Subcomitê soma esforços no combate ao incêndio no Parque Nacional da Serra do Cipó

22/08/2024 - 9:50

O incêndio que destruía desde o domingo (18) o Parque Nacional da Serra do Cipó, no Médio-Baixo Rio das Velhas, foi controlado, informou o Corpo de Bombeiros nesta quarta-feira (21).


Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), cerca de 8.500 hectares da região foram devastados pelo fogo. No esforço para apagar as chamas, membros do Subcomitê Rio Cipó se uniram à equipe de brigadistas, voluntários, militares e o Corpo de Bombeiros que estão na área.

Devido às características da origem do incêndio, acredita-se que tenha sido uma ação criminosa já que as chamas tiveram início próximo ao km 120 da MG-010 e se alastraram rapidamente por causa do tempo seco. Foram mais de dez focos de queimada encontrados na região da Serra do Cipó e outras áreas do Vale do Espinhaço, como a Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro da Pedreira. Além da força-tarefa humana por vias terrestres, helicópteros foram utilizados e a captação da água para combater as chamas está sendo feita no Rio Cipó, um dos principais afluentes do Rio das Velhas na região.

Segundo Claudinei Luiz da Silva, membro dos Subcomitês Rio Cipó e Paraúna e brigadista há 20 anos na Serra do Cipó, o fogo teve início no sábado (17). “A gente tentou combater, não deu e abandonamos. Quando a gente retornou apareceram dois outros grandes focos e o fogo perdeu o controle”. Os esforços foram concentrados em três pontos prioritários, onde havia risco do fogo se espalhar até chegar em áreas residenciais, mas a preocupação maior eram as imediações da comunidade de Serra Morena e Mãe D’ Água.

Marcelo Santos, apicultor e morador de Santana do Riacho faz parte da equipe voluntária de brigadistas e conta que o incêndio tomou proporções inesperadas pela equipe que se preparou o ano inteiro para o período da seca. “Os oito meses que antecedem a estação seca, a gente tem o que a gente chama aqui de artesania do fogo. A gente dá manutenção nos equipamentos e se prepara para isso. Mas passar por essa experiência que, na minha concepção, é uma experiência muito dura quando a gente imagina que esse fogo é criminoso. A gente não pode afirmar quem foi, mas ele foi espalhado por vários lugares da região simultaneamente, então isso desarticula qualquer ação de combate. Se fosse uma ação de combate no início de um fogo, a gente teria mais eficiência e certamente não teria deixado chegar nesse patamar. Depois que ele se espalhou, tomou o volume que tomou, mesmo com a presença de apoiadores do Corpo de Bombeiros fica praticamente impossível debelar”

Após quatro dias de trabalho árduo, o fogo e as chamas estão sob controle. “A gente pode dizer que está sob controle. Ainda não acabaram os focos mas estão sob controle. A expectativa é que a gente controle, mas a gente deveria pensar muito bem nos próximos meses em como evitar que uma tragédia dessa se repita”, reforçou Marcelo.


Veja mais fotos do combate às queimadas:


Conheça a UTE Rio Cipó

A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Rio Cipó fica localizada na região do Médio-Baixo Velhas e é composta pelos municípios de Baldim, Congonhas do Norte, Jaboticatubas, Presidente Juscelino, Santana de Pirapama e Santana do Riacho. O Rio Cipó é o contribuinte de melhor qualidade de água e maior diversidade de peixes. A Unidade tem como principais rios o Cipó, com 252,12 km de extensão, o Ribeirão Soberbo, Córrego da Lapinha, Córrego Rio Preto, Córrego Mata Capim e Rio Parauninha.

O Parque Nacional da Serra do Cipó foi inaugurado em 1984, tem 33.800 hectares de extensão e integra as cidades de Santana do Riacho, Morro do Pilar, Jaboticatubas e Itambé do Mato Dentro. É reconhecido por proteger diversas espécies da flora e da fauna brasileiras ameaçadas de extinção e abrigar várias cachoeiras. O parque teve que ser fechado para visitantes nesta segunda-feira (19) em decorrência da dimensão do incêndio.

“O impacto do fogo nessas espécies muito restritas é enorme”, diz Josette Davis, que mora com os familiares na região em uma Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Alto do Palácio. A propriedade da família de Josette possui uma área de 500 hectares totalmente voltada para a preservação da fauna e flora da região. “Eu queria saber o dia que o pessoal vai descobrir a interligação e o equilíbrio que é a natureza e o que nós, humanos, estamos fazendo com esses atos vândalos de queimadas que são colocadas não só aqui”, desabafou ainda, Josette.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Yasmim Paulino
*Fotos: Fernando Piancastelli