Série da Rede Minas revela o Rio das Velhas, da nascente à foz

07/11/2022 - 9:05

Especial do Jornal Minas, em cinco episódios, fala sobre a história, os problemas e possíveis soluções para o “Velhas”, conhecido como “avó água”


O Rio da Velhas é o maior afluente do Rio São Francisco. Com mais de 800km de extensão, ele carrega história, cultura e sobrevivência. Como reconhecimento da importância da sua história, que se confunde com a do próprio estado, o Jornal Minas preparou uma série de cinco reportagens sobre os seus problemas e soluções. O seu nome vem da tradução, pelos bandeirantes, do termo de batismo indígena: “Uaimíi”. A palavra, em tupi-guarani, quer dizer “avó água”, e carrega a ancestralidade e a importância desse corpo d’água para toda Minas Gerais.

Com participação especial de membros históricos do CBH Rio das Velhas e seus Subcomitês, como Ronald Guerra, Poliana Valgas, Procópio de Castro, Marcus Vinícius Polignano, Apolo Heringer, Joana d’Arc Souza, Jeanine Oliveira e Vilma Martins, a série ‘Da nascente à foz: o Rio das Velhas atravessa a história de Minas’, da Rede Minas, apresenta em cinco episódios a história, os problemas e possíveis soluções para o nosso Velhas.

No primeiro episódio, a equipe do Jornal Minas busca não só as origens etimológicas do rio, mas também o seu nascedouro. Dos pequenos fios de água, nas regiões altas, que se formam e ganham corpo, em regiões mais baixas. No caminho, o rio banha mais de 50 cidades e atravessa a vida de quase 5 milhões de pessoas, direta ou indiretamente. E o ponto de partida é São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto.



A história das mais antigas cidades mineiras tem relação direta com o caminho dos rios pelo nosso território. O Rio das Velhas teve um papel fundamental em abastecer os primeiros arraiais, como o de Sabará. Outra cidade que teve, e ainda tem, uma relação indissociável com o Velhas é Jequitibá, na região central, um dos primeiros municípios de MG. Lá, a equipe conversou com Poliana Valgas, presidenta do Comitê da Bacia do Rio das Velhas. Desde a sua infância, ela viu o rio se transformar, da abundância à escassez. Hoje os pescadores da região denunciam a diminuição de peixes.



O Uaimíi, ao longo do seu curso, encontra oportunidades e ameaças diferentes para a sua saúde. No Carste de Lagoa Santa, uma lagoa calcária, o Velhas recarrega sua força e contribui diretamente para segurança hídrica da população da região. Mas, ao se aproximar da Região Metropolitana de Belo Horizonte, os problemas se intensificam. O Ribeirão do Onça, que nasce em Contagem, e o Arrudas, que atravessa a capital, desaguam no Rio das Velhas, carregando a degradação em forma de esgoto e a ameaça à sua vida. Outro inimigo muito presente ao longo do percurso é a mineração, com projetos minerários que ameaçam a capacidade de recarga de água.



É preciso entender o rio como um veículo de saúde ou doenças: a vida do rio é a nossa vida. O Projeto Manuelzão é uma das mais importantes iniciativas que buscam salvar e melhorar a qualidade do Velhas. O engajamento de toda a sociedade nessa causa é tão importante que o projeto já tentou chamar a atenção de diferentes formas, até mesmo uma expedição de caiaque da nascente a foz do Uaimíi. Metas bem claras definem a atuação do Manuelzão atualmente: a volta do peixe ao rio e a possibilidade de nele nadar em plena Região Metropolitana de Belo Horizonte.



O fim da expedição, depois de passar pelo centro do estado e pela RMBH, é no Norte de MG, em Barra do Guaicuí, distrito de Várzea da Palma. É no sertão mineiro que Uaimíi e o Velho Chico se abraçam. Na foz do Velhas, os pescadores comemoram a boa temporada de peixes: surubim, dourados, corvina e curimatá enchem os barcos e pratos. O rio dá força também às histórias locais. A Igreja de Pedras Senhor Bom Jesus do Matozinhos é um marco local, cercada de mistérios e de uma gameleira resistente, que escoa suas raízes pela parede da construção inacabada. O cenário é tão marcante que inspirou Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas. O amor dos protagonistas Riobaldo e Diadorim se inicia onde o Uaimíi termina.



Ficha técnica:

Reportagem: Paolo Xavier
Imagens: William Félix e Rodrigues Ribeiro
Motorista: Carlos Humberto Moreira
Produção: Ana Paula Gomes
Edição de texto: Lívia Maia
Arte: Victor Caldas e Paulo Santos (sob supervisão)
Edição de imagens: Jefferson da Silveira
Locução: Sulimar Silva


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Foto: Lucas Nishimoto