“Deixem o Onça” pede por saneamento no Ribeirão Onça com meta de nadar, pescar e brincar no curso d’água

23/06/2020 - 10:17

A saúde, um dos assuntos mais noticiados no mundo nos últimos meses por causa do novo coronavírus, em especial no Brasil que vive o avanço da pandemia, também é motivo de preocupação quando se trata de falta de saneamento básico. Falar em saneamento é também pensar no que deve ser feito com o esgoto, o assunto que se tornou o foco do “12º Deixem o Onça Beber Água Limpa”, evento que acontece até o dia 4 de julho e tem como tema “100% de coleta, interceptação e tratamento do esgoto no Ribeirão Onça já! – Sanear é preciso, porque viver é preciso”.

Com as chuvas que atingiram Belo Horizonte no início do ano, o problema com a falta de tratamento de esgoto do Ribeirão Onça se tornou a situação mais grave. “Esse tema ficou muito forte para nós do Movimento. Em decorrência das chuvas fortes, vários interceptores foram rompidos na margem do ribeirão, trazendo sérias consequências. O que era recorrente no Onça se intensificou”, explica a moradora do Baixo Onça, Maria Luisa Lelis Moreira, psicóloga social e ambiental que integra o Movimento Deixem Onça Beber Água Limpa e é conselheira do Subcomitê Ribeirão Onça, do CBH Rio das Velhas.

Com o desafio de transformar um evento que tem como ponto forte a mobilização e participação social, em 2020 o “Deixem o Onça” teve que migrar para o ambiente virtual, em respeito as medidas de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (Comupra), idealizador e realizador da ação, preparou uma programação que traz ao debate temas como o saneamento do Ribeirão Onça, as ações comunitárias que contribuem para as transformações socioeconômicas e ambientais e o protagonismo das escolas públicas do Baixo Onça.

O evento também lança a Meta 2025 e reforça os cinco pontos de reivindicação do movimento:

● 100% de interceptação e captação de esgoto do Ribeirão Onça, recuperação das margens e proteção das nascentes;
● Construção do novo acesso ao bairro Ribeiro de Abreu e região para possibilitar e melhorar o trânsito entre os bairros circundados pelo Ribeirão;
● Municipalização da MG-20;
● Construção do Parque Ecológico Ciliar do Ribeirão Onça;
● Implementação do Plano de Relocalização de famílias e negócios inseridos nas manchas de inundação do Ribeirão Onça;

Segundo Maria Luisa, a realização do evento online está possibilitando atingir um maior número de pessoas do que no evento presencial. “Talvez seja uma oportunidade de ampliar o público. De chamar a atenção e ter a participação de outras pessoas que, necessariamente, não teriam tempo ou condições de fazer o deslocamento para participar de um evento físico. Então, a gente percebeu uma sensibilidade maior das pessoas em participar”, explica.

Para o coordenador do Subcomitê Ribeirão Onça, Eric Machado, “o evento é importantíssimo em várias esferas, tanto por mostrar a potência da comunidade em realizar uma ação deste porte e com a sua cara, como também por demonstrar a importância de organizações que dão voz para aqueles que devem realmente falar”.

Apoiador do evento, o CBH Rio das Velhas, além de atuar nas reuniões, colaborar na divulgação e na cobertura jornalística, este ano o presidente do comitê, Marcus Vinícius Polignano, fez uma proposta durante a abertura do evento, realizada no dia 13 de junho. De acordo com ele, a proposta é que CBH Rio das Velhas, o Subcomitê Ribeirão Onça e, em especial, a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), identifiquem todas essas falhas, que inclusive são apontadas pelo Comupra, para ter como meta resolver a essas situações a curto prazo.

Segundo Polignano, a luta dos envolvidos no Movimento é um exemplo de como a sociedade é importante para recuperação e proteção das águas e do meio ambiente. “Nós não vamos conseguir mudar política pública nenhuma se a sociedade não estiver efetivamente presente cobrando e o movimento do Deixa o Onça Beber Água Limpa é um exemplo de persistência, de foco, de determinação de todo esse grupo”, aponta.

Luta que a moradora Maria José Zeferino, a Majô, sabe bem o valor. Oficineira e mobilizadora do Comupra e do Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa, ela vive há 65 anos próxima ao ribeirão, curso d’água tomado pelo esgoto que lembra ter brincado e nadado durante a infância. “Quando tinha nove anos eu nadei no Ribeirão Onça. Eu e meus irmãos atravessávamos o ribeirão passando pela água. Não tinha ponte. As vezes tinha uma pinguela e, se chovia muito, a água levava. A água batia até na cintura”, lembra a moradora. “É muito triste pensar que você nadou e ver que seus netos hoje não podem nem passar perto.”

Majô conta que as pessoas frequentavam o ribeirão nas décadas de 1960 e 1970. “O pessoal vinha das cidadezinhas, Santa Luzia, Jaboticatubas, Taquaraçu, para vender seus produtos em feirinhas, faziam piquenique e nadavam”. Quando perguntada sobre o que queria para o Ribeirão Onça, ela responde: “O que eu queria era isso. Poder nadar, pescar, fazer piquenique, levar meus netos, fazer jogos de areia na prainha, futebol de areia, vôlei de areia. Seria muito bom brincar na beira do rio, nadar e pescar”, completa.

Para acompanhar os próximos encontros, veja programação completa e acesse o Google Meet para participar.


Veja fotos das edições anteriores do evento: 


Você também pode assistir ou rever os encontros e rodas de conversas que já foram realizadas no evento:

13/06/2020 – Abertura do 12º Deixem o Onça Beber Água Limpa
Breve Histórico dos eventos anteriores, contextualização do tema e fala dos parceiros do Movimento. Assista: Parte 1 e Parte 2

20/06/2020 – Roda de Conversa – Saneamento no Onça é questão de saúde pública. Assista aqui


Confira a programação do evento: 


Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Michelle Parron
*Foto: Michelle Parron e Ohana Padilha