Minas Gerais se encontra em situação de emergência hídrica devido à queda do volume de chuvas esperado para o período de junho a setembro de 2021. O alerta foi emitido pelo Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), junto com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) para Minas Gerais e outros quatro Estados – Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná – no final do mês de maio. Esses Estados abrigam polos de produção agropecuária e têm grandes hidrelétricas com participação importante no sistema nacional interligado de abastecimento de energia.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) confirmaram que esperam a pior estiagem da história durante a reunião do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográfica (FMCBH), realizada no dia 22 de junho, por videoconferência. A estimativa é que seja o período mais crítico em 91 anos.
A Cemig destacou durante a reunião do FMCBH que o momento exigirá manobras. “Estamos esperando o pior período seco da história, fruto de anos consecutivos de baixas precipitações. Mas temos que lembrar que o setor elétrico é interligado e quando temos um déficit de capacidade de geração em determinado local, a energia vem de outras regiões”, explicou o gerente de planejamento estratégico da companhia, Ivan Sérgio Carneiro.
Os baixos níveis dos reservatórios vão refletir em um aumento na conta de energia de consumidores de todo o país, impactando a inflação. Também podem gerar prejuízos sobre abastecimento, agricultura, pecuária e piscicultura das regiões dos entornos das represas.
Em vista disso, Ivan Carneiro destaca que a preocupação no primeiro momento é de equacionar os usos múltiplos da água dos reservatórios. “Diversos usos da água dependem desses reservatórios, como captação para abastecimento humano, hidratação animal, irrigação e navegação. Temos que ter em mente que vamos ter que articular os usos da água para atravessar esse período em que vamos ter vazões muito baixas dos rios e com baixo armazenamento nos reservatórios. Temos que nos ajustar para essa condição excepcional”, afirmou.
O diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), Marcelo da Fonseca, participou da reunião do FMCB e falou sobre o atual quadro da crise hídrica no Estado. “O último período chuvoso foi de grandes anomalias, o que traz reflexos para os usos da água. Sabemos que ações devem ser tomadas para minimizar os prejuízos possíveis em um cenário de crise hídrica com um planejamento do futuro para termos maior resiliência em situações de crise hídrica. Estamos elaborando um plano de enfrentamento da situação, com participação de todos os órgãos competentes, incluindo as secretarias de Meio Ambiente e Agricultura, Defesa Civil, Copasa e Cemig”, declarou.
Segundo especialistas, o desequilíbrio ambiental provocado pelo desmatamento descontrolado de matas nativas é um dos grandes causadores da baixa precipitação mesmo naqueles meses que ela deveria acontecer.
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O alerta nos mostra que, além de não ter chuva, os reservatórios estão com níveis baixos. Isso demonstra que as nossas bacias estão maltratadas. Vamos pagar mais caro pela conta de luz, mas uma coisa que não conseguimos fazer é colocar mais água dentro dos rios. A solução para gerar energia não resolve o problema hídrico. Vivemos uma crise atrás da outra e não estamos encontrando solução. A revitalização das bacias deve ser prioridade para assegurar os usos múltiplos”, disse o coordenador do FMCBH e secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano.
FMCBH
O Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH) é composto pelo conjunto dos 36 comitês legalmente instituídos no Estado de Minas Gerais, e tem o objetivo de promover a integração e a articulação dos comitês no âmbito estadual e federal, visando o seu fortalecimento como parte do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos de Minas Gerais (SEGRH/MG).
Durante a reunião do dia 22 os membros dos Comitês de Minas também debateram com os representantes do IGAM sobre a estruturação e fortalecimento das instituições na gestão das respectivas bacias.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio