GT Barragens vê apresentação da Vale sobre segurança de suas estruturas no Alto Velhas

09/12/2022 - 15:45

O Grupo de Trabalho constituído para acompanhar a situação das barragens de mineração no Alto Rio das Velhas (GT Barragens) reuniu-se, em 30 de novembro, para ouvir a exposição, pela mineradora Vale S/A, da condição de suas estruturas que se encontram em algum nível de emergência nessa região.


O assunto havia sido pauta do coletivo em 26 de outubro, quando várias empresas do ramo levaram informações sobre o estado de seus barramentos e providências de segurança. Na ocasião, Poliana Valgas, presidenta do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), pediu “um segundo momento exclusivo para o Velhas”. Valter Vilela, coordenador do GT, concordou, “aguardando apresentação da Vale o mais breve possível, concentrada no Alto Velhas”.

13 barragens em nível de emergência

Um time de técnicos encarregados da estabilidade dos barramentos participou do encontro. Raphaela Teixeira abriu as explanações informando que a empresa possui 13 estruturas em nível de emergência na região, sete delas em processo de descaracterização.

Sobre a barragem B3/B4, da Mina Mar Azul, em Nova Lima, que chegou ao nível máximo de risco, reduzido para grau 2 neste início de mês, a previsão é de que a descaracterização seja alcançada em meados de 2025. Hoje, 57% das obras estão concluídas por operação remota, com destaque para a remoção de rejeitos.

Na Barragem 5, da Mina da Mutuca, foram feitas intervenções de preparação para as chuvas e o Fator de Segurança, de 1,4, é ligeiramente inferior ao preconizado pela legislação, razão do nível 1 de emergência.

No complexo da Mina de Fábrica, a barragem Forquilha III (Itabirito) continua em nível máximo de risco. Segundo o técnico Sérgio de Rezende, “a gente não acessa ainda, continua a fase de implantação, o acesso está para ser retomado por helicópteros”. Hoje as ações se dão com equipamentos não tripulados e o desassoreamento do reservatório, para evitar o acúmulo de águas de chuva, é executado por equipamento anfíbio não tripulado.

Ele ainda detalhou procedimentos de preparação para as chuvas na Barragem de Grupo, entre eles investimentos para a melhoria do bombeamento e desvinculação de cavas antes ligadas ao mesmo reservatório, atualmente em nível 2 e em fase de testes para o projeto de descaracterização.

A descaracterização em andamento de Forquilha I e II, antes acessadas somente por drones e helicópteros, volta a ser operada pelo modo convencional, após autorização do Ministério Público.

Rezende garante que “não há qualquer disposição de material nessas barragens, todas com operações interrompidas, e que o aporte é só de água de chuva”.
O planejamento de descaracterização aponta o fim de 2024 para a conclusão na Barragem Área 9 e o início de 2025 para a de Grupo. Já as Forquilhas, somente em 2035.



Vargem Grande

Como no caso anterior, diversas minas e barragens integram o complexo. O reservatório da Mina Abóboras está em nível 1 e recebe intervenções para regularização, de modo a evitar pontos de acumulação de água. Esse tratamento de fundo está, segundo o técnico, com 83% concluído e não houve alteração na drenagem do maciço. A descaracterização começa em abril em 2023, com término previsto para 2027.

O Dique B, da Mina Capitão do Mato, recebe obra para adequar galerias e canais de desvio. Em janeiro começa a dragagem e a adequação a montante do dique. A expectativa é zerar o nível de emergência em 2025. Com 1,8 milhão de m3 de rejeitos, a estrutura foi objeto de retaludamento. Espera-se voltar ao nível zero já no início do próximo ano.

No barramento de Peneirinha, também da Mina Capitão do Mato, em nível 1, o geotécnico Alexandre Sanches
informa que “a estrutura, paralisada, só recebe contribuição pluvial” e está em “processo de fechamento”. Construída na década de 1970, terá “sondagem em dezembro”. A conclusão é planejada para 2025.

Douglas Tostes, técnico responsável pela barragem Maravilhas II, na Mina do Pico, hoje em nível 1 e método construtivo a jusante, explica que “o reservatório está paralisado e interditado desde 2019, e não recebe mais rejeitos”. Com 87 metros de altura e volume de 90 milhões de m3 acumulados, “não possui DCE” [Declaração de Condição de Estabilidade].

De acordo com Tostes, foi realizada “manutenção corretiva de desplacamento no talude e instalado novo sistema de drenagem”. Em execução, “um novo vertedouro e reforço no maciço em projeto básico, para retomar a segurança”.

Ao fim da reunião, Mauro Rezende, conselheiro do CBH Rio das Velhas pelo Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (SINDIEXTRA) e funcionário da Vale, ressaltou que o GT Barragens tem “importância e repercussão muito grandes dentro do CBH”.

Os conselheiros Valter Vilela, pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), e Nelson Guimarães, pela Copasa, também membro do GT, elogiaram e agradeceram a apresentação e afirmaram que ela “traz mais tranquilidade”.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Paulo Barcala
*Fotos: Leo Boi