O trabalho do Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas (Convazão) foi apresentado na 143ª reunião do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), desta última quarta-feira (13), como destaque na gestão das águas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Criado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) para monitorar o nível de vazão do Alto da Bacia, o Convazão tem se provado fundamental para garantir o abastecimento de água da Grande BH em meio aos tão comuns rigorosos períodos de estiagem.
Desde o final de agosto, o Convazão tem adotado medidas assertivas para permitir que a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) mantivesse os níveis de captação necessários ao abastecimento de BH e Região Metropolitana. Entre as ações, destaca-se o suporte da AngloGold Ashanti que consistiu no aumento da defluência [água que sai] do Sistema Rio de Peixe, complexo hidrelétrico da mineradora que reúne as lagoas Grande, Miguelão e a Barragem da Cordorna, em Nova Lima.
A convite do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, o Convazão marcou presença na última reunião para compartilhar o trabalho de gestão realizado pelo CBH Rio das Velhas e pelos membros do grupo. A apresentação ficou por conta de Renato Constâncio, secretário do CBH Rio das Velhas, representante da Cemig e coordenador do Convazão. “Em 2024, a gente teve a sorte que as unidades de produção de energia da Anglogold no Sistema Rio Peixe estavam sem gerar energia. Então, a gente teve uma liberdade hidrológica de operar as ações que foram necessárias. […] Com isso, a gente garantiu que não houvesse decreto de escassez hídrica no Alto Velhas e também prevenimos a Copasa de não ter algum tipo de racionamento, rodízio ou alguma coisa assim”, explicou.
Outra ação de destaque apresentada foi a alteração na outorga da PCH (Pequena Central Hidrelétrica) Rio de Pedras, que foi realizada a fim de aumentar os níveis de água armazenada, permitindo o replecionamento do reservatório em situações de escassez hídrica. “Todo o estudo foi acompanhado pelo órgão gestor [IGAM]. Em 2018, após os consecutivos aportes de Rio de Pedras, a gente alterou o valor da vazão de residual mínima de 70% para 30% (da Q7,10). Operando o reservatório sempre na manutenção do maior volume armazenado possível, sendo a vazão afluente sempre maior que a vazão defluente. Quando ela [AngloGold] tivesse um pouco mais de disponibilidade de água, depois de usar o reservatório de Rio de Pedras, a gente poderia replecionar e recuperar o nível de Rio de Pedras e deixando o reservatório ser um último recurso depois dos reservatórios da Anglogold não terem mais condições e diminuíssem o seu volume útil”, detalhou Renato.
Partindo do contexto de criação e os projetos de destaque do grupo, Renato descreveu também as ferramentas utilizadas pelo Convazão, como as previsões meteorológicas de curto, médio e longo prazo realizadas pela Cemig, o Sistema HIDRO-Telemetria feitos pela Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Serviço Geológico Brasileiro (SGB), as medições das estações fluviométricas realizadas também pelo SGB e os aportes do Sistema Rio de Peixe da AngloGold Ashanti
Renato finalizou a apresentação destacando que “É um trabalho de grupo, um trabalho do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e uma instância criada por ele. Tem sido muito útil e uma experiência fantástica. Eu estou muito feliz em ter ajudado a contribuir com este trabalho”.
As ações do grupo foram recebidas com o reconhecimento dos presentes na reunião. Nelson Guimarães, representante da Copasa e ativo nos encontros do Convazão, destacou o trabalho colaborativo. “Eu acho que é de uma importância absurda essa experiência do Convazão e do Comitê do Rio das Velhas. Isso realmente precisa ser divulgado e disseminado: o sucesso de se reunir um grupo efetivamente para discutir a questão do rio e buscar soluções, os esforços concentrados não só para o abastecimento, mas para a condição ecológica do rio. Todos os usuários em parceria com o Comitê, com o IGAM e com o Serviço Geológico Brasileiro empenhados de forma colaborativa e transparente em buscar soluções e tentar de forma proativa mitigar problemas relacionados à disponibilidade de água”.
Marcelo da Fonseca, diretor geral do IGAM, parabenizou o trabalho do Convazão e acrescentou: “Vale destacar a proatividade do Comitê do Velhas em liderar esse processo e a todos os atores que participam, como as empresas que se sensibilizam com a situação e de forma proativa fazem a mudança operacional necessária para garantir esse objetivo que é uma maior resiliência do Rio das Velhas”.
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A partir da apresentação, a fala seguiu para algumas discussões finais. Entre elas, um debate sobre possíveis barramentos de água na região do Alto Rio das Velhas, visando contribuir para o abastecimento público da RMBH e, também, para controlar ondas de cheias nas cidades ribeirinhas da região.
Outras pautas
A reunião foi realizada de forma virtual, teve início às 14h e foi presidida pelo diretor-geral do IGAM, Marcelo da Fonseca. Depois de passar por alguns comunicados aos conselheiros, dois documentos do CERH foram apresentados ao voto dos membros da reunião, entre eles, a Ata da 142ª Reunião e uma Minuta de Deliberação que foram aprovados e encaminhados, com alguns apontamentos feitos durante a reunião.
Seguindo a pauta do encontro, Bernardo Beirão, gerente da qualidade das águas do IGAM, realizou uma apresentação sobre os resultados do monitoramento da qualidade das águas superficiais do estado de Minas Gerais. Em sua fala, Bernardo trouxe os métodos utilizados e alguns resultados que se destacaram ao longo da observação.
Marcelo Fonseca, diretor do IGAM, refletiu sobre a importância de seguir com o trabalho de melhorar o índice de qualidade e reforçou algumas medidas importantes nesse caminho, como o processo de Enquadramento da bacia do Rio das Velhas. “A gente vê dois grandes esforços que estão sendo empreendidos agora como potenciais para melhorar o índice de qualidade de água, que é o avanço do Enquadramento dentro da política de recursos hídricos. Estamos revisitando alguns enquadramentos em áreas importantes como a Bacia do Rio das Velhas que está em discussão neste momento no Comitê e em breve virá ao CERH para a sua ratificação”.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Yasmim Paulino
*Foto: Leo Boi