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Programa Velhas Vivo: pertencimento que transforma

11/09/2025 - 14:11

No fim de junho, quando o inverno ainda se ajeita entre as montanhas de Minas, o Rio das Velhas ganha um tempo só seu. É quando comunidades ribeirinhas, estudantes, gestores públicos e parceiros do Comitê se encontram para celebrar mais do que uma data no calendário: celebram a vida do rio, a conexão com o território e o poder transformador da Educação Ambiental.


A Semana Rio das Velhas 2025, realizada entre os dias 23 e 29 de junho, percorreu cidades da bacia com uma programação diversa. Itabirito, Nova Lima, Sete Lagoas, Cordisburgo e Contagem foram palco de oficinas, caminhadas, espetáculos teatrais e exposições educativas que convidaram a população a olhar de forma mais atenta para o rio que atravessa suas histórias. Tudo isso, sob o mote de um compromisso coletivo: “Velhas, Faço Parte: Aprendizado que Revitaliza”, campanha que marca o Ano da Educação Ambiental na Bacia do Rio das Velhas.

Entre as ações promovidas, o Circuito Velhas Vivo teve papel central. A caravana interativa levou para espaços naturais e educativos atividades voltadas ao público escolar, como o Quiz Ambiental, exposições, vídeos e maquetes da bacia, promovendo experiências que despertam o pertencimento e a compreensão sobre o território.

Essas ações, no entanto, não surgem isoladas. Elas fazem parte de um esforço maior, estruturado e contínuo: o Programa Velhas Vivo, que dá nome ao Plano de Educação Ambiental (PEA) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas. Aprovado em 2024 e planejado para o ciclo até 2027, o PEA busca articular iniciativas, potencializar experiências e integrar diferentes setores da sociedade em torno de um objetivo comum: manter o rio vivo.

A Educação Ambiental é um dos mais importantes pilares das ações desenvolvidas pelo CBH Rio das Velhas. É a partir das ações de mobilização e sensibilização que o Comitê consegue despertar nas pessoas, de todas as idades, um sentimento de pertencimento e identificação com o rio. E é só a partir desse sentimento de pertencimento que conseguimos ganhar reforços na luta pela preservação da bacia. Afinal, “A gente só defende o que conhece”, faz questão de destacar Poliana Valgas, presidenta do CBH Rio das Velhas nos últimos cinco anos, eleita secretária-adjunta para o próximo biênio. “À medida que mais pessoas conhecem o rio, mais pessoas passam a lutar por ele”, frisa.

O CBH Rio das Velhas foi criado em 1998, quando sugiram os primeiros Comitês mineiros. Desde então, a Educação Ambiental está intimamente ligada à atuação do colegiado, que conta há mais de uma década com uma Câmara Técnica de Educação, Mobilização e Comunicação (CTECOM). “O CBH Rio das Velhas iniciou suas ações de Educação Ambiental com forte inspiração no Projeto Manuelzão, promovendo a integração entre saúde, meio ambiente e cidadania. Um dos marcos dessa trajetória foi a Expedição de 2003, que percorreu o rio de Ouro Preto até Várzea da Palma. A iniciativa mobilizou comunidades ribeirinhas e chamou a atenção para a importância da recuperação e preservação do Rio das Velhas”, relembra José de Castro Procópio, conselheiro do CBH Rio das Velhas.


Relembre como foi a Semana Rio das Velhas 2025:


Programa Velhas Vivo

Desde o início de sua história, o CBH Rio das Velhas se envolveu em várias ações ligadas à Educação Ambiental. Mas foi em 2024, enfim, que foi aprovado o Plano de Educação Ambiental (PEA) do Comitê. “O PEA nasce para ordenar as ações e estratégias de Educação Ambiental do CBH. Ele foi estruturado no âmbito do Programa de Mobilização Social e Educação Ambiental, e formalmente aprovado pela Plenária. Foi desenvolvido a partir de um grande diagnóstico, que buscou reconhecer os principais projetos, atores e demandas de Educação Ambiental ao longo do território”, explica Luiz Ribeiro, da equipe de Mobilização Social e Educação Ambiental do CBH Rio das Velhas.

Para a elaboração do Plano, o Comitê fez o levantamento das melhores práticas de Educação Ambiental e também das demandas existentes nas 23 Unidades Territoriais Estratégias (UTEs) da bacia. Esse trabalho de diagnóstico permitiu identificar e mapear quase 300 iniciativas de Educação Ambiental que já existiam no território, para a partir disso, traçar pontes e parcerias que pudessem ampliar ainda mais as ações.

O PEA do CBH Rio das Velhas recebeu o nome de Programa Velhas Vivo e tem o objetivo de integrar todos os parceiros que já desenvolvem ações de Educação Ambiental na bacia, ampliando as atividades de forma sistematizada, além de buscar a sensibilização dos diversos atores do território, como os setores da indústria, agropecuária, poderes público municipais e estadual, além sociedade civil organizada.

Uma das metas do Programa Velhas Vivo é sensibilizar os atores desses segmentos, criando e fortalecendo o sentimento de pertencimento da população dos 51 municípios da bacia sobre o Rio das Velhas e seus múltiplos afluentes. “A Educação Ambiental é fundamental para a preservação e revitalização das bacias hidrográficas, pois tem o poder de conscientizar a sociedade sobre a importância dos elementos naturais e os impactos das atividades humanas no meio ambiente”, complementa Poliana Valgas.


Poliana e José Procópio celebram potencialidades do PEA


O PEA confere protagonismo pedagógico ao Piraju, nome-fantasia do peixe dourado (Salminus franciscanus), que se transformou em símbolo da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e das ações de revitalização do território. “Temos muitas formas de medir a qualidade da água, mas uma das principais é saber se há vida no rio. Por isso, ao pensar nas ações de Educação Ambiental, defendemos a ideia de se ter um bioindicador da qualidade do nosso Velhas. O dourado é um peixe lutador, guerreiro, bonito. Tem valor comercial, mas só vive em água limpa. Por isso escolhemos esse peixe como bioindicador e mascote do Rio das Velhas, porque se tivermos esse peixe, significa que temos um rio de qualidade”, explica Procópio.

O PEA da bacia do Rio das Velhas prevê diversas ações, desde palestras a seminários e caravanas, envolvendo o poder público, as escolas, os produtores rurais e os demais setores da sociedade, com o objetivo de fazer com que todos entendam a importância e a necessidade de preservação da bacia para garantir que haja água na qualidade e na quantidade necessárias.

O propósito disso é mostrar que, a partir da Educação Ambiental, é possível transformar a realidade da bacia, mobilizando toda a população e mudando a forma como o Rio das Velhas é visto, estimulando mudanças capazes de manter o rio vivo. “O PEA foi construído em um universo de quatro anos, de 2024 a 2027, para nortear todo o nosso trabalho de Educação Ambiental. É um guia para indicar como o Comitê pode criar iniciativas de alto impacto, além de potencializar aquelas que já são desenvolvidas ao longo do território, considerando a realidade e a necessidade de cada uma de nossas UTEs”, destaca Luiz Ribeiro.


Saiba mais sobre o Programa Velhas Vivo:


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Henrique Ribeiro
*Fotos: João Alvez; Amanda Eduarda