Reunidos na última sexta-feira (02/09), os membros do Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas (Convazão) continuaram a avaliar as variações da vazão do rio nesse período de estiagem, cujos resultados podem indicar a necessidade da adoção de medidas de emergência para garantia da segurança hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que tem quase metade de seus 6 milhões de habitantes abastecida por esse curso d’água.
A AngloGold Ashanti, que possui barramentos no chamado Sistema Rio de Peixe, à montante da captação da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), exibiu os últimos ajustes na curva-chave, pela qual é medida a vazão. Mesmo se tratando de referência provisória, já que a definitiva precisa incorporar medições da época chuvosa, “a vazão de defluência aferida no reservatório (o volume de água que sai) saltou de 1,4 para 2,7 m³/s”, informou o representante da empresa, Weider de Oliveira, confirmando, como já se suspeitava, ter havido forte interferência na estação telemétrica.
Percepção ribeirinha
Nelson Guimarães, da Copasa, destacou que a percepção “de quem está na beira do rio” mostra um cenário “melhor do que em anos anteriores”. Seu colega Roberto Alves acrescentou que a hidrometria do dia 24 de agosto flagrou “uma vazão de 7 m³/s a jusante da captação”. Somados aos 6,2 m³/s captados naquela data, o resultado ficou acima de 13 m³/s, quase 4 m³/s além dos 9,3 m³/s medidos em Honório Bicalho, onde se situa a captação de Bela Fama.
Guimarães propôs reunião técnica do Convazão com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que mantém medição em Honório Bicalho, distrito de Nova Lima, para reavaliar os números e, quem sabe, “até mudar nossas estratégias”, afirmou.
Josiene Perdigão, também da Copasa, acrescentou: “as leituras de Raposos, a partir dos números da Agência Nacional de Águas (ANA) podem ajudar”. Ela lembra que “a única contribuição relevante entre Honório Bicalho e Raposos é o Ribeirão da Prata, com 1 m³/s”. A telemetria da ANA indica vazões de até 9,76 m3/s a jusante de Bela Fama. “Nesses 10 anos que estou atuando na área de captação, o que percebo é que este ano a vazão informada não corresponde à realidade. Precisamos investigar o que está acontecendo”, recomenda.
Técnicos da Copasa, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), e Euler Cruz, do Fórum Permanente do Rio São Francisco e do Gabinete de Crise da Sociedade Civil, já confirmaram participação na reunião com CPRM, prevista para esta semana.
Luís Cláudio Figueiredo e Mauro Lobo ainda levaram informações sobre as outorgas e volumes efetivamente utilizados pela mineradora Vale na região do Alto Rio das Velhas.
A próxima reunião do Convazão ficou agendada para 16 de setembro, oportunidade na qual as medições de vazão do Rio das Velhas serão novamente avaliadas.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
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*Texto: Paulo Barcala
*Fotos: Leo Boi