Dos intrépidos viajantes europeus aos expedicionários ambientalistas: o Rio das Velhas como cenário ao longo dos séculos.
São muitos os caminhos, e são muitos os que passam pelos caminhos. Os mais aventureiros desbravam e descobrem as novas terras e as novas rotas. Os mais atentos procuram detalhes, buscam novidades. Estudiosos veem nos sinais de vidas antepassadas explicações de como se formou a humanidade. Há os gananciosos, cujo objetivo é explorar as riquezas. E há quem se preocupe em analisar o comportamento ambiental e cultural e sua evolução ao longo do tempo. Assim se faz a história e assim nos situamos no tempo, com referências passadas e perspectivas para o futuro.
E assim é desde a descoberta do Brasil pelos portugueses. As perspectivas econômicas em relação ao novo mundo não eram boas, e o maior interesse era no lucrativo comércio das especiarias orientais. Por aqui, a princípio, não encontraram pedras e metais preciosos. Somente o pau-brasil, cujo lucro não era tão vantajoso quanto a comercialização dos produtos asiáticos e africanos. Nos idos de 1530, início da ocupação territorial na colônia, a Coroa portuguesa voltou-se para a produção de açúcar, criando grandes fazendas destinadas ao plantio da cana-de açúcar (chamadas plantations) e ao processamento dessa matéria-prima. Com a crise da produção açucareira, no final do século XVII, a realeza começou a estimular o desbravamento de terras ainda desconhecidas, em busca de ouro e pedras preciosas. E a partir daí, de andanças em andanças, é que chegamos a Minas Gerais. E de Minas, ao Rio das Velhas e aos seus primeiros desbravadores.
Primeiras descobertas
O vale do Rio das Velhas foi o principal cenário da tão sonhada corrida do ouro. Foi ali que surgiram os primeiros povoamentos de Minas Gerais, que cresciam em grande velocidade com a chegada maciça de desbravadores atraídos pela riqueza da mineração. E por ali passaram, ao longo dos séculos, cientistas e viajantes naturalistas, que o descreveram detalhadamente em seus relatos: Peter Lund, Saint Hilaire, Rugendas, Barão de Langsdorf, Spix e Martius, Richard Burton e outros.
Campos às margens do Rio das Velhas na província de Minas Gerais, Johann Moritz Rugendas – 1835
Georg Heinrich von Langsdorff, o assim conhecido ‘barão de Langsdorff’ (1774-1852), foi o mentor da grandiosa expedição à Terra Brazilis, conduzindo, entre os anos 1822 e 1828, um grupo de pesquisadores e artistas por uma viagem de 17 mil quilômetros no interior do Brasil.
Tendo como ponto de partida a província de Minas Gerais, navegou pelo Rio das Velhas até Jequitibá. Registrou em diários os relatos da expedição nos quais descreve a fauna, a flora e também os hábitos interioranos do país. O material coletado pela expedição foi enviado, em sua maioria, para a Rússia, onde permaneceu arquivado por quase um século. Parte desse material foi perdido numa enchente em Stalingrado e outra parte, composta pelos desenhos e aquarelas produzidas por Rugendas, desenhista e pintor que participou da missão, foi enviada à França. Entre os registros, um mapa com os principais rios da região da “Serra da Lapa”, hoje denominada Serra do Espinhaço, e vários quadros da região, pintados por Rugendas.
Entre 1817 e 1820, os alemães Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius empreenderam uma expedição científica que percorreu cerca de 10 mil quilômetros no território brasileiro. Os dois naturalistas chegaram ao Brasil com a missão austríaca que acompanhou a imperatriz Leopoldina, que desembarcou no Rio de Janeiro em 1817 para se casar com o príncipe D. Pedro I. A expedição, que durou três anos, saiu do Rio de Janeiro, passou por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão e Belém, subindo o Rio Amazonas.
Em Minas Gerais, os viajantes trilharam a Estrada Real, ao longo do Rio das Velhas e descreveram o trajeto que ligava Ouro Preto a Sabará. Ao passarem pelo então distrito de Mariana, Spix e Martius visitaram algumas forjas de ferro e chegaram à conclusão de que “o minério de ferro existe em Minas em tal quantidade, que seria suficiente para abastecer o Brasil inteiro durante séculos” (Viagem pelo Brasil, II). No caminho, entre Ouro Preto e Mariana, os naturalistas observaram os “muitos buracos cavados na montanha”, “os filões e as panelas que ficaram depois do abandono das explorações”. Uma mina de ouro foi descrita como “um profundo fosso, uma garganta de rochas nuas, cheia de fragmentos de pedras, que dava a impressão da mais selvagem destruição” (Viagem pelo Brasil, I). Premonição ou simples constatação, o fato é que duzentos anos após a passagem desses dois viajantes já preocupados com o meio ambiente, aconteceu o terrível desastre no distrito de Bento Rodrigues.
Após esse percurso, que durou cerca de quinze dias, seguiram em direção a Diamantina. A expedição resultou em dezenas de publicações que abordaram temas como botânica, zoologia, etnografia, linguística, além da própria narrativa da viagem.
Em 1833, o dinamarquês Peter Wilhelm Lund veio de mudança para o Brasil e se radicou em Lagoa Santa, onde realizou um gigantesco trabalho sobre os fósseis da região. Descobriu mais de 12 mil peças fósseis entre as quais destaca-se o denominado Homem de Lagoa Santa, que revelou a presença humana no local há mais de 10 mil anos.
Em 1847, Johannes Theodor Reinhardt, zoólogo do Museu Real de História Natural da Dinamarca, visitou Lund pela primeira vez. Reinhardt retornou à região de Lagoa Santa por mais dois períodos consecutivos (1850-1852 e 1854-1856) quando reuniu e registrou cerca de 55 espécies diferentes de peixes nativos do Rio das Velhas. Com base no material coletado por Reinhardt, Christian Lütken publicou, em 1875, a monografia Velhas-FlodensFiske [Peixes do Rio das Velhas], uma das poucas obras do século XIX que versa especificamente sobre uma bacia hidrográfica brasileira.
O naturalista francês Auguste Saint-Hilaire viajou pelo Brasil entre os anos de 1816 e 1822. Nesse período, percorreu mais de 16 mil quilômetros por diversas regiões, inclusive Minas Gerais, que destaca em seus relatos como a mais cordial e hospitaleira do país: “passara quinze meses na parte mais civilizada da província de Minas Gerais, acolhido com tanta benevolência, me identificara com os interesses dos seus habitantes”. Por aqui, Saint-Hilaire percorreu, na Bacia do Rio das Velhas e Rio Doce, Congonhas, Ouro Branco, Ouro Preto, Mariana, Sabará, Caeté, Santa Bárbara, Itabira, Morro do Pilar e Conceição do Mato Dentro, além de várias outras fora da bacia, e registrou não só a flora, como também os hábitos e costumes do povo.
1867: Viagem de canoa de Sabará ao Oceano Atlântico
De todos esses viajantes exploradores do século XIX, o inglês Richard Francis Burton (1821-90) foi provavelmente o que conheceu o Rio das Velhas mais a fundo. Percorreu o seu leito de Sabará até o encontro com o Rio São Francisco, em 1867, e de lá até o oceano Atlântico. A expedição gerou o tão conhecido relato Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico e inspirou tantas outras expedições, entre as quais a Expedição Manuelzão desce o Rio das Velhas, em 2003, a Expedição Rio das Velhas – Encontro de um povo com sua bacia (2009), e a mais recente, em 2017, Rio das Velhas te quero vivo.
Colecionador de façanhas, Burton foi explorador, soldado, erudito, aventureiro, escritor, agente secreto, diplomata e tradutor. Morou no Brasil e viveu uma existência desmedida, marcada pela busca de conhecimento e de aventura em quatro continentes. Descobriu as nascentes do Rio Nilo, na África Central. Traduziu As Mil e Uma Noites e o Kama Sutra. Como agente secreto, se fingindo de viajante curioso, orientava a Coroa Britânica sobre as oportunidades econômicas das terras por ele exploradas.
“Embarcação tão decrépita, verdadeira arca de Noé, semelhante a uma carroça de ciganos flutuante”.
Trecho do livro Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico.
No dia 07 de agosto de 1867, partiu do Porto da Ponte Grande, com quinze pessoas a bordo em uma, conforme ele mesmo descreve, “embarcação tão decrépita, verdadeira arca de Noé, semelhante a uma carroça de ciganos flutuante”, que com o peso das quinze pessoas “ficou três palmos abaixo da plataforma de embarque”, em expedição pelo Rio das Velhas.
A viagem foi demorada, durou 38 dias. A tripulação passou por dificuldades com as corredeiras e a sinuosidade do rio. A hospitalidade dos fazendeiros que os acolhiam pelo caminho foi, segundo Burton, a principal causa dos atrasos: “a hospitalidade é o que mais retarda as viagens no Brasil. É o velho estilo da recepção colonial; a gente pode fazer o que quiser, pode ficar por um mês, mas não por um dia, e são desconhecidos os inospitaleiros preceitos e práticas da Europa”. Por outro lado, foi o que propiciou as fascinantes observações dos aspectos científicos, culturais e humanos, já que a ele nada escapava.
Em seus relatos, Burton prevê a ocupação do vale do Rio das Velhas: “Esse rio deserto tornar-se-á, dentro em pouco, uma estrada de nações, uma artéria que fornecerá ao mundo o sangue vital do comércio. A praia de areia em que estávamos talvez venha a ser o cais de alguma rica cidade. A Cachoeira da Onça e a Coroa Braba serão silenciadas para sempre. E o ruído do trabalho dos homens abafará os únicos sons que agora chegam aos nossos ouvidos, o uivar do guará e os gritinhos fracos do pequeno coelho castanho do mato”. Ele estava certo.
Os navegantes do século XX
Ainda antes das grandes expedições realizadas pelo Projeto Manuelzão e pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, dois amigos ambientalistas, Fábio Márton e Derek Walter, refizeram os passos de Burton. Em 1970, a dupla navegou o Velhas por 15 dias em uma espécie de caiaque feito de compensado de madeira. A ideia era comparar a realidade daquela época com a situação relatada pelos viajantes. O percurso foi tranquilo, a não ser o fato de terem sido detidos pela polícia em Santana do Pirapama, suspeitos de serem guerrilheiros. Tratava-se dos anos de chumbo, quando o ir e vir era controlado pela ditadura militar. Foram logo liberados e seguiram viagem. As constatações foram as piores possíveis. Decantado no livro de Burton como espetáculo de vida selvagem, o Rio das Velhas já era, em 1970, um rio à beira da morte.
Século XXI: sociedade se mobiliza para recuperar o Rio das Velhas
Em 2003, idealizada pelo médico e ambientalista Apolo Heringer e executada pelo Projeto Manuelzão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi realizada talvez a maior de todas as expedições que já percorreram o Rio das Velhas. O planejamento da expedição ‘Manuelzão desce o Rio das Velhas’ levou quase um ano. A equipe de água contou com três canoístas voluntários: Paulo Roberto Azevedo Varejão (Beto), Ronald Carvalho Guerra (Roninho) e Rafael Guimarães Bernardes. Por terra, acompanharam a expedição fotógrafos, produtores de vídeo, biólogos, geógrafos, mobilizadores sociais, estudantes, entre outros.
No dia 13 de setembro de 2003, a expedição parte de Ouro Preto rumo à Barra do Guaicuí, foz do Rio das Velhas. Foram 29 dias remando por 806 km, 33 pontos de parada e a constatação de que o Rio das Velhas clamava por socorro. As margens, em diversos trechos, encontravam-se assoreadas. As águas, contaminadas por lixo urbano, industrial, agrotóxicos. Não havia peixes em abundância. Era urgente a construção de Estações de Tratamento de Esgoto. Em alguns trechos, os expedicionários precisaram usar máscaras e roupas de proteção.
Sentido horário: Expedicionários descendo de rapel a Pedra do Jacaré nas nascentes do Rio das Velhas no Parque das Andorinhas em Ouro Preto; Durante a passagem pela Região Metropolitana de Belo Horizonte; 30 dias depois e 800 km remados, na chegada à foz no Rio São Francisco, na Barra do Guaicuí, distrito de Várzea da Palma.
Responsável por escrever o Diário de Bordo e por planejar o percurso da expedição, o médico e também membro do Projeto Manuelzão, Eugênio Goulart, contou que realizou um estudo minucioso, pegando como base o “Viagem de canoa de Sabará ao Oceano Atlântico”, de Burton.
“O Burton realizou a expedição em 1867, e mais de 100 anos depois, pudemos ver o que estava ainda preservado e o que tinha piorado. Vimos que em alguns trechos nada havia mudado, ou seja, o rio conseguiu superar os desafios colocados para ele. Quando o Burton passou, não existia a Região Metropolitana de Belo Horizonte, não existia nem BH. Belo Horizonte é hoje a parte mais responsável pela poluição do Rio das Velhas”, disse.
Parte importante do planejamento da expedição foi a mobilização social. Em cada parada os expedicionários eram recebidos pela comunidade ribeirinha local com muita festa, manifestações culturais e a esperança de que a partir dali alguma coisa iria mudar. Tornou-se necessário colocar uma meta, um prazo para que melhorias fossem feitas. Daí, estabeleceu-se a Meta 2010: Navegar, Pescar e Nadar no seu trecho mais poluído, na passagem do rio pela Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O governo de Minas a assumiu em março de 2004, e a transformou em Programa Estruturador do estado. Foram feitos investimentos políticos, administrativos e financeiros tanto pelo estado, quanto pelo Projeto Manuelzão/UFMG, pelo CBH Rio das Velhas, por diversas prefeituras e algumas empresas.
Assista ao vídeo documentário da Expedição 2003 (55 min)
Expedições pelos afluentes do Rio das Velhas
Entre 2003 e 2008, foram realizadas uma série de mini expedições pelos rios afluentes do Rio das Velhas. Segundo o idealizador e organizador Rogério Sepúlveda, membro do CBH Rio das Velhas e assessor técnico da diretoria de Operação Metropolitana da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), o objetivo era não só aproximar as populações ribeirinhas, conscientizando-as e sensibilizando-as para os problemas dos rios, como também, e principalmente, fortalecer os subcomitês. “As expedições foram uma forma de fortalecer esse trabalho da descentralização da gestão. Foi também uma estratégia para trazer o município para dentro da gestão da bacia, e que deu certo. Os municípios hoje têm uma relação muito próxima com o Comitê”, afirma Sepúlveda. Foram realizadas mini expedições pelos Rios Taquaraçu, Ribeirão da Mata, Paraúna, Curimataí e Jaboticatubas.
Expedição Rio Taquaraçu, 2005
Expedição Rio das Velhas – Encontro de um povo com sua bacia (2009)
Em 2009, nova expedição foi realizada, pelo mesmo percurso, com o objetivo de comparar a situação do rio à anterior, em 2003. E, felizmente, houve avanços. Ronald Guerra (Roninho), produtor rural, ambientalista, membro do CBH Rios das Velhas, canoísta e um dos responsáveis pelo planejamento das expedições, participou, remando, de todas as expedições. Segundo ele, de 2003 para 2009 percebeu-se uma diferença muito grande. “A principal foi notada na Região Metropolitana, onde o nível de poluição era muito grande. Em 2003, o rio não tinha peixe, não tinha vida. A vida que tinha em torno do rio era urubu comendo carniça e lixo. Poucas espécies de avifauna e nada de espécies aquáticas. Já havia um início de trabalho de tratamento de esgoto, como a ETE do Ribeirão Arrudas. Na época, ainda não tinha o gradeamento da ETE, então o lixo mais grosso ia todo para o Rio das Velhas”. Após a expedição de 2003, o gradeamento foi colocado e o sistema de tratamento de esgoto do Ribeirão do Onça, implantado.“Com isso, apesar de ainda se encontrar poluído, o rio teve condição de reestabelecer vida. Os peixes conseguiam transpor a região poluída, fazendo com que a quantidade de tilápia [peixe extremamente resistente à poluição] fosse diminuindo e que as espécies nativas do Velhas fossem ressurgindo. Isso era muito perceptível. Consequentemente, as aves, que se alimentam dos peixes, também ressurgiram. Isso nos dá um alento. Apesar da morosidade das coisas, houve um avanço muito grande”, comemora Roninho.
Esse avanço permitiu que a Meta 2010 obtivesse 60% de sucesso. O encerramento da meta contou com a participação dos ex-governadores Aécio Neves e Antônio Anastasia e do então prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, nadando em Santo Hipólito, município da Região Central, a 232 quilômetros de BH. Depois disso, nova meta foi lançada: a Meta 2014, cujo maior desafio era o tratamento do esgoto.
A mobilização social pelas cidades ribeirinhas foi marcante em todas as expedições. Na foto, passagem por Rio Acima em 2009 e
Marcus Vinícius Polignano na chegada a foz no Rio São Francisco em 2009
Assista ao vídeo documentário da Expedição 2009 (25 min)
2017: Recuperação permanente X Resiliência
A última expedição “Rio das Velhas te quero vivo”, realizada em 2017, foi idealizada pelo presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinicius Polignano, em conjunto com o Projeto Manuelzão. Percorrendo um trecho menor, saindo da nascente em Ouro Preto e terminando em Santa Luzia, passando por oito municípios, a expedição durou oito dias e seu principal objetivo foi levantar um diagnóstico da região do Alto Velhas.
De acordo com Roninho, “de 2009 para 2017 o avanço continuou, mas a curva de ascendência desse avanço é muito lenta em relação ao crescimento das cidades. Vários municípios ainda não têm um sistema adequado de recolhimento de lixo, de tratamento de esgoto. A expedição de 2017 me mostrou que na prática, a gente vai ficando resiliente. A gente sempre fica com a fé de que está melhorando, porque de fato está, mas não na intensidade necessária. E com a resiliência, a gente aceita isso [o nível de poluição do jeito que se encontra] mais fácil. Os gestores públicos muitas vezes ficam acomodados. E nós vamos nos adaptando às situações negativas. Em 2017 eu vi que isso não pode mais acontecer”.
Após a expedição de 2017, foi firmado um pacto entre o CBH Rio das Velhas, a Copasa, as prefeituras integrantes da bacia, a Fiemg, o Instituto Espinhaço e o governo do estado de Minas Gerais, por meio da SEMAD e do IGAM, em prol da conservação e revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, o ‘Revitaliza Rio das Velhas’. O programa atua em três linhas: recuperação de passivo ambiental com tratamento de esgotos e ações de saneamento básico; preservação e produção de água; e gestão ambiental e a participação social.
Erick Wagner e Ronald Guerra finalizando a Expedição 2017 na cidade de Santa Luzia
Assista ao vídeo documentário da Expedição 2017 (26 min)
História documentada
As expedições deixaram como maior legado o clamor para que o Rio das Velhas não seja abandonado. Elas geraram uma série de documentos, livros, vídeos, fotos, reportagens que, assim como os relatos do século XIX, vão, algum dia, servir de inspiração para outros que se aventurem pelo rio, seja para examiná-lo, seja para, em uma visão muito positiva, passear em suas águas limpas e desfrutar da natureza plena.
O comunicólogo, documentarista e canoísta Rodrigo Rezende de Angelis, participou de todas as expedições e, com o olhar atento, sem perder nenhum detalhe, registrou em vídeo, de dentro do caiaque, todas elas. Ele e sua equipe produziram um extenso material de comunicação. Segundo ele, esse material não só ajuda a divulgar as ações e chamar a atenção para o rio, como também preserva a memória. “Os erros e acertos do passado ajudam a entender o presente e a planejar ações futuras. Essa comparação só é possível se tivermos um registro. Se fica só na memória, a história vai se perdendo. Durante as expedições, foi produzida uma série de reportagens, vídeos, conteúdo para site e redes sociais, revistas e jornais que ficarão preservados para sempre”, afirma Rodrigo.
Outro importante registro foram os dois volumes escritos pelo médico Eugênio Goulart, responsável pelo Diário de Bordo da expedição de 2003: Navegando o Rio das Velhas das Minas aos Gerais – A expedição Manuelzão desce o Rio das Velhas (Volume 1) e Estudos sobre a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (Volume 2).
E, se o caminho foi o mesmo, o que se viu foi diferente. Se antes os viajantes encontraram continuamente com o que se extasiar, riqueza e abundância, os expedicionários dos séculos XX e XXI viram desolação, degradação, sujeira. Houve avanço, mas muito há que ser feito ainda.
Sonhos de uns, pesadelos de outros. O Rio das Velhas como testemunha de todos.
Saiba mais:
Leiam os “Estudos sobre a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas”,
editado após a Expedição de 2003
Acima, Capítulos 1 ao 16 dos “Estudos Sobre a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas”, para os Capítulos 17 ao 32 >>> CLIQUE AQUI
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
Texto: Mariana Martins
Fotografias: Acervo Projeto Manuelzão, Cuia Guimarães, Fernando Piancastelli,
Leandro Durães, Marcelo Andrê, Michel Montandon, Ohana Padilha