Subcomitê Ribeirão da Mata comemora 100ª reunião com histórico de atuação

30/08/2021 - 12:29

Uma região que foi ocupada pelos seres humanos há mais de 12 mil anos. A bacia do Ribeirão da Mata é complexa, mas tem uma população engajada na conservação e revitalização do território. Em clima de comemoração, a 100ª reunião ordinária do Subcomitê Ribeirão da Mata foi realizada no dia 26 de agosto, de forma virtual, e foi um momento de os membros celebrarem as conquistas e debaterem os desafios futuros. Participaram representantes do poder público, usuários de água e sociedade civil da atual composição do Subcomitê Ribeirão da Mata e outros que já fizeram parte dessa história.

A bacia hidrográfica do Ribeirão da Mata compreende os municípios de Capim Branco, Confins, Esmeraldas, Lagoa Santa, Matozinhos, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, São José da Lapa e Vespasiano. A nascente do Ribeirão da Mata está localizada no Pico da Roseira, com 1.011 metros de altitude, na região de Matozinhos. A bacia localiza-se na margem esquerda do Rio das Velhas abriga uma rica biodiversidade com áreas de preservação ambiental. Entretanto, a região sofre com a urbanização desordenada, o parcelamento irregular para o uso e ocupação do solo em áreas rurais e as atividades industriais, especialmente as minerárias.

A coordenadora-geral do Subcomitê Ribeirão da Mata, Germânia Florência Pereira Gonçalves, representante da Prefeitura de Pedro Leopoldo, relembrou que este foi um dos primeiros Subcomitês na estrutura do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas). “Estamos aqui para comemorar e apontar os desafios que ainda temos pela frente. O Subcomitê Ribeirão da Mata foi criado em 2006, um dos primeiros. Desde então, temos atuado de forma ativa, buscando as melhores soluções para a preservação e revitalização do nosso território. Vale lembrar que somos voluntários e trabalhamos, incansavelmente, pelo meio ambiente”, destacou.

O primeiro coordenador-geral do Subcomitê Ribeirão da Mata, José de Castro Procópio, morador da região, destacou que o Ribeirão da Mata está inserido em uma área calcária conhecida internacionalmente como Carste de Lagoa Santa. “Foi aqui que o naturalista Peter Lund desenvolveu importantes pesquisas nas áreas da arqueologia e paleontologia, onde levantou pela primeira vez a hipótese da coexistência do homem com os grandes mamíferos extintos. Trata-se de um dos mais importantes conjuntos da pré-história humana do planeta. E não é só isso. O manancial está inserido neste espaço que tem uma das maiores biodiversidades da bacia do Rio das Velhas”, disse.

Procópio de Castro também explicou que o solo da região é altamente frágil, sujeito a riscos geológicos como afundamentos e por sua alta permeabilidade de fácil contaminação do lençol de águas subterrâneas. “No entanto, ao invés de ser preservada o que temos visto é que a bacia tem sofrido com a instalação de grandes empreendimentos imobiliários, mineração e a falta de investimentos em saneamento básico. O resultado de tudo isso é um rio com volume de água diminuído, assoreado e poluído”, acrescentou.

O Ribeirão da Mata é um dos principais poluidores da Bacia do Rio das Velhas, pois recebe esgoto e efluentes industriais sem tratamento de quase todos os municípios e distritos da região. Em seu curso também são encontrados entulho e animais mortos.

Atuação do Subcomitê

Com a criação do Subcomitê Ribeirão da Mata, a gestão da bacia foi aprimorada. “Temos contribuído para uma gestão mais eficiente da bacia. O Subcomitê representa uma oportunidade para participação social nas discussões e decisões relacionadas aos recursos hídricos”, afirmou a pesquisadora e membro do Subcomitê Ribeirão da Mata, Cláudia Barbosa.

Por meio do Subcomitê Ribeirão da Mata, o CBH Rio das Velhas, tem investido recursos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos em ações, projetos, estudos e obras em prol da melhoria ambiental da bacia. Antônio Calazans, responsável pela Área de Preservação Ambiental (APA) Carte de Lagoas Santa pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), destacou a importância do estudo contratado para mapear os corredores ecológicos da UTE Carste e Ribeirão da Mata.

A bacia do Ribeirão da Mata e Carste têm várias Unidades de Conservação. Recentemente, foi contratado pelo CBH Rio das Velhas um estudo para realizar o mapeamento de corredores ecológicos nas UTE Ribeirão da Mata e Carste que é uma grande conquista para a preservação da região. O mapeamento permitirá buscar o ordenamento do território, a adequação dos passivos ambientais e proporcionará a integração entre as comunidades e as Unidades de Conservação, com a valorização da biodiversidade e as práticas de desenvolvimento sustentável”,
Antônio Calazans, APA Carte de Lagoas Santa.

 

O mapeamento dos corredores ecológicos bem como todos os projetos do CBH Rio das Velhas podem ser acompanhadas pelo sistema Siga Rio das Velhas.

 


Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio