Visando preservação, Comitê executa projetos na Estação Ecológica de Fechos

08/10/2018 - 13:54

Uma Estação Ecológica é um tipo de área protegida prevista na legislação brasileira, considerada a mais restritiva do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) – sendo permitido acesso apenas para atividades educacionais e científicas. Inserida na categoria de proteção integral, seu objetivo principal é a preservação da natureza e a realização de pesquisas.

Bem ao lado de Belo Horizonte, na vizinha Nova Lima, está a Estação Ecológica de Fechos, criada com a finalidade de proteger a Bacia do Ribeirão dos Fechos, além de remanescentes de Mata Atlântica e áreas de campos rupestres, quartzíticos e ferruginosos. Em seus mais de 600 hectares de área estão 14 nascentes, além do Córrego Fechos, principal manancial fornecedor de água para a região Centro Sul de Belo Horizonte – abastece 30 bairros desta porção da capital, além de outros oito em Nova Lima.

A captação de agua é feita em três pontos dentro do córrego pela Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), que na sequência a trata na Estação Morro Redondo, no bairro Belvedere, em Belo Horizonte. Por isso, a gestão da Estação Ecológica de Fechos é feita conjuntamente entre IEF (Instituto Estadual de Florestas) e Copasa.

Em razão da importância estratégica da unidade para o abastecimento público e para a preservação da biodiversidade em um território marcado pela disputa com a mineração e loteamentos, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e o Subcomitê Águas da Moeda, com apoio da Agência Peixe Vivo, iniciaram este ano a execução de dois projetos hidroambientais na Estação Ecológica de Fechos.

O primeiro prevê a realização de ações de comunicação e mobilização social e comunitária visando cumprir dois objetivos principais: sensibilizar a opinião pública em torno da importância hídrica da Estação Ecológica de Fechos e fomentar um debate sobre a expansão da unidade.

Conselheira do Subcomitê Águas da Moeda, Camila Alterthum explicou que as discussões em torno da ampliação da área da estação motivaram a criação de um Projeto de Lei [444/2015, em tramitação], de iniciativa popular e encaminhado pelo deputado Fred Costa (PATRI), que confronta os interesses da Vale, proprietária da área em questão, que solicita a utilização do terreno junto aos órgãos competentes para atividades minerárias. “Esse projeto dará a oportunidade de fazermos um debate público mais ampliado para se chegar a um consenso – ainda que não sejamos nós quem deliberaremos, mas sim o órgão ambiental. É uma oportunidade da sociedade civil debater a relevância da área, pensar os impactos, o que será essa atividade minerária expandida para essas microbacias, o que é possível conciliar em termos do que é de interesse da mineração em relação a essa importante área de recarga”, explicou.

Em cima, Alterthum em mirante na Estação Ecológica de Fechos. Em baixo, vala de drenagem e entulho às margens da unidade (à esquerda), e empreendimento da mineradora Vale (à direita), objeto de disputa por área de expansão. Créditos: Fernando Piancastelli. 

Para tal, o projeto inclui a produção de vídeos diversos, ações de mobilização social junto às comunidades, publicações como folders, cartazes e a 2ª Edição da Revista “Fechos, Eu Cuido!”, além de kits personalizados, bolsas ecológicas, bonés, camisetas, canetas e canecas.

Já o segundo projeto em execução na estação prevê a elaboração de diagnóstico hidroambiental para caracterizar, cadastrar e propor ações de conservação e recuperação das nascentes, focos erosivos e áreas degradadas nas microbacias dos córregos de Fechos, Tamanduá e Marumbé, na área de influência hídrica da unidade. “Essas microbacias colaboram para o abastecimento público que é feito no Velhas [no Sistema Rio das Velhas da Copasa de Bela Fama, em Nova Lima], porque elas estão a montante da captação, além de contribuir diretamente para a própria captação que existe na Estação Ecológica de Fechos”, disse Alterthum.

Ela espera que a iniciativa permita aproveitamentos práticos em breve. “A expectativa é que o projeto, embora seja diagnóstico, já aponte soluções práticas e técnicas para cada foco erosivo identificado, no sentido de já se ter algo que a gente possa ir atrás de orçamento para executar”, concluiu a conselheira do Subcomitê.

Os dois projetos, financiados com os recursos da cobrança pelo uso da água na bacia hidrográfica do Rio das Velhas, totalizam mais de R$ 530 mil.

Ambientalista e também membro do Subcomitê Águas da Moeda, Otávio Freitas destacou a importância da unidade da conservação, juntamente com outras presentes no território, para a oferta hídrica que abastece parcela significativa da população. “A Estação Ecológica de Fechos, juntamente com as Áreas de Proteção Especial do Mutuca, da Catarina, Taboões, dentre outras localizadas na região do bairro Jardim Canadá, são imprescindíveis ao abastecimento público de Nova Lima, Belo Horizonte e sua Região Metropolitana”, contou.

Ele também acredita que a iniciativa renderá bons frutos no território. “Os projetos hidroambientais do Subcomitê Águas da Moeda são fundamentais à preservação dos mananciais destinados ao abastecimento público, uma vez que têm como objetivo primeiro informar a população quanto a importância da preservação e conservação da Estação Ecológica de Fechos, e das demais, para continuidade da vida e da economia em toda Região Metropolitana de Belo Horizonte”, concluiu.

Veja mais fotos da Estação Ecológica de Fechos e entorno:

O território

A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Águas da Moeda está localizada no Alto Rio das Velhas e é composta pelos municípios de Itabirito, Nova Lima, Raposos, Rio Acima e Sabará. A unidade possui uma área de 544,32 km² e sua população chega a 89, 5 mil habitantes. Os rios principais da UTE Águas da Moeda são: Rio do Peixe, Ribeirão dos Marinhos, Ribeirão Congonhas, Córrego Padre Domingos e Córrego Água Limpa, com extensão de 42,36 Km dentro da área delimitada para a unidade territorial.

Além da Estação Ecológica de Fechos, a UTE Águas da Moeda possui outras nove unidades de conservação inseridas parcial ou integralmente em seu território, representando 88,2% da área total da UTE. A totalidade da área desta UTE é considerada, quanto à sua prioridade, especial para conservação.


Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br