Logo CBH Rio das Velhas

Reivindicação antiga do Comitê, modernização da ETE Onça marca avanço histórico no tratamento de esgoto da bacia

21/07/2025 - 17:28

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) anunciou, no fim do mês passado, a ampliação e modernização da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Onça, em Belo Horizonte. O projeto, apresentado na 128ª Reunião Plenária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), promete transformar o sistema de esgotamento sanitário da capital mineira e promover avanços importantes na qualidade das águas do Ribeirão Onça e do Rio das Velhas.


Com investimento estimado em R$ 1 bilhão, a nova ETE Onça deverá ser a mais moderna do país, segundo a Copasa. Além de ampliar significativamente a capacidade de tratamento, o projeto prevê a geração de cerca de 1,2 mil empregos diretos e indiretos. A unidade contará com sistemas de controle de odor para reduzir impactos na vizinhança e com tecnologias de reúso do efluente tratado, inicialmente na própria estação, mas com possibilidade de expansão para fins urbanos e industriais.

De acordo com Nelson Cunha Guimarães, superintendente de Meio Ambiente da Copasa e membro do CBH Rio das Velhas, a modernização da ETE Onça representa um salto tecnológico e ambiental significativo. “A ETE do Onça é hoje a segunda maior estação operada pela Copasa. Com a ampliação da capacidade de tratamento de 1.800 para 2.000 litros por segundo e a implantação do tratamento terciário, ela se tornará uma das mais modernas do Brasil. Atualmente, já conseguimos remover 78% da carga orgânica, um índice acima do exigido pelas normas ambientais. Com as melhorias previstas, essa eficiência deve ultrapassar os 90%, além de permitir a remoção de nutrientes e a desinfecção do efluente tratado. Essa evolução será fundamental para a melhoria da qualidade das águas do Rio das Velhas, a jusante do Ribeirão Onça, já que o efluente lançado pela estação terá uma qualidade superior à do próprio corpo receptor.”

Para Poliana Valgas, presidenta do CBH Rio das Velhas, o anúncio da ampliação da ETE Onça foi recebido com atenção, interesse e grande expectativa. Ela destaca que a iniciativa é de extrema relevância para a melhoria da qualidade ambiental da bacia, especialmente no processo de recuperação do Rio das Velhas, que há décadas sofre com os impactos do esgoto lançado na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), principalmente pela presença de nutrientes como o nitrogênio fóssil. “Essa ampliação da eficiência no tratamento de esgoto, com a inclusão do tratamento de substâncias adicionais, é uma pauta histórica do Comitê. Há anos temos cobrado, dialogado e proposto soluções para a revitalização dos corpos d’água urbanos. O que esperamos agora é que esse investimento seja de fato executado e que gere resultados concretos, com a redução da carga poluente, a diminuição dos episódios de mortandade de peixes e, sobretudo, a melhora da qualidade da água”, afirma.

Para ela, o saneamento é uma das chaves para garantir água em quantidade e qualidade para os diversos usos ao longo da bacia, desde o abastecimento público até a pesca, a agricultura e a sobrevivência das comunidades ribeirinhas.

O CBH Rio das Velhas tem defendido há anos a introdução do tratamento terciário como etapa essencial do esgotamento sanitário. Apenas os tratamentos primário e secundário não são suficientes para remover nutrientes críticos, como nitrogênio e fósforo — responsáveis pela eutrofização em regiões como o Médio e Baixo Rio das Velhas. O Comitê tem enfatizado que, além da remoção de matéria orgânica, é urgente incluir etapas que garantam a redução das cargas de nutrientes, para evitar proliferação de algas, mortandade de peixes e comprometimento da capacidade de autodepuração dos rios.

No caso da ETE Onça, essa pauta histórica ganha corpo com o projeto de ampliação, que prevê justamente a implantação do tratamento terciário. A expectativa é dupla: elevar a eficiência da remoção de matéria orgânica para mais de 90%, além de permitir a retirada de nutrientes e a desinfecção do efluente, resultando em água tratada de qualidade superior à do próprio corpo receptor.


Nelson Guimarães e Poliana Valgas comemoraram a ampliação


Novas Tecnologias

Inaugurada em 2006 e expandida em 2010, a ETE Onça já é responsável pelo tratamento do esgoto de aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, atendendo mais da metade da população de Belo Horizonte (51,07%) e de Contagem (55,34%). Além da ampliação da capacidade de tratamento, o projeto prevê o aproveitamento sustentável dos subprodutos gerados no processo. Estão previstas a instalação de duas centrais de tratamento de lodo e de biodigestores, que permitirão a futura utilização do biogás e do lodo como recursos energéticos e agrícolas. A proposta reforça o compromisso com a economia circular e com a redução dos impactos ambientais, integrando inovação tecnológica à gestão de resíduos do esgotamento sanitário.

Outro destaque da modernização é a implantação de um sistema de monitoramento em tempo real de todo o processo de tratamento. Diversos parâmetros serão acompanhados a partir de uma sala de controle equipada com supervisórios modernos, telas e monitores distribuídos ao longo da estação.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: Bianca Aun; João Alves; Ohana Padilha