Foi realizado, na última quinta-feira (30), o I Workshop do SCBH Rio Curimataí, com apresentação do Diagnóstico Ambiental das Nascentes da bacia do Rio Curimataí, na vertente do Rio das Velhas. O evento aconteceu na sede do Parque Estadual da Serra do Cabral, em Buenópolis, e teve como objetivo analisar e propor formas de articulação e gestão para a garantia da qualidade ambiental da região.
Participaram representantes do poder público de municípios vizinhos, conselheiros dos subcomitês Rio Curimataí e Rio Guaicuí, professores e alunos da Unimontes (Universidade Estadual de Montes Claros), produtores rurais e moradores em geral. Os dados que fundamentaram a apresentação foram coletados durante a Expedição Serra do Cabral, realizada em agosto de 2016 nos municípios de Buenópolis, Augusto de Lima e Joaquim Felício, e que teve como objetivo mapear, classificar e promover o diagnóstico das nascentes dos principais contribuintes do Rio Curimataí, que é afluente direto do Rio das Velhas. O evento foi uma realização do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), em parceria com o Subcomitê do Rio Curimataí, a gerência do Parque Estadual Serra do Cabral e a Unimontes.
Apresentação dos resultados da expedição da Serra do Cabral (Crédito: CBH Rio das Velhas)
O Workshop dessa quinta-feira contou com apresentações sobre as fragilidades, o grau de preservação e degradação de nascentes Serra do Cabral, as características da vegetação e condições ambientais dessas nascentes, bem como do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Unidade Territorial Estratégica (UTE) Rio Curimataí. O estudo pôde identificar e concluir que as queimadas e a presença de gado são os dois principais e mais recorrentes focos de pressão ambiental na região. Das 25 nascentes visitadas, 22 apresentavam vestígios de queimadas e 20 de presença de gado. Diversas nascentes ainda se mostraram secas e migraram, às vezes centenas de metros, à jusante.
Confira aqui apresentação sobre o trabalho e seus resultados:
Jarbas Alcântara, gerente do Parque da Serra do Cabral e conselheiro do subcomitê do rio Curimataí, celebrou os resultados do projeto, já pensando nas próximas etapas. “O passo seguinte será avaliar como estão os cursos d’água até chegar ao Rio das Velhas. Sabemos que alguns estão se perdendo, por isso vamos tentar descobrir o que está prejudicando-os, o que podemos fazer para reverter isso”, disse.
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Encaminhamentos marcam evento
O diretor de áreas protegidas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Henri Dubois Collet, afirmou que a pesquisa desenvolvida confirmou o que o órgão sabia sobre as principais ameaças às nascentes da Serra do Cabral, porém fornecendo agora maior peso científico ao debate. “Vamos encaminhar uma demanda ao Ministério Público e aos proprietários para que seja realizada a retirada do gado na região da Serra. Também devemos promover a supressão de pinus e eucaliptos que se encontram em veredas, e que podem prejudica-las”, disse. Collet afirmou também que o processo de regularização fundiária em curso nas delimitações do Parque Estadual deverá consequentemente contribuir para a eliminação das criações de gado.
Considerando os fatores de pressão e os resultados dos estudos, o SCBH do Rio Curimataí e a equipe técnica da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e Unimontes consideram que é fundamental também realizar campanhas de diálogos com os produtores para diminuir os focos de incêndio e de queimadas, que comprometem a integridade ecológica e a dinâmica das águas na região, além de promover ações de proteção às veredas e nascentes que já se encontram comprometidas em termos de qualidade ambiental e quantidade das águas.
Jarbas Alcântara ainda destacou que o trabalho tratou de questões importantes relacionadas à questão hídrica da Serra do Cabral como um todo. Por isso, cobrou maior envolvimento e participação de alguns dos municípios que não se fizeram presentes no encontro. “Sentimos falta da presença de representantes de alguns dos municípios que se beneficiam dessa mesma água. Precisamos de um envolvimento de todos”, disse.
Relembre como foi a Expedição à Serra do Cabral:
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A UTE Rio Curimataí localiza-se no Médio Baixo Rio das Velhas e é composta pelos municípios Augusto de Lima, Buenópolis e Joaquim Felício. A Unidade ocupa uma área de 2.235,13 km² e detém uma população de 6.830 habitantes. A região é caracterizada por sua beleza natural, serras, cachoeiras e rios preservados, atraindo um número crescente de turistas e sendo responsável por uma recarga de vida e águas limpas para o maltratado Rio das Velhas. Os rios principais da Unidade são Rio Curimataí, Rio Curimataizinho, Córrego de Pedras e Córrego Riachão.
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Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
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