação presencial aconteceu na Casa da Cultura do Sertão, em Morro da Garça, no Baixo Rio das Velhas.
A 3ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (3ª CNDRSS) acontecerá em março de 2026, em Brasília, e deve reunir cerca de 2 mil pessoas de todas as regiões do país. Após quase 13 anos de interrupção, o evento marca o retorno de um importante espaço de participação social e construção coletiva, promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e organizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf). Com o tema “Uma agenda política de transformação agroecológica para o Brasil Rural”, a conferência será estruturada em cinco eixos centrais: agricultura familiar e mudanças climáticas; transformação agroecológica dos sistemas alimentares; reforma agrária e acesso à terra, água e território; cidadania e bem viver; e governança pública com participação popular.
Para Luiz Felippe Pedersoli Maia, membro do Subcomitê Rio Bicudo, que abarca também a UTE (Unidade Territorial Estratégica) Rio Picão, a realização da 3ª CNDRSS é um avanço essencial após mais de uma década de hiato. “Um desenvolvimento rural sustentável é importantíssimo para manter as pessoas produzindo com satisfação e retorno. Quando se tenta fazer isso de forma ecologicamente correta, além de ajudar o meio ambiente, você também produz água, essencial para irrigação e para manter a atividade produtiva no campo”, destacou.
Para ele, a construção coletiva das propostas torna o processo ainda mais valioso: “Essas propostas são as melhores formas de propor políticas públicas, porque vêm da base. Não são ideias que servem para todo mundo, mas podem ser adaptadas à realidade de cada localidade”.
Maia reforça que o valor dessas conferências está justamente na escalada das contribuições populares até as esferas decisórias. “As ideias nascem nos municípios, passam por etapas regionais e estaduais, e podem chegar ao nível federal, com potencial de se tornarem programas de governo”, explicou. Segundo ele, o próprio modelo dos Comitês de Bacias exemplifica esse caminho de construção democrática. “O Comitê do Rio das Velhas funciona porque tem Subcomitês, que são como pequenas conferências. Eles reúnem as demandas locais, que são levadas às plenárias do CBH Velhas — nosso espaço regional de deliberação. É um processo que respeita a origem da proposta e fortalece a governança participativa”, completou.
A proposta central da 3ª CNDRSS é construir uma agenda política estratégica voltada à transformação agroecológica dos sistemas alimentares, promovendo soluções integradas para os desafios do Brasil rural. A conferência buscará orientar políticas públicas capazes de enfrentar as mudanças climáticas, fortalecer a soberania e a segurança alimentar, ampliar o acesso a direitos e garantir qualidade de vida nos territórios rurais, valorizando práticas sustentáveis e o protagonismo das comunidades locais.
Etapas
Por se tratar de um evento de grande complexidade, com diversas fases — entre elas etapas municipais, intermunicipais, territoriais, digitais e estaduais —, o Subcomitê recebeu a consultora do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Clara Lua Medeiros, para apresentar e esclarecer os detalhes do processo preparatório da conferência.
Clara Lua, que é geógrafa e mestre em Agricultura e Agroecologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou o regulamento da etapa municipal, que poderá ser organizado por secretarias municipais ou pastas competentes em conjunto com o Conselho de Desenvolvimento Rural. Essa etapa debate o desenvolvimento rural sustentável e solidário de acordo com a realidade dos municípios, levando em conta, eventualmente, os Planos Municipais existentes e, obrigatoriamente, o Documento de Referência da 3ª CNDRSS e os eixos temáticos.
Durante a reunião, Clara Lua Medeiros destacou que a transformação agroecológica vai muito além da produção de alimentos saudáveis, acessíveis e sustentáveis. Segundo ela, trata-se também da construção de projetos sociais que reorganizem os sistemas alimentares e a vida nos territórios rurais, com base em princípios ecológicos, solidários e de justiça, seja ela social, ambiental ou até mesmo histórica. “A proposta é ampliar o debate em todo o país sobre como promover essa transição agroecológica de forma estruturada, envolvendo as comunidades e respeitando suas realidades”, afirmou.
Entre os pontos discutidos na reunião, destacou-se a ausência dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) em muitas localidades. Diante disso, foi sugerido que cada município avalie sua realidade e estrutura, de modo que aqueles mais organizados e atuantes possam oferecer apoio e orientação aos que ainda não contam com o conselho instituído.
Como encaminhamento, o CMDRS de Morro da Garça realizará uma reunião no próximo dia 7 de agosto para alinhar os preparativos da etapa municipal da conferência, prevista para acontecer no dia 28 do mesmo mês.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Foto: Leo Boi