Aguapés retratam poluição do Rio das Velhas

01/10/2021 - 10:58

Poucos dias de chuva já foram suficientes para demostrar a situação do Rio das Velhas. O manancial amanheceu, nesta quinta-feira (30,) com aguapés (Eichhornia crassipes) na região de Honório Bicalho, próximo a Estação de Tratamento de Água (ETA) Bela Fama, da Copasa, no Alto Rio das Velhas. As plantas aquáticas surgem em decorrência das baixas vazões e falta de saneamento básico, na região que abastece metade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A proliferação de aguapés em diferentes pontos são um dos indicadores da poluição que toma conta do seu leito. Em grande quantidade, essas algas ocasionam um efeito ‘tapete’ que culmina numa queda abrupta de oxigênio na água e, muitas vezes, na sua contaminação por cianobactérias (microrganismos que, quando ingeridos podem levar à proliferação de doenças). Os peixes são os primeiros a serem afetados.

O biólogo e coordenador de campo do projeto de Biomonitoramento da bacia do Rio das Velhas, Carlos Bernardo Mascarenhas Alves, explica que o aparecimento de aguapés é comum em períodos de estiagem. “A proliferação de plantas aquáticas ocorre pela combinação da alta luminosidade e do calor do sol com o baixo nível das águas pela falta de chuva. Elas podem comprometer o ecossistema local e provocar a morte de peixes, pois o acúmulo de aguapés bloqueia a passagem da luz do sol pela água e compromete o desenvolvimento de algas, que são importantes para a oxigenação da água”, disse.

Os aguapés não colocam em risco à saúde humana, no entanto são plantas bioindicadoras. “Eles mostram que, naquele local, há um grande índice de poluição por eutrofização. Ou seja, muita matéria orgânica está sendo jogada no rio. Como o aguapé absorve esta matéria, vai se alastrando. A solução é ter mais água no rio para dissolver a matéria orgânica que ali se encontra”, esclareceu Carlos Bernardo Mascarenhas.

A eutrofização é o processo de poluição de corpos d´água, como rios e lagos, que acabam adquirindo uma coloração turva ficando com níveis baixíssimos de oxigênio dissolvido na água. Isso provoca a morte de diversas espécies animais e vegetais, e tem um altíssimo impacto para os ecossistemas aquáticos.

 

 

A falta de saneamento básico ainda é um problema enfrentado pelo Alto Rio das Velhas, uma importante área de recarga e que deveria ser preservada. Raposos, localizado a montante de Honório Bicalho, não possui tratamento de esgoto, tendo o Rio das Velhas como destino de 100% dos seus dejetos. Outros problemas enfrentados pelo Alto Rio das Velhas é o alto número de atividades extrativistas, imobiliárias e o adensamento da população.

Vale destacar também que o Rio das Velhas na estação de Bela Fama se encontra em estado de atenção, desde julho deste ano, apresentando vazões abaixo de 10 m3/s pelo longo período de estiagem.

A Copasa informou por meio de sua assessoria de imprensa que o aparecimento dos aguapés foi devido às chuvas que ocorreram na região essa semana e não afetará o abastecimento de água da RMBH.


Veja mais fotos da situação do rio


Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio
Fotos: Robson Oliveira