CTECOM avalia ações de Mobilização Social, Capacitação e Educação Ambiental realizadas em 2024

26/11/2024 - 16:25

Na última sexta-feira (22), membros da Câmara Técnica de Educação, Comunicação e Mobilização (CTECOM) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) se reuniram virtualmente para discutir o balanço das ações do Programa de Mobilização Social e Educação Ambiental realizadas na bacia ao longo deste ano. Além disso, foi debatido o fortalecimento de uma gestão integrada com a Estação Ecológica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).


Desde 2013, o Comitê possui um projeto específico com a finalidade de realizar atividades de Mobilização Social e Educação Ambiental, de forma a garantir a ampliação da conscientização e sensibilização das comunidades para a preservação e conservação do meio ambiente, a troca de conhecimentos e de experiências e a integração dos diversos atores que atuam na bacia. Para que a atuação do CBH Rio das Velhas continue sendo difundida, o projeto ocorre de forma descentralizada por todas as Unidades Territoriais Estratégicas (UTEs), fortalecendo especialmente o trabalho dos Subcomitês.

Entre diversas entregas e produtos do Programa nestes dois últimos anos, 2023 e 2024, executados pela empresa TantoExpresso, destacam-se o Plano de Educação Ambiental (PEA) da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e o Plano de Formação de Conselheiros, ambos já aprovados e em execução. O coordenador técnico, Luiz Ribeiro, e a analista ambiental e mobilizadora social, Leticia Vitorino, apresentaram o balanço geral do Programa de Mobilização Social e Educação Ambiental.

Na ocasião, foram detalhadas também todas as demais ações inseridas no escopo do projeto, como a organização e realização de mais de 200 reuniões ordinárias junto aos Subcomitês; a realização de processo eleitoral em todos os colegiados; a criação de dois novos Subcomitês (Tabocas e Onça e Peixe Bravo); a organização de visitas de campo, a realização de eventos principais como a Semana Rio das Velhas, Diálogos Regionais da Bacia Hidrográfica, Encontro de Subcomitês, Seminário do Programa Produtor de Águas da Bacia do Rio das Velhas e 1ª Conferência Livre de Meio Ambiente; e a organização e realização de webinários.

Ao final, a equipe apresentou um vídeo sobre a Cicloexpedição promovida pelo Ribeirão Arrudas, em 2024, durante o Dia do Rio das Velhas, como atividade síntese dos trabalhos de Mobilização Social e Educação Ambiental.


Relembre como foi a Cicloexpedição pelo Ribeirão Arrudas:


Após a apresentação, a conselheira da câmara e coordenadora do Subcomitê Ribeirão Arrudas, Márcia Marques, parabenizou o trabalho e destacou dois desafios cruciais que podem ser abordados no futuro em relação à educação ambiental na Bacia do Rio das Velhas. “O primeiro é enfrentar a descontinuidade e a natureza difusa das ações de educação ambiental. Apesar da grande dimensão da bacia, é possível adotar uma abordagem mais integrada, o que tornaria essas ações mais efetivas e com impactos mais duradouros”, afirmou. Ela também ressaltou a urgência de incorporar questões prioritárias, como segurança hídrica e planejamento de longo prazo, especialmente diante da perda de dois rios importantes em Minas Gerais, o Rio Doce e o Rio Paraopeba. “Temos que alinhar nossas ações a marcos estratégicos, como o Enquadramento das águas e a Meta 2034, para que possamos enfrentar esses desafios com consistência e visão de futuro”, destacou Márcia. Esses aspectos, segundo ela, são indispensáveis para consolidar uma nova perspectiva de educação ambiental no Comitê, assegurando sua relevância e sustentabilidade nos próximos anos.

Danilo Campos, cacique do povo Borum-Kren e membro do Subcomitê Nascentes, pediu maior atenção à questão indígena na bacia do Rio das Velhas. “É um dado triste, mas o único povo indígena presente na bacia do Rio das Velhas é o nosso, os Borum-Kren. Se você percorre a região, verá muitos indígenas que ainda vivem no processo de apagamento histórico. Acho que seria interessante, no futuro, dialogar com essas comunidades, explicar o que é ser indígena e mostrar que muitos desses grupos possuem saberes valiosos. O CBH Rio das Velhas, ao incluir essa perspectiva, poderia fazer uma diferença significativa. Além disso, com a crescente visibilidade da pauta indígena, podemos trazer mais apoio para nossa causa, não apenas para a questão ambiental, mas também para a valorização da diversidade cultural e do pertencimento”, afirmou.

O coordenador da CTECOM, Sérgio Leal, sugeriu como encaminhamento para o próximo ano que a equipe de Mobilização Social compare os índices com as diretrizes e indicadores propostos nos planos, com uma visão crítica das realizações. “Seria interessante que, no ano que vem, as ações fossem apresentadas com base no contraste com o que foi discutido no Plano. Por exemplo, a meta do Plano foi alcançada ou não? Acredito que já houve uma evolução significativa nos indicadores, e hoje sabemos, ao menos, o que queremos”, sugeriu Leal.

O coordenador técnico, Luiz Ribeiro, agradeceu a contribuição de todos os presentes e informou que irá discutir com a equipe a inclusão de todas as sugestões apresentadas. Todas as informações do contrato podem ser acessadas clicando aqui.



Estação Ecológica da UFMG

A professora da UFMG e diretora da Estação Ecológica inserida na área da instituição, Maria Auxiliadora Drumond, participou da reunião e apresentou as iniciativas realizadas na unidade. Ela também destacou a necessidade de fortalecer o projeto de gestão integrada das áreas verdes protegidas na bacia do Ribeirão do Onça.

De acordo com a professora, embora essas áreas sejam protegidas, não há registros oficiais que as qualifiquem como unidades de conservação de acordo com a legislação vigente. Isso reforça a urgência de consolidar um grupo de trabalho voltado à elaboração de um instrumento legal, no caso, um mosaico, para a gestão dessas áreas. “Realizamos estudos sobre a efetividade da gestão e analisamos dados disponíveis em plataformas que fornecem informações sobre a biodiversidade. Constatamos que, por meio de uma gestão compartilhada focada na conservação da biodiversidade, podemos melhorar significativamente a proteção de quase 400 espécies de vertebrados, incluindo diversas ameaçadas de extinção ou vulneráveis, abrangendo todas as categorias de ameaça. Além disso, essas áreas possuem recursos hídricos fundamentais e que devem ser preservadas. Contudo, ainda não conseguimos formalizar a criação de um mosaico de áreas protegidas, o que é essencial para avançarmos nesse objetivo”, destacou a professora.

O coordenador da CTECOM, Sérgio Leal, ressaltou a importância de uma gestão integrada e o impacto positivo que essa abordagem poderia trazer para as áreas protegidas situadas na Bacia do Ribeirão Onça, a estação ecológica e o CBH Rio das Velhas. “Hoje, existe um programa muito forte de educação ambiental dentro da Estação Ecológica, mas não sei se há iniciativas semelhantes nessas outras áreas. A integração desse mosaico permitiria ampliar as ações de educação ambiental na região e contribuir significativamente para a preservação do território. Além disso, há uma forte sinergia entre o trabalho desenvolvido pela Estação Ecológica e o que realizamos, o que me faz acreditar que podemos, sim, colaborar com esse mosaico”, afirmou Leal.

Como encaminhamentos propostos, destacaram-se a realização de uma visita técnica à Estação Ecológica para conhecer mais detalhadamente suas atividades e necessidades, além da elaboração de uma minuta pela CTECOM, a ser apresentada à Diretoria do CBH Rio das Velhas, com o objetivo de estreitar a relação entre o Comitê e a unidade. Também foi sugerida uma maior integração do Subcomitê Ribeirão Onça às ações desenvolvidas na região, incluindo o fortalecimento do grupo de mobilização dedicado à retirada de lixo e ao combate ao despejo de esgoto nos córregos da região da Pampulha.

Calendário 2025 e assuntos gerais

Ainda na reunião, foram aprovadas as atas dos encontros anteriores, assim como o calendário de atividades para 2025. Devido ao tempo limitado, a CTECOM decidiu remarcar o debate sobre as expectativas do Comitê em relação à “Caravana Piraju dá a letra: navegando e aprendendo sobre o Rio das Velhas”, prevista no PEA, além da apresentação e discussão dos Manuais Operativos Padrão e das matrizes de acompanhamento dos Planos de Formação de Conselheiros e do Plano de Educação Ambiental, que estavam previstos na pauta.

Uma nova reunião extraordinária foi agendada para o dia 13 de dezembro.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Foto: João Alves