Seguindo com o propósito de ouvir os Subcomitês e de promover a troca de informações entre eles, o segundo encontro do projeto “Diálogos Regionais da Bacia do Rio das Velhas” reuniu coordenadores e representantes dos Subcomitês do Médio Alto Rio das Velhas na última segunda (20), desta vez no formato virtual. Na ocasião, os participantes exaltaram a vocação para o ecoturismo da região e externaram a preocupação com o avanço imobiliário irregular que ameaça as águas da bacia. O encontro contou com a participação da presidenta do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Poliana Valgas, e do vice-presidente, Renato Constâncio.
Poliana lamentou que não tenha sido possível realizar o encontro presencialmente em virtude da pandemia, mas celebrou a oportunidade de ouvir as demandas e sucessos dos Subcomitês. “Queríamos fazer uma retomada dos encontros presenciais com todos vocês e com os novos coordenadores, e tínhamos a expectativa de que pudéssemos nos ver presencialmente, mas tivemos de mudar em função da pandemia. Esse encontro vem numa perspectiva de fortalecimento do Comitê e de ouvir as pessoas que militam em seus territórios.”
Ela também lembrou a reunião anterior com os Subcomitês do Alto Rio das Velhas, que, segundo ela, foi muito proveitoso. “Tivemos um momento muito positivo com o Alto Velhas semana passada. Esperamos que no final tenhamos um grande produto com todos os dados sistematizados. Queremos integrar todas as ações e projetos para potencializar resultados. É importante que consigamos visualizar quem está fazendo o que em cada território e as pressões que cada território passa, para direcionarmos da melhor forma a aplicação dos recursos da cobrança da água na bacia”, informou Poliana.
Para Renato, o momento foi de conhecer um pouco mais a região do Médio Alto a fim de prestar um suporte mais qualificado à presidenta. “Esta é uma experiência inédita de encontro de Subcomitês. Quero conhecer melhor os territórios, sou muito próximo do Alto Velhas, onde atuo com maior frequência. Espero adentrar os problemas e demandas para dar apoio à Poliana. Desejo uma boa experiência a todos”, finalizou.
Durante a primeira rodada de apresentações, os coordenadores das Unidades Territoriais Estratégicas (UTEs) levantaram as vocações específicas de cada território, bem como seus desafios e expuseram como os subcomitês valorizam os recursos hidroambientais presentes nessas regiões. “Uma coisa que foi muito apontada: os loteamentos de terrenos clandestinos trazem grandes prejuízos para as matas. A ocupação irregular vem com predação dos animais silvestres e do meio ambiente local”, contou Márcia Lopes, conselheira do Subcomitê Carste.
A expansão imobiliária irregular é uma preocupação comum da região. A equipe de mobilização social do Comitê montou, então, quatro nuvens de palavras que contemplavam os temas mais comuns nas falas. Ficou evidenciada a aptidão coletiva para o ecoturismo, uma vez que a região é marcada pelo solo cárstico, além de agricultura e exploração de areia e calcário.
Essas riquezas atraem a presença humana que, no território, tem se concretizado na expansão imobiliária irregular, trazendo desmatamento, esgoto sem tratamento vertido nos cursos d’água e assoreamento dos rios em virtude do desmatamento e da extração de areia. Nesse sentido, os Subcomitês têm procurado valorizar os recursos naturais locais através da mobilização social, do turismo ambiental e das parcerias com o poder público, empresas e sociedade civil organizada.
Encontro virtual na última segunda-feira debateu questões importantes para os Subcomitês do Médio Alto Rio das Velhas
Após essa discussão, Victor Sucupira, coordenador técnico da Agência Peixe Vivo, apresentou o Plano Diretor de Recursos Hídricos (PDRH) da bacia do Rio das Velhas, que serviu de subsídio para a rodada de diálogo seguinte, que ocorreu em salas separadas, divididos os participantes em dois grupos. No retorno, a equipe de mobilização apresentou um resumo das discussões, com destaque para a preocupação com o saneamento urbano e rural e a impermeabilização do solo, ambos causados pela expansão imobiliária irregular. Para lidar com essas questões, os Subcomitês sugeriram trabalhar com o aumento das áreas de recarga dos cursos d’água, buscar parcerias com o poder público e as empresas locais, além de priorizar a ampliação do tratamento de esgoto e a educação ambiental.
Ao final, Regina Lúcia Caminha, Coordenadora do Subcomitê Poderoso Vermelho, deixou um belo depoimento que destaca o papel das entidades na construção do CBH Rio das Velhas e seu papel de aproximação da sociedade que compõe o território da bacia. “Temos muito a elogiar sobre a organização dos Subcomitês, que privilegia e dá voz às comunidades de seus 23 territórios. Gratidão a todos os Subcomitês que formam essa colcha de retalhos tão colorida e diversa, emendada pela força da linha de costura do CBH Rio das Velhas. Gostaria de expressar a gratidão do Subcomitê Poderoso Vermelho.”
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Leonardo Ramos
*Fotos: Leonardo Ramos; Ohana Padilha