Na última quarta-feira (24) Sete Lagoas comemorou aniversário de 154 anos de emancipação. Mas quem ganhou o presente foi o Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato, que em setembro do ano passado ardeu em chamas por pelos menos 10 dias consecutivos. Com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e entidades que compõem o Subcomitê Ribeirão Jequitibá, na terça-feira (23) foram plantadas 1.500 mudas das mais variadas na área que foi castigada pelas chamas de 2020 e que consumiram cerca de 80% da cobertura vegetal do monumento.
Localizada em Sete Lagoas, região central do Estado, a Gruta Rei do Mato possui formações de estalagmite e estalactite raras em todo o mundo e é uma das cavernas mais visitadas do Brasil. No ano passado, o incêndio que durou 10 intermináveis dias e que consumiu o entorno da unidade de conservação, na chamada zona de amortecimento, e também o interior do monumento, foi provocado por um andarilho com problemas mentais, que acabou sendo detido pela polícia.
A gestora do Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato e conselheira do Subcomitê Ribeirão Jequitibá, Honorina Rocha, ainda se lembra do incêndio de setembro de 2020. “Foi um fato que mobilizou toda a sociedade. O capim invasor, presente nas bordas da unidade, favorece muito os incêndios. Então uma maneira que a gente está encontrando é a remoção desse capim, de forma definitiva, pela raiz, porque brota com muita facilidade. Então, esse espaço, que foi destruído e hoje preparado para o plantio, recebeu 1.500 mudas espalhadas em 10 mil metros quadrados de área, para darmos vida então a um bosque, o Bosque da Vida, que também será uma homenagem às pessoas de Sete Lagoas e região que faleceram vítimas da Covid”, lembrou Honorina.
A gestora ressaltou que o monitoramento de queimadas é rigoroso. “Temos uma brigada que foi contratada com esse intuito e que ainda está conosco mesmo no período chuvoso. Além disso, nós mesmos monitoramos a área durante o dia. O que previne o incêndio é essa manutenção, é o rebaixamento do capim e a recuperação de áreas degradadas. As parcerias para a prevenção e combate a incêndios é muito grande, contamos com o apoio do Corpo Bombeiros, Polícia Ambiental, Polícia Rodoviária, Via 040, DER e brigadistas. É essa união, e trabalho, que inibe o incendiário de entrar na vegetação seca e botar fogo. Este ano ainda não tivemos incêndio na área da Gruta Rei do Mato, então é sim para comemorar”, finalizou
O plantio de terça-feira reuniu centenas de voluntários de Sete Lagoas e região, além de entidades ligadas ao Subcomitê Ribeirão Jequitibá que prepararam o terreno de 10 hectares para receber espécies como: Angico, Ipês Rosa, Branco, Amarelo e Roxo, Jatobá do Cerrado, Jacarandá, Pau-ferro e Paineira Nativas, entre outras. As mudas vieram de diferentes hortos florestais, como o Viveiro Langsdorff – uma iniciativa do Comitê, Subcomitê Rio Taquaraçu, Agência Peixe Vivo e ArcelorMittal Brasil, responsável pela produção e doação de espécies nativas para toda a bacia.
A coordenadora geral do Subcomitê Jequitibá, Marley Beatriz de Assiz Lima, afirmou que ainda há muito a ser feito. “Trata-se de área bastante fragilizada, muito em função da presença de vegetação invasora, que vira capim seco e pega fogo com muita facilidade. É necessário ocupar os espaços com o plantio de espécies típicas da nossa região, o que evitará o crescimento de vegetação invasora. É nosso objetivo transformar o local em um bosque, o Bosque da Vida”, antecipou Marley Beatriz.
A coordenadora de Meio Ambiente da secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Funilândia, Letícia Souza Lopes, fez questão de participar do plantio em Sete Lagoas. “É sempre bom manter essa parceria com o Subcomitê e o CBH Velhas. Em Funilândia, procuramos sempre manter essa sintonia, porque da mesma forma que a gente contribui também precisamos dessa contribuição. A questão das queimadas também é um gargalo e a gente tem trabalhado para poder estruturar em Funilândia nossa Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC). Essa semana realizamos um curso voltado para Defesa Civil, bem como já constituímos uma turma que realizou o curso de Brigadista. O momento é ótimo para o plantio, porque hoje tem água, mas já que vem o fogo. Então o trabalho ambiental deve ser contínuo para obtermos um bom resultado a médio e longo prazo”, finalizou.
Veja as fotos do evento:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Celso Martinelli
Fotos: Léo Boi