Grupo de Controle de Vazão do Alto Velhas debate estratégias para o período de estiagem

18/06/2020 - 9:30

Com o início do período seco, o ponto de captação da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), na Estação de Tratamento de Água (ETA) de Bela Fama, responsável pelo abastecimento de mais da metade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), começa a registrar queda no nível de vazão do Rio das Velhas. Em vista disso e com o objetivo de discutir o planejamento de ações frente ao início do período de estiagem, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), por meio do Grupo de Controle de Vazão do Alto Rio das Velhas (Convazão), realizou videoconferência entre os seus membros na tarde da terça-feira (16).

Durante a reunião, o representante da Cemig, Renato Júnio Constâncio, informou que o reservatório da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Rio de Pedras, localizado em Acuruí, no município de Itabirito, continua rebaixado. “Estamos realizando uma intervenção na PCH Rio de Pedras e, por isso, ela está indisponível para fornecer água. Assim que tiver disponibilidade informamos para podermos contribuir. O reservatório se encontrará nesta situação durante todo o período de seca de 2020”.

O presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, alertou sobre a importância de desassorear a PCH. “Rio de Pedras corta o Velhas, está dentro da calha do rio e precisa ser desassoreada. Precisamos discutir o que será feito para resolver o problema, visto que a situação tende a complicar”, explicou.

Renato Constâncio esclareceu que a Cemig fará um estudo para saber a melhor forma de retirar os sedimentos e o local de armazenamento e garantiu que em breve o assunto será retomado com o CBH Rio das Velhas.

O representante da AngloGold Ashanti, Weider Junior de Oliveira, disse que todas as PCHs estão paralisadas desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, no mês de janeiro de 2019. “No entanto, estamos aproveitando esta paralisação para realizar a manutenção dos empreendimentos. Hoje a Lagoa Grande (dos Ingleses) está com 77,2% e a tendência é que até o mês de setembro (final da estiagem) chegue ao volume mínimo. Já a Lagoa do Miguelão está com as comportas fechadas para acumular água e a Lagoa das Cordornas está praticamente a fio d’água. Somando os três reservatórios estamos com 76% do volume útil”, afirmou.

Já os representantes da Copasa, Nelson Guimarães e Sérgio Pacheco, mostraram que o consumo de água não aumentou devido a pandemia do coronavírus. “Não ocorreu aumento de consumo por causa da pandemia, pelo contrário, desde o início de março houve uma diminuição da produção de água em 5%, o que se mantém até hoje. De modo geral, o consumo está estacionado e não é uma preocupação. Este ano a situação é mais confortável em relação aos anos anteriores, visto que as chuvas de janeiro e fevereiro foram responsáveis por aumentar os níveis dos reservatórios de água da Copasa que hoje estão em torno de 98%”, esclareceu Sérgio Pacheco.

“O cenário melhorou. Nos últimos anos sofremos uma severa crise hídrica e assistimos a uma perda cada vez maior de rio com a diminuição da quantidade, qualidade e vitalidade. As chuvas do início do anos nos salvaram, mas continuamos em alerta visto que nem só de chuva vive um rio”, disse Polignano.

O presidente do CBH Rio das Velhas acrescentou ainda que o Convazão precisa ampliar o debate para além dos temas emergenciais. “Temos que discutir sobre a produção de água no Alto Rio das Velhas. Avançamos em alguns aspectos como por exemplo com as ações do Pro-manaciais (Programa Socioambiental de Proteção e Recuperação de Mananciais da Copasa) e com os projetos hidroambientais do Comitê. A nossa preocupação é em manter o que temos de água, recuperar os mananciais e ver como podemos garantir mais volume de água na bacia do Velhas e, assim, garantir a segurança hídrica”.

A próxima reunião do Convazão acontecerá no dia 07 de julho para analisar as curvas de recessão que a Copasa e Cemig vão apresentar, bem como a previsão meteorológica para os próximos meses.

O Convazão é liderado pelo CBH Rio das Velhas e reúne representantes da Copasa, Serviço Autônomo de Saneamento Básico (SAAE) de Itabirito e Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), além da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e mineradoras Vale e AngloGoldAshanti, que possuem barramentos de água na região do Alto Rio das Velhas. A finalidade do Grupo é pensar soluções para a segurança hídrica da RMBH.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Michelle Parron