No fim de setembro, dois novos Subcomitês da Bacia Hidrográfica (SCBHs) do Rio das Velhas concluíram seus processos de constituição. As Unidades Territoriais Estratégicas (UTEs) Peixe Bravo e Tabocas e Onça elegeram seus conselheiros e coordenadores, ampliando a gestão descentralizada que é marca do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas).
Criado em 1998, o CBH Rio das Velhas é conhecido pela instituição de Subcomitês, criados para promover o fortalecimento da gestão participativa e descentralizada. Os Subcomitês são grupos consultivos e propositivos, com atuação nas UTEs da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas. Possuem um importante papel de articuladores locais, aproximando a representatividade das diversas regiões da bacia junto à plenária do Comitê, a Diretoria e as Câmaras Técnicas.
Até então, havia 19 SCBHs entre as 23 UTEs. Após extenso período de mobilização e de discussão que passou por Câmaras Técnicas e outras instâncias do CBH Rio das Velhas, no dia 28 de junho deste ano, por unanimidade, os conselheiros do Comitê aprovaram a criação de dois novos SCBHs: Ribeirões Tabocas e Onça e Peixe Bravo, ambos na região do Médio-Baixo Rio das Velhas. Na última semana de setembro, as duas UTEs elegeram seus representantes e concluíram o processo de criação.
Subcomitê Tabocas e Onça
A UTE Ribeirão Tabocas e Onça ocupa uma área de 1.223,26 km². Seus principais cursos d’água são o Ribeirão da Onça, Ribeirão Tabocas, Ribeirão do Melo e Córrego Barro Vermelho. No território, há uma Unidade de Conservação de 73,14 ha: o Monumento Natural Peter Lund. A UTE é composta pelos municípios de Araçaí, Cordisburgo, Paraopeba, Curvelo e Jequitibá. De relevo calcário, a região possui inúmeras grutas, sendo a Gruta de Maquiné a mais famosa.
Com uma vegetação de campos gerais e veredas, a região é terra natal do escritor João Guimarães Rosa, sendo fonte de inspiração de sua obra literária. As grutas e a cultura do sertão atraem muitos turistas à região. A agropecuária, o assoreamento, o lançamento de efluentes domésticos e industriais, o aporte de carga difusa, as queimadas, a atividade minerária e a silvicultura são os principais agentes de interferência na qualidade das águas.
Eleição do Subcomitê Tabocas e Onça
Eleito coordenador, Guilherme Miranda, representante da Prefeitura de Cordisburgo, espera contribuir com o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação, além de promover a ampla participação dos membros do Subcomitê. “As expectativas para essa nova função que me foi confiada é buscar equilíbrio entre o uso consciente e a preservação ambiental. Acredito que, com diálogo aberto, colaboração entre todos os atores e compromisso mútuo, seremos capazes de enfrentar os desafios e avançar na implementação de soluções que garantam a saúde da bacia e a qualidade de vida das comunidades envolvidas. Trabalhar de maneira clara e aberta, facilitando o acesso às informações para todos os envolvidos”, destaca.
Veja mais fotos da UTE Tabocas e Onça:
Subcomitê Peixe Bravo
A UTE Peixe Bravo é vizinha da dos Ribeirões Tabocas e Onça. Composta pelos municípios de Jequitibá, Presidente Juscelino e Santana de Pirapama, ocupa uma área de 1.169,89 km² e tem como principais cursos d’água o Riacho Riachão, o Córrego Vargem Formosa, o Córrego da Serra e o Córrego Tibuna. Não possui Unidade de Conservação inserida em seu território.
Ali, a agropecuária é a principal atividade econômica. O uso dos recursos hídricos para irrigação e dessedentação animal é relevante. As práticas e intervenções da agropecuária impactam diretamente nos solos e cursos d’água. A região possui focos erosivos e pouco investimento em saneamento básico.
Eleição na UTE Peixe Bravo aconteceu de forma virtual
Ribeirinho e Amigo do Rio, José Geraldo Silvério, conhecido como Zezinho, é o primeiro coordenador do Subcomitê. Representante da sociedade civil, ele entende que o SCBH Peixe Bravo precisa contribuir com o saneamento básico da bacia e pensa que a mobilização é o caminho para esse objetivo. “Precisamos dobrar as forças e dobrar o brado retumbante para que o saneamento básico seja uma prioridade na Bacia do Rio das Velhas. Precisamos redobrar os esforços e articular com os munícipios”, projeta.
Zezinho deixa um recado: “Nós precisamos de assumir, como sociedade civil, assumir essa pauta [da água] como sendo nossa. Não mais de municípios e Governo do Estado, da Presidência da República, mas nossa”, conclui.
Veja mais fotos da UTE Peixe Bravo:
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Leonardo Ramos
*Fotos: Acervo/TantoExpresso; Fernando Piancastelli