Comunidade na bacia do Rio Paraúna recebe plantio de mudas e cercamento de nascentes

17/01/2019 - 6:34

O projeto hidroambiental da UTE (Unidade Territorial Estratégica) Rio Paraúna segue a todo vapor. Com o objetivo de diminuir os processos de erosão e assoreamento na bacia do Rio Paraúna, a empresa responsável pela elaboração do projeto já realizou o plantio de duas mil mudas e o cercamento de nove áreas, totalizando 4.064 metros de cerca na comunidade quilombola do Espinho, na área do Córrego Engenho da Bilia, afluente do Paraúna. A comunidade Espinho pertence ao município de Gouveia.

A área de abrangência do projeto é uma região caracterizada por ter um solo arenoso, suscetível a erosões, e severamente degradado, em função do intenso uso com atividades de silvicultura, pecuária e agricultura de subsistência.

Para o prefeito de Gouveia, Toninho da Mercearia, o projeto executado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) é um avanço para a cidade. “O município de Gouveia vem buscando alternativas para que a água esteja presente na vida da nossa população, principalmente os moradores da zona rural. Nós estávamos esperando por estas obras há muito tempo. Graças a estas parcerias, elas chegaram em boa hora e a captação das águas das chuvas pelas bacias e curvas de níveis vão contribuir muito para a comunidades do Espinho e Bilia. Estamos satisfeitos com a execução do projeto e esperançosos de que os resultados serão positivos”, afirmou.


O território da comunidade do Espinho sofre com o impacto das grandes erosões. Crédito: Fernando Piancastelli

O projeto hidroambiental do Rio Paraúna é financiado pelo CBH Rio das Velhas e incluiu também a construção de 113 bacias de contenção de água da chuva (barraginhas), 849 metro de bigodes, 486 metros de lombadas, 1.753,12 metros de terraços, 188 metros de valetas de proteção com caixas coletoras e 17.5 metros de paliçadas em áreas de estradas vicinais, além de 7.901,80 metros de cerca e o plantio de 11. 104 mudas. Também serão realizadas ações de educação ambiental e mobilização social junto às comunidades da região.

Vicente de Paula Araújo é morador da comunidade Espinho e proprietário do Sítio Poço D’água, área contemplada pelo projeto. “Aqui no meu terreno corria uma nascente que agora secou. Sem água como a gente vive? O pessoal veio aqui e cercou duas áreas que devem ser protegidas e agora estou esperando o plantio de mudas no meu terreno”, disse.

Joelita Silva Araújo é casada com Vicente e juntos cuidam com carinho da região há mais de 60 anos. Além de cultivar pequenas hortas, mandioca e ainda fazer rapadura, também produz artesanato junto com centenas de outros moradores. “A nossa comunidade tem muita água, mas, o acesso à ela é difícil. Já passamos muita dificuldade com a falta de água. Participei do Seminário e da Mini Oficina realizada na nossa comunidade em agosto do ano passado e fiquei encantada com as melhorias que serão feitas pelo projeto. Com estas obras a gente tem certeza que, com a chuva que vem, as bacias vão acumular muita água da enxurrada e entrar por baixo da terra que vai ficar boa para plantar e as nascentes, que estavam entupidas, vão fluir de novo”, afirmou.

O projeto terá duração até novembro de 2019 a um custo de mais de R$ 1.005.446,44.

Veja as fotos da região:

Comunidade Espinho

A comunidade Espinho caracteriza-se como remanescente de quilombos e encontra-se a 17 quilômetros de distância da sede do município de Gouveia. O acesso se faz por uma estrada de terra que apresenta diversas interseções. A comunidade encontra-se entre as depressões intermontanas das escarpas quartizíticas do complexo da Serra do Espinhaço.

Ao chegar à comunidade, as casas encontram-se dispersas pela área que abrange os seus limites, algumas com difíceis acessos. Não há praça ou um outro ponto qualquer que sirva de referência ou confraternização. O único ponto em comum, e de melhor acesso, é o prédio da escola municipal, localizado na comunidade vizinha, Pedro Pereira.

As casas são pequenas e sua estrutura é feita de pau a pique, sendo que apenas recentemente foram introduzidos banheiros com fossas sépticas. Algumas delas remontam ao período colonial, segundo datações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAM), e possuem, aproximadamente, 450 anos.

Em Espinho, há aproximadamente 65 famílias que se caracterizam como afrodescendentes. Todavia, a classificação da comunidade enquanto remanescente de quilombos é considerada, sobretudo, externamente, pois os moradores não costumam fazer tal afirmação. Ao contrário, constantemente, seus habitantes tentam dissociar a vinculação de sua imagem e seu passado com a sociedade negra escravocrata, diferenciando sua condição através da tipificação de ‘negros escravos’ e ‘negros de trabalho’.

A A Comunidade Quilombola do Espinho caracteriza-se como remanescente de quilombos e encontra-se a 17 quilômetros de distância da sede do município de Gouveia. Crédito: Fernando Piancastelli

UTE Rio Paraúna

Localizada no Médio Baixo Rio das Velhas, a Unidade Territorial Estratégica (UTE) Rio Paraúna é composta pelos municípios de Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Norte, Datas, Gouveia, Monjolos, Presidente Juscelino, Presidente Kubitschek, Santana de Pirapama e Santo Hipólito. A Unidade ocupa uma área de 2.337,61km2 e detém uma população de 22.908 habitantes.

A UTE tem uma grande riqueza de cursos d’água com uma alta densidade de drenagens de tributários e tem como principal rio o Paraúna, com seus 150,23 quilômetros de extensão. Além disso, o Rio Paraúna é considerado um dos mais importantes afluentes do Rio das Velhas em sua margem direita e é crucial na depuração de suas águas, devido aos bons índices de qualidade verificados periodicamente, de acordo com o monitoramento anual apresentado pelo IGAM.


Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br