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No 17º Deixem o Onça Beber Água Limpa, participantes reforçam luta pela recuperação e enquadramento ambiental em Classe 2

16/06/2025 - 19:27

No último sábado (14), moradores do bairro Ribeiro de Abreu, estudantes, lideranças, parceiros e membros do Subcomitê Ribeirão do Onça se reuniram na 17ª edição do tradicional evento “Deixem o Onça Beber Água Limpa”, promovido pelo Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (Comupra). A ação aconteceu na sede do Conselho, às margens do Ribeirão Onça, em Belo Horizonte.


Em sua 17ª edição, o evento mobilizou moradores, representantes do poder público e instituições em torno da recuperação do Ribeirão Onça, por meio de ações concretas, propostas de soluções eficazes e educação ambiental. Este ano, o tema “Nossa Meta: Nadar, Pescar e Brincar no Ribeirão Onça” convida à reflexão e ao engajamento com perguntas provocadoras: “O que fiz?”, “O que faço?” e “O que farei para que nossa meta aconteça?”.

A meta inicialmente estabelecida para 2025, “Nadar, Pescar e Brincar no Ribeirão Onça”, segue firme e ambiciosa, mas, a partir deste ano, o movimento não trabalha mais com uma data fixa, e sim com a urgência da causa, lutando por ela todos os anos. Segundo Roneide Aparecida Dutra, integrante do Comupra, o objetivo é mobilizar tanto a comunidade quanto o poder público para a requalificação do ribeirão. “Já conquistamos avanços importantes, como a retirada de mais de mil famílias que viviam às suas margens e a implantação do Parque Ciliar Comunitário, um espaço cultural, de lazer e esporte que transforma áreas de risco em um polo turístico e de convivência para toda Belo Horizonte”, destaca Roneide. Com um investimento previsto de R$ 150 milhões, o projeto visa elevar a qualidade de vida na região do Baixo Onça e reafirmar o compromisso com o futuro do rio e seus moradores.

Roneide ainda ressaltou a trajetória e os objetivos do movimento “Deixem o Onça Beber Água Limpa”, criado em 2007 para mobilizar a comunidade e cobrar atitudes do poder público em prol da recuperação do Ribeirão Onça. “Nossa grande vivência é a requalificação do Ribeirão, por meio de diversas ações que buscam conscientizar tanto a população quanto às autoridades sobre a importância das águas e dos rios na nossa vida”, explicou Roneide. Segundo ela, reuniões mensais organizam as atividades com o objetivo de alcançar a meta estabelecida.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e o Subcomitê Ribeirão Onça marcaram presença no evento com um estande informativo, apresentando materiais sobre ações desenvolvidas na Unidade Territorial Estratégica (UTE) do Onça e dados sobre a bacia do Velhas. A participação reforça o compromisso coletivo pela melhoria da qualidade hídrica e pela recuperação ambiental do ribeirão e de sua bacia.

Onça Classe 2

Membros e parceiros do Subcomitê do Ribeirão Onça, ligado ao CBH Rio das Velhas, apresentaram uma moção oficial em defesa do enquadramento do Ribeirão Onça como corpo d’água de Classe 2. A proposta reforça a urgência de consolidar avanços ambientais já em curso, como a ampliação do Parque Ciliar do Onça, o controle do lançamento de esgoto doméstico in natura e os esforços do Programa Reviva Pampulha, desenvolvidos em parceria com a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem.

A moção destaca que a classificação em Classe 2 permitirá usos mais nobres das águas do ribeirão, como abastecimento humano (após tratamento), pesca, recreação de contato primário e irrigação de alimentos. Os participantes também lembraram que essa meta está alinhada com os objetivos do movimento comunitário.

Além do SCBH Onça, representantes do Comupra, do Manuelzão e do Instituto Guaicuy assinaram a favor da moção.


Veja mais fotos do evento:


Subcomitê Onça

A construção de políticas públicas ambientais eficazes exige articulação entre diferentes setores da sociedade. Para Dênio Pimenta Nacle, conselheiro dos Subcomitês dos Ribeirões Onça e Arrudas e autor de projetos ambientais na região Nordeste de Belo Horizonte, essa integração é essencial para garantir ações mais efetivas e duradouras. Ele destaca a importância de envolver as comunidades nos processos de decisão, fortalecendo o vínculo com os territórios. “Em um momento crítico como o que vivemos, com os efeitos das mudanças climáticas, é fundamental mobilizar as pessoas, estimular o pertencimento e promover o cuidado com o meio ambiente. Os Subcomitês cumprem esse papel ao unir sociedade civil e poder público em uma estrutura democrática e descentralizada”, afirmou.

Dênio também ressalta que os encontros periódicos dos Subcomitês contribuem para dar continuidade às discussões e transformar ideias em políticas concretas. As reuniões presenciais, online e as visitas técnicas às nascentes tornam possível planejar, avaliar e avançar nas metas estabelecidas. Ele defende a importância da atuação conjunta entre os Subcomitês do Onça, Arrudas e CBH Rio das Velhas como forma de fortalecer as iniciativas ambientais e pressionar o poder público. “As bacias estão interligadas, assim como os aquíferos. As divisões geográficas são apenas referenciais. Pensar em soluções conjuntas é o caminho para garantir benefícios reais para todas as comunidades.”

Educação Ambiental

O evento foi marcado por uma programação diversa, com apresentações culturais e falas políticas que reforçaram o engajamento da comunidade. Entre as atrações, destacaram-se as exposições e performances artísticas das escolas municipais Herbert José de Souza e Secretário Humberto Almeida, além das apresentações da banda Bandalho, do músico Loro Paiva e do Coletivo Mar de Morro.

Saint Clair Marques da Silva, diretor da Escola Municipal Herbert José de Souza, destacou o impacto transformador do movimento “Deixem o Onça Beber Água Limpa” no cotidiano escolar. Segundo ele, a participação da escola no evento há vários anos provocou mudanças significativas no currículo, que hoje prioriza temas ligados ao meio ambiente e à preservação da biodiversidade. “A gente faz questão de inserir essas discussões nas aulas, porque sabemos que estamos formando uma geração consciente. Nossos alunos se tornam multiplicadores, levam o que aprendem para casa, influenciam suas famílias e comunidades”, afirmou. Para o diretor, a continuidade da participação no movimento é essencial para fortalecer a educação ambiental em um território carente e que precisa desse tipo de mobilização.

Fernando Silva, supervisor de Projetos e Obras da Copasa, ressaltou a importância da mobilização comunitária para impulsionar atividades de recuperação ambiental. Segundo ele, a atuação conjunta entre moradores e poder público é fundamental para transformar a realidade do Ribeirão Onça. “É maravilhoso ver a comunidade unida, cobrando e participando. Isso fortalece muito o trabalho que está sendo feito”, afirmou.

Além das apresentações culturais e stands de parceiros, na área da gastronomia, o tradicional feijão tropeiro preparado por Dona Helena, uma das colaboradoras mais atuantes do movimento, conquistou o público e reforçou os laços de afeto e pertencimento com a causa.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves