Revista Velhas Nº11: Entre a memória e a história

28/08/2020 - 8:32

Através do olhar de antigos moradores, livro ‘Sumidouro entre memórias’ potencializa a leitura do espaço e do tempo de um território historicamente singular


Foi num local chamado por Anhanhonhacanhuva, que em tupi significa “água parada que some no buraco”, que nos idos de 1674 o bandeirante paulista Fernão Dias, acompanhado pelo genro Manuel de Borba Gato, fundou o arraial de São João do Sumidouro e, por lá, fixou residência temporária. A poucos metros de um à época caudaloso Rio das Velhas, a casa – hoje conhecida como Quinta do Sumidouro – forneceu mantimentos e víveres para os sertanistas das expedições em busca de minerais preciosos.

Hoje conhecido como Fidalgo, pertencente a Pedro Leopoldo, o distrito guarda na arquitetura da Capela de Nossa Senhora do Rosário, Casa e Sítio da Quinta do Sumidouro, e na memória coletiva perpetuada por seu povo, a história de um local que foi de fundamental importância na formação e ocupação do estado de Minas Gerais.

E é à luz desse particular território que a historiadora Élica Viveiros, no livro Sumidouro entre Memórias (Tavares Editora, 2018), descortina cenários que ganham vida através de relatos de moradores locais que nos conectam com a relação direta entre ocupação, usos e significados do povoado.

Em tempos em que a informação de alguma forma é até banalizada, dado o grande volume que se tem, o livro traz a oportunidade de as gerações vindouras conhecerem a memória do lugar em que vivem. Hoje elas têm um registro para conhecerem como as pessoas do lugar viviam, que dificuldades encontravam. O livro, de alguma forma, pode ser um exercício de educação contra o esquecimento da memória daquele lugar” Élica Viveiros Professora de História e Autora do livro Sumidouro entre Memórias

Natural de Fidalgo, onde passou a infância e boa parte de sua juventude, desde cedo Élica demonstrou interesse pela história de seus antepassados e suas origens. Durante a graduação, lançou-se aos estudos acadêmicos sobre a região de Fidalgo e Quinta do Sumidouro com grande dedicação e paixão. “Na época da pesquisa, o grande desafio foi a lacuna que existe na região com relação a estudos históricos. A gente tem muitos estudos da geomorfologia, da geografia física, mas um estudo histórico mesmo da região – principalmente das localidades – ou era muito pontual ou não existia. Não se tinha uma referência a respeito disso; acredito que hoje meu livro contribua nesse sentido, pois as pessoas que quiserem dar continuidade aos estudos podem partir de um lugar”.

Além de compartilhar a memória local com seus conterrâneos por meio de seu livro, Élica é também professora de História nas redes municipal e estadual de Pedro Leopoldo.

Igreja Nossa Senhora da Conceição da Jaguara é uma das relíquias históricas da região.


Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiz Ribeiro
Fotos: Fernando Piancastelli